Max muda estratégia para o lançamento do último capítulo de "Beleza Fatal"

Camila Pitanga e Caio Blat são Lola e Benjamin em "Beleza Fatal" (Foto: Pivô Audiovisual/ Divulgação)

Com blocos de cinco capítulos lançados por vez, sempre às segundas-feiras, desde a sua estreia, a novela Max Original "Beleza Fatal" terá uma mudança de estratégia em sua reta final: com a justificativa de que "final de novelão todo mundo assiste junto", a plataforma anunciou que na próxima segunda, 17, um novo bloco de capítulos será lançado normalmente, mas dessa vez com apenas quatro. O capítulo de número 40, o último da novela, será liberado apenas na sexta, 21, às 20h. "Beleza Fatal" é o conteúdo mais visto da Max no Brasil desde a sua estreia.

A estratégia é parecida com a que o streaming da WBD já costuma adotar para algumas de suas séries – como "The Last of Us" e "The White Lotus", por exemplo, cujos episódios são lançados um por vez, aos domingos – e tenta recuperar um clássico da TV aberta, que é a família reunida para assistir ao tão aguardado último capítulo da novela. Historicamente, a TV Globo já atingiu números expressivos com esses momentos, como nos finais de "Tieta" (1989), que alcançou 65 pontos de audiência; "Roque Santeiro" (1986), com 74 pontos; e o fenômeno "Vale Tudo" (1989), cujo remake estreia em breve, e que atingiu impressionantes 81 pontos na época, com o seu desfecho. Também é tradicional da televisão aberta que o último capítulo seja exibido numa sexta-feira, como vai acontecer agora com "Beleza Fatal", e que tenha sua reprise exibida no sábado.

Ao tentar retomar esse hábito de consumo simultâneo, a Max ainda ajuda o público que se incomoda com os spoilers – uma vez que, lançando o capítulo final somente alguns dias após os outros que compõem esse último bloco, dá mais tempo para a audiência assistir tudo e chegar ao mesmo tempo nessa reta final.

Redes sociais

E falando nesse paralelo entre a novela na TV aberta e no streaming, nesta semana a TV Globo e a Max protagonizaram uma provocação nas redes sociais. No mesmo dia em que a plataforma de streaming da WBD anunciou que o capítulo final de "Beleza Fatal" seria liberado somente na sexta, às 20h, o perfil da Globo no X (antigo Twitter), fez uma nova postagem de divulgação do remake de "Vale Tudo", que é sua grande aposta de novela para este ano. Junto do trailer da novela, a emissora escreveu: "Alguns sonham em ter um novelão, mas só 'Vale Tudo' é 'Vale Tudo'. Já parou pra assistir esse trailerzão incrível?". A Max logo entendeu como um recado e respondeu usando bordões da personagem Lola, interpretada por Camila Pitanga: "Eu reconheço um Lolover de longe, Glô, assume, my love". Em "Beleza Fatal", "lolovers" é como são chamados os fãs de Lola e "my love" é como ela gosta de chamar as pessoas.

E não parou por aí. A Globo entrou na brincadeira e retrucou: "Que linda, meu amor. Você é muito criativa… Com um pouquinho mais de capítulos você vira uma novela de catiguria", disse a emissora. "De catiguria" era o bordão de Bebel, da novela "Paraíso Tropical", vivida pela própria Camila Pitanga.

Licenciamento para a TV aberta

Outra recente polêmica em torno do assunto veio do ator Caio Blat, que interpreta o médico Benjamin na novela da Max. Em entrevista ao programa "Dando a Real", com Leandro Demori, na TV Brasil, Blat, que também dirigiu alguns episódios de "Beleza Fatal", falou sobre a exibição da trama pela Band. Na ocasião, ele celebrou o fato de que, com essa estreia, o conteúdo poderá alcançar uma audiência mais ampla, mas chamou atenção para o fato de que a legislação brasileira não garante os direitos de imagem dos atores para a veiculação nessa novela janela.

"Fizemos a novela para a Max para abrir um novo campo de mercado, um novo formato, falar com um novo público, que não é o público que vê novela na TV aberta. Imediatamente a novela foi vendida para uma TV aberta. A gente ficou feliz, porque quer que a novela chegue ao maior público possível, mas a gente não tem nenhum direito, nenhuma participação sobre isso. A gente trabalhou para o streaming por um valor, para aquele público específico, para aqueles assinantes, e agora eles podem negociar. Os direitos todos são deles. Podem revender, repassar, reprisar", disse.

Na entrevista, Blat reforçou o fato de que o Brasil, ao contrário de países como Argentina, México, Espanha e Portugal, não tem a lei de direitos conexos, isto é, que garante que os atores ganhem dinheiro por futuras exibições de obras onde trabalharam. "Os atores sempre acabam ficando para trás nessas mudanças de tecnologia. O ator, sem ser no teatro, é peão do sistema de mídia. Não temos direitos garantidos, não temos uma lei no Brasil de direitos conexos. Eu não tenho direito sobre a minha imagem nas redes. Qualquer novela ou qualquer filme que eu já fiz pode ser colocado no streaming sem me comunicarem ou sem me pagarem um centavo. Só existe direito autoral para o autor e para o diretor. Os atores não são considerados autores pela lei". Ele é, aliás, um dos nomes mais atuantes no Congresso no âmbito dessa luta pelos direitos dos atores e atrizes.

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