Barry Company aposta em modelos de negócio inovadores, novos talentos e projetos para o cinema

A Barry Company, produtora conhecida especialmente pela série "Impuros", da Fox, e pelo filme "Eduardo e Mônica" (foto), cuja estreia estava marcada para junho deste ano, no circuito nacional de cinema, filmou dois grandes projetos entre os meses de março e agosto de 2020: o reality "Bar Aberto", que está sendo exibido na Band, e o programa "Replay", que regravou as músicas do disco "Acabou, Chorare" dos Novos Baianos, com a TV Globo.

A produtora desenvolveu toda uma inteligência de produção para conseguir coordenar as equipes em segurança. Foram criados protocolos de biossegurança para que o trabalho fosse feito – incluindo, por exemplo, o confinamento de todos os envolvidos no projeto do "Bar Aberto" no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo, durante todo o processo de produção e de filmagens. Houve ainda uma implicação jurídica entre os integrantes – no contrato de cada um estava explícito que quem não seguisse as regras de uso de máscara de forma correta e confinamento, entre outras, seria afastado da produção e teria que pagar uma multa. O resultado foi o comprometimento total da equipe e dos participantes.

Nova estrutura e modelos de negócio inovadores

A produtora executiva Juliana Funaro, vinda da Primo Filmes, chegou à Barry como nova sócia com a missão de amplificar a audiência das produções da empresa e realizar projetos maiores. A chegada de Funaro foi simbólica e representou uma mudança de visão de negócio dentro da produtora. "Desde março de 2018, quando surgiram os primeiros problemas da Ancine com o TCU, realmente percebi que não iríamos mais conseguir produzir no modelo que estávamos acostumados. Além de eu apostar muito em coproduções internacionais, outra coisa que ampliamos bastante na Barry – e que ficou ainda mais forte agora na pandemia – é um modelo baseado no tripé produtora, marca e exibidor", conta a produtora executiva em entrevista exclusiva para TELA VIVA.


A produtora-executiva Juliana Funaro

O tal tripé ao qual Funaro se refere funciona da seguinte maneira: a Barry atua como produtora – e mantém e preserva os direitos da propriedade – um canal ou plataforma exibe o conteúdo e uma marca entra como investidora para fechar o negócio. É o caso, por exemplo, dos programas citados acima. No "Bar Aberto", o tripé é formado pela Barry, pela Band e pela Pernod Ricard. Já no "Replay", o acordo é entre Barry, Globo (e Som Livre, pertencente ao mesmo grupo) e a marca Devassa. E, segundo a produtora, já existem novos projetos nesse mesmo modelo encaminhados. "Os players já entenderam que, para nós, manter a propriedade é importante – e eles estão gostando desse novo modelo. As marcas também, já que o meio da publicidade também está em crise. Toda essa mudança faz com que a gente se una e tente um cenário diferente", pontua Funaro. René Sampaio, sócio-diretor da Barry, acrescenta: "É a capacidade de contar histórias em diversos formatos. Hoje, conseguir entreter tem um valor muito grande. O cenário está favorável para quem é produtor de bom conteúdo. O mercado está comprador".

Segundo Sampaio, a Barry sempre atuou tendo como base três pilares fortes: criação de ideias originais, aquisição de bons direitos e produção de qualidade. E desde a chegada de Funaro, instaurou-se certa curadoria criativa na produtora. "Tão importante quanto escolher bons projetos é dizer não para outros, saber onde botar energia", diz o sócio-diretor. Funaro desenvolve: "Os brasileiros, em geral, têm medo de negar coisas. A gente teve que se profissionalizar no sentido de ter uma postura como os gringos, que sabem dizer não para aquilo que não tem a ver com seu DNA. Não queremos engavetar nada – se for assim, preferimos devolver para o idealizador. Antes de seguir com um projeto, avaliamos muito bem o espaço que ele tem no mercado". Sampaio retoma: "Juntos, hoje buscamos roteiristas e diretores que queiram contar histórias com excelência. Queremos qualidade e criatividade, mas nunca perdendo o foco da audiência". Como exemplo de cases nesse sentido, ele cita "Impuros", "Eduardo e Mônica" e "Faroeste Caboclo". No entanto, ele complementa: "A porta agora está estreita para projetos porque eles precisam ter muito a ver com o nosso DNA, ser algo que vamos poder dedicar nossa energia. Se já temos algo parecido no portfólio, por exemplo, não tocamos".


O sócio e diretor René Sampaio

Investimento em novos talentos

A equipe da Barry deixa claro o interesse em buscar e apostar em novos talentos do audiovisual – valorizando, especialmente, novas narrativas e a diversidade. "Isso é muito importante para a produtora. Eu venho desse grupo de mulheres que tenta equalizar os gêneros dentro das produções nacionais. Para mim, pessoalmente, é de extrema importância ter uma equipe diversa e inclusiva. É uma batalha minha capacitar mulheres e trazer à tona mulheres competentes", salienta Funaro.

Para Sampaio, é bastante positivo que a produtora hoje consiga atrair profissionais bacanas para perto: "Quando nos posicionamos no mercado com uma boa energia de trabalho, coisas boas gravitam à nossa volta. As pessoas começam a mandar projetos, a nos procurar para parcerias. E também temos uma equipe bem antenada com os festivais, então temos profissionais que chegam dessa gravidade e outros de conexões. Faz muito sentido pra mim prestar atenção nos festivais de curtas-metragens, por exemplo. Eu vim do curta, sei que ali tem muita gente talentosa". Um desses novos talentos nos quais a Barry aposta é o diretor Matheus Souza, de "Apenas o Fim" e "Ana e Vitória". Em breve, Souza fará sua estreia como autor de série com produção da Barry. Ele também é um dos roteiristas do filme "Eduardo e Mônica".

Funaro explica que, em geral, a produtora busca equilibrar nomes importantes e consagrados com novos talentos dentro de seus projetos: "A gente avalia muito a situação do audiovisual hoje. Com toda essa crise, os novos não têm espaço. Não existem mais editais específicos. Claro que os grandes encontram espaço nas plataformas, mas os que estão começando se perdem. Muitas vezes, tentamos empacotar, juntando um roteirista de prestígio com um diretor iniciante, por exemplo".

Projetos futuros

A lista de próximos projetos da Barry é extensa. Para a TV e o streaming, os destaques são a terceira e quarta temporadas de "Impuros" (em pós-produção e em negociação, respectivamente) e novas temporadas de "Bar Aberto" e "Replay", também em negociação. Já entre os longas-metragens, as produções são "Táxi para Cisjordânia", de Sandra Kogut, em coprodução com a Primo Filmes, e "Aurora", de Karim Aïnouz.

Há ainda o longa "Eduardo e Mônica", coprodução com a Gávea Filmes dirigida por René Sampaio inspirado na icônica música homônima de Renato Russo que espera a reabertura dos cinemas para ser lançado – a data inicial prevista era 12 de junho de 2020. "O filme vem sido exibido em festivais internacionais, mas declinamos festivais online para que ele não corresse o risco de ser pirateado. É um filme que tem essa energia de cinema, do coletivo, de massa. É o que tem a ver com o Legião Urbana, inclusive. Não fazia sentido não dar essa chance ao filme, é um dos mais aguardados. Claro que recebemos propostas tentadoras do streaming mas, no final, prevaleceu a decisão artística e comercial. Só vamos lançar quando as pessoas puderem aglomerar. Agora, pra nós, não faz sentido. Quem sabe no próximo Dia dos Namorados?", conclui Sampaio.

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