"Nós não somos predadores, somos parceiros", disse o presidente do Google na Europa, Matt Brittin, em painel para profissionais de TV durante o IBC nesta sexta, 12, em Amsterdã. O executivo falou sobre três soluções da gigante online que, segundo ele, são a chave para esta parceria: o Chromecast, o Android, que começa a chegar às smart TVs, e o YouTube.
Brittin destaca que, embora as empresas deste setor já sejam algumas das maiores marcas do mundo, o universo online ainda está em fase bastante inicial, com muito espaço para crescimento. "Cerca de 2,5 bilhões de pessoas estão online. Isso quer dizer que a maior parte do mundo não está online. A transição (para uma conectividade globalizada) está acontecendo lentamente", diz o executivo.
Mesmo assim, a distribuição de conteúdo multiplataforma e sob demanda (VOD) se tornou essencial para a sobrevivência dos grupos de mídia televisiva.
O grande desafio do setor, diz Brittin, é receber uma compensação financeira para o multiscreen, além de questões técnicas, como ter o online na tela grande da TV de forma amigável e customizar os produtos para todos os tipos de dispositivos. Ele apontou ainda a necessidade de conquistar a audiência a ponto de tê-la como parceira.
Web na TV
No primeiro ponto, o Google começa a apostar agora no Android. "Mantemos o foco na experiência do usuário, criando um sistema operacional que pode ser customizado por qualquer fabricante. Se você é um fabricante de TV ou set-top box, ou um operador de TV paga, há muitas oportunidades aí", disse.
O presidente do Google na Europa disse que o Android já está sendo implantado por diversos fabricantes. Em relação à finada plataforma Google TV, Brittin diz que "aprendeu muito" com ela. "Naquele momento, nós não sabíamos muito sobre a experiência multiscreen. Eu não sei se o Android será o sistema operacional dominante, mas certamente será uma oportunidade de inovação para os desenvolvedores (de conteúdo)", disse.
Questionado sobre a possibilidade de usar a plataforma para concorrer com os consoles de games, Brittin disse que a ideia é "tirar a tecnologia do caminho, para que as pessoas possam fazer o que elas quiserem". É claro que os jogos são parte importante do Android nas outras plataformas e, segundo o Google, também terá um papel relevante nas TVs Android.
Multiscreen
Sobre o uso de diversas telas, Brittin chamou os canais a usarem o protocolo do Chromecast em seus aplicativos de VOD. Segundo ele, esta é a tecnologia que "torna o multiscreeen mágico". Através do dispositivo, usando aplicativos compatíveis com ele em dispositivos móveis, ou ainda acessando sites compatíveis em um computador, o usuário consegue facilmente "jogar" o vídeo para a tela da TV, garantindo vídeo com qualidade suficiente para tela grande. Para garantir a qualidade, o protocolo não faz uma transmissão do dispositivo para a TV, mas envia um comando para que o Chromecast busque o conteúdo adequado de forma online.
Audiência
Sobre a audiência, o executivo do Google disse que não é mais tão relevante quanto ter "fãs". Estes são os que vão ajudar a rentabilizar a presença dos canais no mundo online, ajudando a dar relevância e até produzindo conteúdo. "Os fãs ignoram os time slots. Eles querem contato com o conteúdo mais e mais", disse. Como exemplo, citou o formato da Freemantle "Got Talent", que conquistou milhões de fãs no YouTube, 7% deles de fora do território de exibição original. "Os fãs homenageiam o conteúdo. Para cada conteúdo colocado online, tem outros seis ou sete criados pelos fãs em resposta", diz.