Estreia neste final de semana o programa “Mundo Selvagem de Richard Rasmussen”, no NatGeo. Em nove episódios, a atração acompanhará o biólogo Richard Rasmussen em uma expedição de três meses pelos estados do Pará, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre e Minas Gerais. A produção é da Green Planet, produtora nacional da qual Richard é sócio.
Cada episódio da série foi montado em cima de um conhecimento, mito ou lenda tradicional das regiões visitadas. O objetivo é mostrar as tradições e não, necessariamente, desmistificá-las. “Desenvolvemos a história sempre em cima de um conhecimento ou mito. A intenção não é desmistificar, até porque não sou eu que vou dizer para uma família que acredita que o boto engravidou a filha que isso é mentira”, disse o biólogo.
De acordo com Marcello Braga, diretor de conteúdo dos canais Fox, o investimento na produção é parte de um projeto do Nat Geo para ter mais entretenimento na sua grade. “Isso tem tudo a ver com o que a gente quer fazer no Nat Geo. Queremos passar informação e ser ecológico sem ser professoral e o Richard tem isso. A gente quer ser cada vez mais entretenimento”, disse. “Sempre trabalhei com entretenimento, não adianta ser chato na televisão, se não já estaria morto no mercado”, completou Rasmussen.
Para produzir o programa, a equipe de gravação da Green Planet fez uma expedição de três meses financiada pelo canal, passando por sete estados no caminho. De acordo com Richard, o principal desafio foi a logística da produção. “Levar esses equipamentos caros para um ambiente hostil e cheio de imprevistos é muito complicado. Perdemos duas câmeras no processo”, disse. Além disso, foi preciso lidar com o stress da equipe em uma viagem tão longa. De acordo com o biólogo, “é preciso saber o momento de dar um sossego à equipe. Não é fácil passar três meses no meio do mato longe de casa e da família”.
O ambiente imprevisível interferiu também na roteirizarão da produção. De acordo com Rasmussen, o roteiro de cada episódio serviu para dar uma ideia do que a equipe queria fazer, mas as mudanças no planejamento foram constantes. “É preciso trabalhar com que a natureza te dá. Em uma ocasião no pantanal mudamos até o nome do episódio porque tivemos a sorte de encontrar uma sucuri de seis metros”, disse. Segundo ele, foi feito um planejamento de quais animais a produção devia encontrar, mas ele nem sempre se confirmava. Os bichos serviram como uma ferramenta de narrativa, disse. “O animal prende a atenção das pessoas, sabemos disso. Ele é uma ferramenta, o ponto de partida para falarmos sobre assuntos que vão muito além”. Para garantir a precisão das informações passadas no programa, a equipe contou com quatro biólogos revisando o material editado.
“Mundo Selvagem de Richard Rasmussen” foi a primeira produção do biólogo para a TV paga. De acordo com ele, isso permitiu dedicar mais tempo aos episódios. “Na TV aberta eu gravo 52 quadros numa temporada, enquanto aqui foram nove episódios que consumiram três meses de expedição, fora a pós-produção. Isso seria impossível na TV aberta”, disse. Ele conta que a produção contou também com maior liberdade editorial, que permitiu exibir imagens mais fortes e abordar temas mais polêmicos que as produções para TV aberta. “Podemos explorar os assuntos com mais profundidade, sem muito corte e sem pensar muito quem é o público e se o telespectador vai estar jantando e não vai gostar de ver você vomitando. Isso é muito gratificante, eu ficaria triste de não mostrar algumas coisas que aconteceram e que não passariam na TV aberta”, disse.