Parâmetros técnicos para assegurar a convivência nos 700 MHz são "demasiado brandos", diz SET

Os testes realizados durante sete meses pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em convênio com a Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET), apontam que a introdução da banda larga móvel 4G/LTE na faixa de frequência de 700 MHz poderá, sim, causar interferências em milhões de televisores.

Para a SET, que divulgou os estudos nesta quinta, 13, a Resolução 625/13 da Anatel – que estabelece que o 4G ocupe a faixa de frequência de 700 MHz – especifica parâmetros técnicos "demasiado brandos" para assegurar a convivência entre o serviço de banda larga e o de TV aberta, que ficam em faixas vizinhas no espectro de frequências. A entidade enviou os resultados dos testes ao Ministério das Comunicações e à Anatel e apontou alguns pontos que considera fundamentais para mitigar a interferência entre os serviços.

O presidente da SET, Olímpio Franco, lembra que os receptores de TV que serão fabricados até 2018 não virão com filtros embutidos para a faixa do 4G, uma vez que a faixa ainda estará ocupada pelos canais de TV. " O legado previsto é de mais de 100 milhões de TVs sem filtro até o final de 2018", diz.

Principais medidas

Segundo Ana Eliza Faria e Silva, à frente do grupo SET de estudo das interferências LTE X radiodifusão, os filtros de recepção serão fundamentais para mitigar a interferência do LTE nos receptores de TV. No entanto, não resolvem o problema sozinhos. Segundo ela, o filtro degrada o sinal da TV, mas é um mal necessário. Os estudos do Mackenzie apontam que a interferência pode vir das torres LTE e dos próprios terminais móveis. No segundo caso, diz Ana Eliza, o filtro é pouco eficiente, pois a banda de guarda reservada para separar a radiodifusão da banda larga móvel é muito estreita.

Segundo a engenheira, todo o sistema de recepção montado na maioria dos lares não prevê esse tipo de interferência. Nos lares que usam antenas internas, o potencial de interferência pelos terminais móveis é muito maior. "A solução é a substituição por antenas externas, o aumento da banda de guarda para viabilizar a construção de filtros mais eficientes e a redução da emissão fora da faixa nos terminais de usuários", diz. Este último ponto poderia ser resolvido na homologação dos equipamentos, obedecendo parâmetros mais rígidos.

“A necessidade de reformular o parque doméstico de antenas de recepção implica  custos expressivos, que ainda precisam ser calculados, e num enorme desafio logístico. Também impõe aos profissionais da SET a responsabilidade de apoiar o desenvolvimento de profissionais e a especificação de equipamentos adequados a essa tarefa”, completa Olímpio Franco.

Segundo o presidente da SET, o custo estimado no Japão para a readequação de um sistema de antena coletiva é de aproximadamente US$ 500, incluindo o custo de mão de obra. No entanto, no Brasil, o uso das antenas coletivas não é tão difundido. A entidade estima que em São Paulo aproximadamente metade dos lares recebam os sinais da TV aberta por antenas internas. Neste caso, é necessário implantar todo o sistema de antena externa. "Resolver a interferência não será viável apenas deixando um filtro na porta das casas que estejam em zona de interferência das torres", destaca Ana Eliza.

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