O bloqueio de sites e aplicativos pode gerar efeitos indesejados, como a indisponibilidade de serviços legítimos, um cenário que, segundo a empresa de infraestrutura de Internet Cloudflare, já ocorre na Europa devido a ações similares. No Brasil, a Ancine e a Anatel deram início a uma cooperação técnica para combater a pirataria de conteúdo audiovisual por meio do bloqueio de endereços na rede, o que traz o debate europeu para a realidade nacional.
A medida conjunta entre as agências brasileiras prevê que a Ancine identifique e determine o bloqueio de aplicações e sites que distribuem conteúdo de forma ilegal, enquanto a Anatel se encarrega de comunicar as ordens às prestadoras de telecomunicações. A iniciativa amplia o escopo do combate à pirataria, antes mais focado em aparelhos de TV box.
Contudo, a execução de tais bloqueios enfrenta desafios técnicos. Uma reportagem do portal português Pplware destaca as críticas da Cloudflare, uma das maiores provedoras de redes de distribuição de conteúdo (CDN) e segurança do mundo, às ordens de bloqueio na Europa. A companhia afirma que as autoridades do continente "não sabem como funciona a Internet".
O principal argumento da Cloudflare, conforme a publicação, é que os bloqueios frequentemente miram endereços de IP de sua rede, que são compartilhados por múltiplos clientes. Como resultado, ao tentar derrubar um serviço de IPTV pirata, a ação pode acabar por indisponibilizar inúmeros sites e aplicações legítimos que utilizam a mesma infraestrutura. A empresa de tecnologia aponta que essa abordagem já causou "interrupções generalizadas em sites não relacionados com pirataria" na Europa.
A situação é agravada quando as restrições atingem serviços fundamentais para a operação da Internet, como o DNS público e as redes privadas virtuais (VPNs),alerta a Cloudflare.