As grandes executivas da Paramount, Maria Angela de Jesus, Diretora Sênior de Produção de Conteúdo, e Tereza Gonzalez, Head de Desenvolvimento de Ficção Panregional na Paramount, comandaram um painel no RioMarket, área de negócios do Festival do Rio, nesta terça, 11, no qual falaram sobre os projetos desenvolvidos para o Paramount+ e o trabalho de atuação da plataforma de modo geral neste pouco mais de um ano e meio desde seu lançamento em solo nacional, em março de 2021.
Um dos destaques atuais do portfólio é “Funkbol”, disponível no serviço desde a última segunda, 10. A série reúne jogadores de futebol e artistas de funk em encontros que geram conversas sobre carreira, dificuldades, preconceitos e racismo, valorizando as histórias de sonhos dos garotos da periferia que se antes sonhavam em ser jogadores de futebol, hoje também podem sonhar em se tornar MCs de funk. A música da série foi composta por MC Livinho com exclusividade para a produção. O clipe da canção, inclusive, será lançado no canal do KondZilla no YouTube – ele, aliás, é um dos grandes parceiros do Paramount+ atualmente. “Quando trazemos o KondZilla pra perto, ou criamos outras parcerias do tipo, abrimos os caminhos para a visibilidade dos conteúdos desse universo de streaming, onde todo dia tem lançamento. O ‘Funkbol’ vem muito desse pensamento de ampliar parcerias com outras janelas para competir nesse cenário”, contou Tereza.
Produções documentais ganhando espaço
O conteúdo é um exemplo de produções documentais que fazem sentido no escopo da Paramount+. “Começamos com o documentário do Adriano Imperador, que foi um sucesso. Existem algumas razões que fazem do documentário um conteúdo importante no streaming. Como o tempo – conseguimos produzir mais rapidamente e, como o streaming está sempre procurando novos conteúdos, conseguimos alimentar mais rapidamente. Isso não funciona com todos os documentários, mas normalmente é assim. Além disso, a Paramount agora tem um braço de esporte, então o documentário vem organicamente nesse movimento”, analisou Tereza.
“O documentário do Adriano nos mostrou que é possível furar a bolha dos fãs de esporte mesmo com produções inicialmente feitas para eles. Esse é um exemplo de documentário mais emocional, que é menos sobre o esporte em si e mais sobre o desafio, sobre a decisão que ele tomou de deixar tudo pra trás e voltar para as suas origens. Isso fala com muita gente e reforça algo que buscamos muito, que são conteúdos de impacto, que conversem com a audiência. Esse é o desafio de todo produtor de conteúdo, isto é, acessar as pessoas com as histórias. O caminho é autenticidade, originalidade e emoção”, definiu Maria Angela.
Relação com os criadores
As plataformas de streaming trabalham diretamente com os criadores das histórias, que normalmente chegam com seus projetos para apresentar aos grandes players. Para Tereza, no caso da Paramount+, a colaboração entre produção e desenvolvimento é muito íntima e caminha lado a lado: “O engajamento emocional que tanto buscamos nas obras só vem com o comprometimento daquele criador de conteúdo, é aí que a autoralidade ganha corpo. Por isso tem que ter tanta parceria com o criador. O mercado está encontrando isso”. Maria Angela completa: “Nosso papel é justamente incentivar e levar o criador cada vez mais pra frente, pensando junto em como melhorar o projeto, crescer, onde mexer pra florescer. Essa é troca é rica, é mais do que simplesmente imposição de ideias. Não são conversas unilaterais, a proposta é levar o criador cada vez mais longe dentro do conteúdo que ele está propondo”.
Nesse sentido, Tereza menciona que é importante que o criador esteja aberto a ouvir as opiniões dos players também: “É um momento de aprendizado para todo mundo. O processo é 50% para cada lado. Quem vai apresentar o projeto tem que ir de coração aberto. Às vezes o projeto é maravilhoso, mas não é ideal para aquela plataforma naquele momento. Além disso, uma ideia não é um projeto. Recomendo que se dê ‘um passinho antes’ para ter mais chances de dar certo. Às vezes, os projetos chegam muito crus, aí fica mais complicado para o diálogo. Minha sugestão é chegar com o projeto, e não só com a ideia”.
Próximos lançamentos
No pipeline de estreias, estão mais um especial de fim de ano do Porta dos Fundos, que desta vez terá o foco na figura do Papai Noel; a série de suspense policial “Cenas de Um Crime”, a série de ficção baseada na vida de Anderson Silva; “Escola de Quebrada”, longa produzido em parceria com o KondZilla; e a primeira adaptação audiovisual do livro “Marcelo, Marmelo, Martelo”, de Ruth Rocha. “Olhando não só para os nossos lançamentos, mas também para aquilo que já está na plataforma, vemos que tem infantil, suspense, policial, esporte… Abrimos bastante nosso leque nesse primeiro ano e temos conteúdos diversos. A partir daí, o algoritmo pode começar a nos ajudar a entender o que o público está consumindo. Vamos criando condições também de ajudar os produtores e criadores a afinarem os projetos para apresentarem para nós”, disse Tereza.
“São conteúdos diversos e diversificados também – esse é um ponto importante. E mais do que isso. Histórias negras, por exemplo. Nem todo conteúdo negro passa por questões sociais. Pode ser uma comédia, um terror. Ampliar também esse leque é muito importante, isto é, sair do foco do conteúdo social. Isso ajuda incluso a ampliar o alcance, porque aí fala com uma audiência maior ao mesmo tempo que atinge o público-alvo principal. É uma preocupação que sempre temos”, complementa Maria Angela.
Analisando tendências com cautela
As executivas ainda falaram sobre a importância de considerar as tendências com certo cuidado, uma vez que a produção não pode se render à “tirania das tendências”, como definiu Tereza: “No momento, por exemplo, só recebemos projetos de true crime, porque é o que está em alta. Mas temos que lembrar que levamos tempo até desenvolver e estrear o projeto – até lá, pode ser que a tendência seja outra. Não dá pra fazer conteúdo curto só porque é o que está bombando no digital. Isso já tem no YouTube e no TikTok. O Porta dos Fundos vai muito bem com os conteúdos curtos, mas é porque é da natureza deles, e não porque seja algo que funcione pra todo mundo. O caminho não é fazer o seu projeto caber em determinado formato só para seguir uma tendência”.
Nesse sentido, ela revelou que a Paramount acaba de comprar a novela “Pantanal”, da Globo, para exibir via streaming para os canais da América Latina. “É uma novela 100% brasileira e regional, dividida em 150 capítulos de cerca de 50 minutos cada. E tenho certeza que vai ser sucesso, assim como foi aqui. Falavam que a TV aberta ia acabar, que a novela não fazia mais sucesso, e esse exemplo mostrou que não é por aí. Então, mais uma vez: não é sobre tendências, e sim sobre conteúdos”, resumiu.