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Gigantes do streaming se unem em associação

Luízio Felipe Rocha, diretor executivo da Strima. (Foto: Divulgação)

A Strima, nova associação que reúne cinco dos principais serviços de conteúdo audiovisual do país – Disney+, Globoplay, Max, Netflix e Prime Video – se apresenta oficialmente ao mercado nesta quarta, 12 de março. A Strima nasce com a missão de promover um diálogo institucional entre os diversos atores do setor de entretenimento e o poder público brasileiro. Segundo a entidade, o objetivo é fomentar políticas públicas e parcerias que incentivem investimentos contínuos no audiovisual nacional, garantindo aos consumidores uma oferta cada vez maior de conteúdos diversificados e de alta qualidade.

Luízio Felipe Rocha, advogado com experiência no cenário político e regulatório brasileiro, cuja trajetória se consolidou na interseção entre governo e setor privado, está à frente da associação como diretor executivo. Em entrevista exclusiva para TELA VIVA, ele detalhou a criação da iniciativa: “A Strima nasce nesse contexto onde as plataformas de streaming, cada vez mais atuantes no Brasil, estão fortalecendo o audiovisual do país. Com essas cinco plataformas fundadoras, temos como missão trabalhar com políticas públicas que perpassem o audiovisual para que elas levem em consideração as particularidades e peculiaridades do modelo de streaming. É importante ressaltar que o streaming é peça fundamental do ecossistema audiovisual hoje, sendo um verdadeiro propulsor e agente de atuação positiva. Nesse cenário, os associados se unem nesse trabalho conjunto para ter um porta-voz que os represente especificamente nesse segmento”. Rocha explicou que, apesar de algumas empresas que compõem a associação terem outras linhas de negócio dentro do próprio audiovisual, ou até em outras áreas, e assim serem representadas em suas devidas associações setoriais, em outros ambientes de discussão, a Strima se limita ao streaming, com esse papel de ser porta-voz oficial nos debates do mercado.

A atuação da associação, que tem um escritório físico em Brasília, é 100% voltada para o Brasil. A iniciativa é dos serviços de streaming que, apesar de não serem brasileiros – com exceção do Globoplay – têm forte presença no país. Por meio da Strima, as plataformas passam a se posicionar conjuntamente para construir um espaço de diálogo institucional e propor discussões em torno de assuntos de interesse do segmento de streaming audiovisual. “Os membros fundadores entenderam que esse momento, com o streaming se firmando cada vez mais como catalisador de investimentos no audiovisual nacional e a crescente necessidade de se discutir políticas públicas que vão balizar toda essa atuação, era o ideal para a criação desse movimento conjunto, com uma associação que olhasse para esse segmento e viesse com esse propósito de dialogar com os diversos atores do audiovisual e seus diversos níveis de atuação. É necessária essa voz nesse momento, e sempre com essa visão conjunta que visa o fortalecimento do audiovisual no Brasil”, detalhou o diretor.

Para ele, o trabalho se dará a partir de uma construção contínua. A associação se articula há alguns meses, mas ainda não houve nenhum tipo de interlocução oficial. “Estamos nos apresentando ao mercado agora para que saibam que o diálogo está aberto e que o espaço está criado”, ressaltou.

Impacto regulatório 

Hoje, é impossível falar em políticas públicas que perpassem a indústria do streaming sem pensar na regulamentação. Rocha afirma que a Strima reconhece a importância desse debate e a evolução que ele já teve e, nesse sentido, define que a principal missão da associação é construir e criar um espaço para consenso. “Vamos trabalhar na construção de um diálogo. Lembrando que necessitamos levar em consideração algumas questões, principalmente os mais diversos modelos que temos de streaming, as diversas estruturas que temos do negócio, mas também questões econômicas do Brasil. Quando falamos em regulamentação, não adianta apenas importar um modelo que tenha sido feito em outro país. São realidades completamente diferentes – econômica, tributária – essa ainda recém-aprovada e muito mais recente. Sabemos o quanto isso afetará os serviços como um todo. A base de tributação aumentará”, pontuou.

Para além disso, ele reforça a importância de uma análise de impacto econômico para que essa discussão seja mais concreta. “E, principalmente, que a gente leve em consideração a proporcionalidade de regulamentações e outros quesitos também que queiram utilizar de outras janelas e outras áreas do audiovisual. São questões que temos que debater”, completa.

Questionado sobre quais pontos-chave uma eventual regulamentação do streaming deveria ter de acordo com as plataformas, o diretor defendeu apenas que o debate precisa ser fundamentado em análises. “Hoje, não temos essa análise de impacto tributário e econômico. O cenário foi alterado muito rápido, tivemos uma reforma tributária há pouco tempo. A economia ainda está fazendo as contas. Precisamos de dados concretos”. E enfatizou: “A Strima está aberta ao diálogo, e que ele seja em busca de consenso. Entendemos a importância do tema e a evolução que ele já teve, mas é uma evolução que foi acompanhando o próprio mercado. Os textos de ambas as casas foram se atualizando com a atualização do mercado. Temos diversos modelos que precisam ser equilibrados quando falamos em regulamentação”.

Esse consenso ainda não é uma realidade. Há desafios e dificuldades no sentido de acordos entre plataformas, produtoras e governo. Segundo Rocha, é essencial que os elos dessa cadeia entendam como manter um ambiente que seja positivo para o contínuo fortalecimento e desenvolvimento do audiovisual no Brasil de forma que todos cheguem nesse ponto em comum, para fazer isso em conjunto mesmo. “Sempre lembrando que a gente busca políticas públicas que reflitam essa continuidade de investimentos, capacitação e experiências relevantes para o consumidor, além da variedade de conteúdos nos serviços”.

Para a associação, também é importante que o ambiente regulatório considere a internacionalização dos títulos brasileiros. “Os streamings hoje são grandes propulsores da economia: investem em diferentes tipos de conteúdos, gêneros e formatos. Há diferentes modelos de negócio e o streaming está aí como uma grande janela de visibilidade para o conteúdo brasileiro não só no Brasil, mas lá fora também. Por isso pensamos em políticas públicas que levem a um investimento contínuo para isso, para que a cultura brasileira também consiga viajar o mundo. Esse é um ponto de oportunidade”, diz o diretor.

Herança de continuidade

Analisando a demora do país para regulamentar o streaming, Rocha avalia que não seria bom “legislar para frente”, isto é, olhando para o futuro do mercado, uma vez que isso poderia travar seu próprio desenvolvimento. “O Brasil viu o mercado de streaming nascendo, crescendo e se desenvolvendo, e deu espaço para esse ambiente ir se acomodando. Uma legislação antecipada poderia ter impedido a criação do ambiente que a gente quer – e que temos hoje – e que é positivo em termos de continuidade de investimentos e de troca. Os serviços de streaming e a produção nacional independente têm essa troca de experiências, não só em termos econômicos, mas também de experiência de produção. Esse ambiente é positivo para a economia e para o audiovisual”, reflete. “A regulamentação ainda está em discussão porque ainda temos espaço para evolução e para a criação desse consenso. Precisamos fazer isso de forma a garantir sua continuidade“, acrescenta.

O diretor reforça que o mercado mudou muito, e muito rápido. Para ele, se a regulamentação tivesse sido feita há dois anos, já estaria defasada – e não garantiria essa continuidade, que é tão cara ao setor. “É só pensando dessa maneira que conseguimos trabalhar. Quando criamos um consenso entre os atores, e com esse diálogo aberto, construtivo – porque não adianta a oposição pela oposição – conseguimos uma herança muito melhor no resultado, isto é, uma herança de fortalecimento do audiovisual, em que as histórias continuem sendo contadas, que os brasileiros continuem se vendo nas telas, com produções feitas por equipes brasileiras na frente e atrás das câmeras. Nosso maior foco é o fortalecimento do audiovisual por meio do diálogo e visando essa perenidade”.

Eventos

Para além dos debates no âmbito do governo, é do interesse da Strima estar presente nos eventos de mercado. “Nossa principal missão é o diálogo, e ele se constrói nesses ambientes também, definitivamente. São eventos que refletem necessidades e urgências do momento, o que o mercado vislumbra para o futuro”, afirma o diretor, que pretende também trabalhar em estrita colaboração com outras associações setoriais.

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