Com escala na TV paga, profissionais começam a se dedicar mais à produção de séries

"Há dez anos, para trabalhar com TV, você ia na Globo. Depois veio a onda das séries, mas alguns canais começaram a investir só agora. Estamos longe da velocidade de cruzeiro de uma indústria de séries", disse Claudio Torres, diretor e sócio da Conspiração em um debate sobre criação e produção de séries de TV durante a Semana ABC, que acontece na Cinemateca, em São Paulo. Para o diretor da série "Magnífica 70", coproduzida com a HBO, os valores pagos ainda são baixos, o que não inviabiliza a produção, mas é preciso se adequar às possibilidades. "Quanto mais cedo se falar em dinheiro, mais rápido dá para começar a desenvolver o roteiro correto e a produção correta para cada orçamento", diz o diretor. Essa conversa sobre orçamento, diz a diretora de conteúdo da Turner, Silvia Elias, "tem que ser franca". Segundo a executiva, algumas produtoras em início de carreira acabam tentando assumir a responsabilidade de produzir algo por um valor muito baixo para o que está no roteiro. "Nós (executivos de TV) somos pessoas de produção também. Lemos o roteiro já calculando o custo. A gente sabe que não dá para fazer por aquele valor", diz.

Wellington Pingo, diretor de produção e produtor executivo que hoje trabalha na série "A Lei", produção da Intro com a Turner, destaca o papel de um produtor executivo atuando desde a criação de um projeto, para evitar surpresas de custo. "O produtor estar no desenvolvimento do projeto é importante para apontar o que é viável e o que não é. A planilha de Excel aceita tudo. Mas o produtor tem vivência de set e pode ajudar com ideias para viabilizar o que foi criado", explica.

Tempo

O diretor Fábio Mendonça, que dirigiu as séries da franquia "Destino", coprodução da O2 com a HBO, conta que, entre a aprovação e a produção da primeira série, a "Destino São Paulo", passaram-se três anos. Hoje, diz esse período de desenvolvimento já caiu para dois anos, diz, após a produção de "Destino Rio de Janeiro" e "Destino Salvador". "Acho que esse é o tempo necessário mesmo. Não dá para estruturar e desenvolver um roteiro de série em menos de um ano. Depois vai um ano de negociações, contrato, dinheiro, pré-produção etc".

Claudio Torres concorda que o tempo de maturação de um roteiro não pode ser encurtado. Segundo o diretor, o tempo de desenvolvimento  da primeira temporada de "Magnífica 70" foi de dois anos. Já a segunda temporada ficou pronta em apenas um ano. "Descobrimos que não é tempo suficiente. Agora estamos indo para terceira, mas reservamos um período de 18 meses", diz.

Torres diz que esse tempo longo de trabalho trouxe uma estabilidade que o setor de produção não propiciava. "Uma boa série tem pelo menos três temporadas, que é quando começa a ganhar um 'peso gravitacional'. Quando você começa, já tem que pensar numa estrada mais longa, em um trabalho de cinco ou seis anos", diz. "Agora, a gente tem emprego", brincou o diretor.

Apesar do longo tempo de maturação do conteúdo, o prazo de produção continua apertado. É o que diz o diretor de fotografia Rodrigo Monte, que também trabalha em "Magnífica 70", que aponta que falta prazo para encontrar locações. Para Wellington Pingo, isso também está relacionado ao orçamento. "É estranho ter três anos para preparar e tão pouco tempo para a produção. Mas isso é por que é muito caro filmar. Sempre tem que cortar coisas importantes previstas lá atrás", diz. "Quando o orçamento foi fechado, os valores eram outros, por causa da inflação", completa Silvia Elias, da Turner.

1 COMENTÁRIO

  1. Produções brasileiras estão actualmente a ser impulsionado pelo bom conteúdo.Eu acho que Magnifica 70 é uma série muito bem estruturado coloca você na década de 70 épicas em São Paulo, Brasil; a ditadura militar, onde o filme era independente e não podia tocar temas tabus; Ele nos leva ao cinema chamado Boca de Lixio. O protagonista da série, Vincent, funciona em relatos de filmes que têm de censurar, (aqui mais detalhes da história http://br.hbomax.tv/movie/TTL607353) uma vez assistindo a um filme e está chocado com a estrela, levando-o a Boca de Lixio e onde começou a trabalhar como diretor na produção Maginfica cinematografica. É uma série proposta diferente, no entanto eu acho muito interessante.

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