Estreias e até produções são adiadas por conta do Coronavírus

O cinema já sofre consequências graves com a declaração de pandemia de Covid-19 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na última quarta-feira, 11. Entre as medidas de prevenção para que a a doença causada pelo Coronavírus não se alastre está uma série de adiamentos de estreias nas salas de cinema, com efeitos em toda a cadeia cinematográfica.

Entre os títulos internacionais, "007 – Sem tempo para morrer" teve sua estreia adiada de 8 de abril para 12 de novembro no Reino Unido e para 25 de novembro nos Estados Unidos. "Um Lugar Silencioso – Parte 2", "Pedro Coelho 2: O Fugitivo", "Mulan", "Novos Mutantes" e "Velozes e Furiosos 9" são alguns dos outros longas-metragens cujos lançamentos foram temporariamente suspensos. Já o novo "Missão Impossível" interrompeu as gravações já em andamento em Veneza, na Itália, que se tornou um dos principais epicentros da doença.

No Brasil, os cancelamentos começaram a ser anunciados nos últimos dias: a dupla de filmes sobre o caso Richthofen – "A Menina que Matou os Pais" e "O Menino que Matou Meus Pais" – está com as estreias, antes marcadas para 19 de março, canceladas e sem definição de nova data. Outros adiamentos de estreias nacionais são "Aos Olhos de Ernesto", "Boca de Ouro", "Helen", "Cravos", "Atrás das Sombras" e "No Gogó do Paulinho".

Marcelo Braga, da Santa Rita Filmes, produtora responsável pelos filmes sobre Suzane von Richthofen, declara: "Foi uma decisão dura a se tomar, mas acreditamos ser a mais certa diante do cenário nada tranquilo de avanço da pandemia do coronavírus. A distribuidora e a produtora acompanharão os acontecimentos futuros para definir, mais à frente, a nova data de lançamento dos filmes – que, dentro do mercado de cinema nacional, tudo indica que seria bem significativo". Braga afirma que não há previsão de estreia para os longas, mas que eles seguem com os lançamentos previstos ainda para 2020.

Gabriel Gurman, CEO da Galeria Distribuidora, que se responsabiliza pela distribuição dos filmes e que também assina a coprodução dos mesmos, acrescenta: "É um momento muito atípico numa escala global. Não só pelo tamanho, mas também pelas incertezas. Estamos com dois sets de filmagens de longas programados para iniciar em maio e também optamos por adiar. Ou seja, essa questão impacta não só nos lançamentos de agora, mas também no circuito mundial de cinema lá na frente".

Nesta sexta-feira, 13 de março, a produtora Casa de Cinema, de Porto Alegre, anunciou também o adiamento da estreia do filme "Aos Olhos de Ernesto", de Ana Luiza Azevedo, que estava marcada para 2 de abril. A este noticiário, a produtora da obra Nora Goulart, da Casa de Cinema, analisa a situação: "É uma questão de responsabilidade, o momento pede uma atitude radical no sentido de proteção. Assim, quem sabe, conseguimos conter de alguma forma o alastramento do vírus no Brasil. Independente do impacto financeiro – que sempre existe, é claro – é muito mais uma questão de saúde pública. Alterações de comportamento sempre causam impactos no mercado. Mas nesse momento, como se trata de uma posição geral, com produtoras, distribuidoras e exibidoras de todo o mundo entrando em um consenso em relação aos adiamentos de estreias, acredito que as perdas serão um pouco atenuadas. Estávamos muito felizes com a estreia, ainda mais se tratando de cinema, onde os planejamentos são feitos a longo prazo. Mas é um movimento global, estamos todos no mesmo barco. Melhor prevenir agora do que lidar com as consequências depois".

Também nesta sexta-feira, a Elo Company anunciou a suspensão dos lançamentos em cinema de diversos longas – entre eles o "Aos Olhos de Ernesto", do qual ela seria distribuidora. Os títulos são "Boca de Ouro", "Helen", "Cravos" e "Atrás das Sombras", todos com lançamentos anteriormente previstos para o período entre 2 e 30 de abril. Para TELA VIVA, Sabrina Nudeliman Wagon, CEO da Elo, declara: "Tão logo a situação se normalize, informaremos as novas datas de lançamento. Estamos  confiantes de que passaremos por mais essa fase fortalecidos".

Por fim, ainda nesta sexta, a Downtown Filmes e a Camisa Listrada adiaram o lançamento da comédia "No Gogó do Paulinho", previsto para 16 de abril. Em comunicado, as empresas dizem: "Ainda sem nova data confirmada, o filme mantém a previsão de estreia para o ano de 2020. Tanto a Downtown Filmes quanto a Camisa Listrada entendem que a alegria do personagem Paulinho Gogó não combina com o atual momento, que é de alerta".

A Feneec (Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas) já se posicionou sobre o assunto. De acordo com a entidade, o funcionamento das salas não deve ser suspenso, mas a manutenção e higienização devem considerar o momento. O posicionamento oficial da Federação afirma no trecho principal: "As equipes de profissionais que atuam nas salas de cinema estão recebendo informações sobre como realizar a manutenção e a higiene para garantir que o ambiente esteja seguro. No momento, não há orientação do Ministério da Saúde para alterações e restrições no funcionamento das salas e as sessões estão confirmadas. Como é um quadro de mudanças constantes, seguiremos respeitando as orientações das autoridades de saúde".

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