Novo "Que Seja Doce" mantém a essência do reality, mas traz novidades para crescer no digital

Nova temporada do "Que Seja Doce" (Foto: Divulgação)

Na próxima segunda, 17 de março, o GNT estreia a 11ª temporada do "Que Seja Doce". Como uma das principais novidades para essa nova fase, a atração terá três temas, um para cada dia que for ao ar, e não somente um tema central, como guarda-chuva único, como fez nas temporadas anteriores. Agora, às segundas serão dedicadas aos doces com chocolate; às terças, doces com um ingrediente obrigatório; e quarta é o dia do bolo. A produção da Moonshot Pictures com direção de Roberto d'Avila e roteiro de Jorge Vaz Nande terá 40 episódios com duração de 60 minutos cada. Os episódios inéditos serão disponibilizados às segundas, terças e quartas, às 20h45, no Globoplay e no GNT.

O programa terá como apresentador o chef Felipe Bronze e contará com a participação de jurados do universo gastronômico, que terão a tarefa de degustar e comentar as criações dos confeiteiros do dia: Michele Crispim, Lucas Corazza e a recém-chegada Tábata Romero. E nesta temporada, o "Que Seja Doce" terá as juradas convidadas Fernanda Bande, que julgará os doces com ingrediente obrigatório, e Talitha Morete, trazendo o seu olhar de consumidora aos episódios de bolo. E no sábado seguinte à exibição no GNT, Morete também receberá o vencedor de cada episódio de bolo no "É De Casa", num cross inédito com a TV Globo, onde ele preparará ao vivo a sua receita vencedora.

Em entrevista exclusiva para TELA VIVA, Patrícia Koslinski, head de Conteúdo de Variedades da Globo, falou sobre a busca pelo equilíbrio entre manter a essência do programa, que o público já conhece e aprecia, e trazer novidades para esses próprios consumidores e também mirando novas audiências. "Esse é o principal ponto num projeto longevo", afirmou. "Quando estávamos desenhando essa que é a 11ª temporada, fizemos uma pesquisa qualitativa que nos apontou fortalezas e pontos de melhoria. É um programa que está há dez anos no ar. Nasceu no contexto de TV linear e permanece muito bem-sucedido mesmo com todas as transformações de consumo audiovisual dos últimos dez anos. Mas sentimos a necessidade de pesquisar o que o público heavy user do 'Que Seja Doce' achava e também de ouvir pessoas que gostam de reality de gastronomia, de doce, para entender por onde poderíamos caminhar para que o projeto tivesse a possibilidade de ficar mais dez anos no ar".

o diretor Roberto d'Avila, da Moonshot, também em entrevista exclusiva, destacou uma questão de atitude que, para ele, é o principal: o fato de que a equipe nunca "sentou" em cima do sucesso. "É um programa bem-sucedido e que tem fundamentos fortes, mas temporada a temporada a gente fica se perguntando como podemos fazer ainda melhor". E parte desse processo foi justamente ouvir as pessoas. "Com essa pesquisa, entendemos que os fundamentos e as premissas do programa têm muita aderência – e isso dentro dos diferentes grupos que participaram, de perfis muito diferentes. Todos entendem ser um reality leve. Ainda assim, decidimos 'apertar' um pouco esse lado da competição, pensando até nesse consumo maior no digital, onde o spin de atenção é mais curto. Então dinamizamos o programa na linguagem, reforçamos a competição e enraizamos um dos fundamentos básicos do 'Que Seja Doce', que é a parte da contação de história. Mais do que a competição, a história revela quem são aquelas pessoas", explicou. Daí entra um intenso processo de casting, que seleciona 120 pessoas por temporada (são três por episódio). "São histórias fantásticas. Essa parte emocional para nós é o principal", ressaltou.

Para a executiva do canal, com tanta oferta de conteúdo e IPs existentes hoje, era essencial avançar nessa competitividade, mas sem perder a leveza, conforme pontuou d'Avila. "Esse foi o grande desafio, e acho que conseguimos cumpri-lo bem. Mantemos essa leveza, que é um asset importante do 'Que Seja Doce', e incluímos essas pitadas de competitividade", disse.

Percepções da audiência e programação

A relação com a audiência já era estreita mesmo antes dessas pesquisas. O GNT tem uma equipe de redes que faz esse trabalho de social listening para todos os programas do canal, e esse material é incorporado como dado nas análises dos produtos da casa. "As análises contam com dados de audiência, num conceito mais linear; de consumo no digital; performance em redes e o social listening, que é onde vamos calibrando essas percepções. Um grande trabalho nosso, feito em parceria com a produtora também, é calibrar essas percepções e uni-las à estratégia. As impressões da audiência precisam estar alinhadas às nossas estratégias de negócio – e a pesquisa foi uma ferramenta importante para fazermos essa calibragem. O social listening aponta caminhos, mas de forma mais desestruturada e pontual. Com a pesquisa, temos um olhar mais profundo, trazendo essas pessoas para dentro da conversa, para analisar o conteúdo com uma metodologia. Assim, lapidamos melhor essas percepções e temos insights concretos. A pesquisa foi muito feliz nesse sentido", celebrou Koslinski.

As mudanças editoriais da nova temporada também têm forte ligação com demandas de programação. Cada leva do "Que Seja Doce" é composta por 40 episódios, e havia o desejo de estender esses episódios ao longo do ano. Sendo assim, sai o formato de exibição de segunda a sexta-feira e entra a estratégia de três vezes na semana. "Isso também foi um direcionador para o desenvolvimento desse conteúdo e que nos permitiu mudar estruturalmente o programa, tendo um dia da semana dedicado ao chocolate, outro ao ingrediente único e outro ao bolo. É uma combinação de uma estratégia de conteúdo atrelada à pesquisa e outra à programação", explicou a executiva.

Adaptação às transformações

O "Que Seja Doce" surgiu quando o streaming não era nem de longe uma forma de consumo audiovisual difundida. Mas, para Koslinski, a transformação e evolução dos conteúdos de maneira a acompanhar as mudanças nos hábitos de consumo do público é um processo muito natural dentro da Globo. "Como somos um grupo muito robusto – e isso desde antes do Globoplay, com os canais pagos, a TV aberta, depois os portais – e que só foi ficando ainda maior, já trabalhamos há bastante tempo pensando nossos IPs e produtos para performarem em diferentes frentes, para uma ampla distribuição", pontuou. "O que acho que mudou recentemente e que hoje norteia fortemente o trabalho do time aqui é um olhar comercial para essa distribuição. Quando olhamos para IPs como 'Que Seja Doce', 'Que História é Essa Porchat?' e 'Avisa Lá', ou quando formos construir um novo, buscamos ideias, formatos e conteúdos onde a gente consiga justamente ter essa performance em diferentes meios de consumo – isso obviamente amplia nossa possibilidade comercial para um único IP e permite uma composição de público e de audiência. Isso não é um desafio, e sim nossa vida, nosso dia a dia. E vejo como uma grande oportunidade", salientou.

No ano passado, no processo de desenvolvimento da nova temporada do "Que Seja Doce", essa visão esteve presente – daí veio a ideia de criar uma oportunidade com as manhãs da Globo, que tratam de temas em comum com o GNT, como culinária, comportamento e estilo de vida. "Fomos nos aproximando do gênero do Mariano Boni, nos estúdios, e entendendo também quais eram as necessidades deles. Dessas conversas nascem cross importantes, e um deles é esse que estamos estreando este ano no 'Que Seja Doce', que é trazer a Talitha Morete, do 'É de Casa', como jurada convidada nos episódios de bolo. O 'É de Casa' já tinha a intenção de ter um quadro de bolo, então juntamos as coisas. É um exemplo de como a gente naturalmente já pensa nesse ecossistema, analisando oportunidades de conteúdo, de distribuição e, claro, comerciais".

Presença no digital

E falando do ambiente digital, uma das novidades dessa temporada é a participação da ex-BBB Fernanda Bande como jurada convidada. A iniciativa faz parte de uma estratégia do reality de ampliar e fortalecer sua presença online. "Quando começamos a pensar no conteúdo, e aí obviamente dentro disso na construção de cross com a TV Globo, a Fernanda tinha acabado de sair do 'Big Brother' e era um talento Globo. Ela tinha uma trajetória na confeitaria e conhecimento técnico, então pensamos numa possibilidade de ampliar nossa participação nas redes através de um talento convidado, que estará em parte da temporada, e que pode jogar junto da gente e do 'Que Seja Doce'. É uma parceria muito importante nesse sentido de ampliar a participação, a percepção e nosso awareness no meio digital", justificou Koslinski. "Quando a Fernanda saiu do programa, deixou uma imagem ligada ao conflito, a outras coisas. Agora, o público conhecerá uma outra persona, e se surpreenderá", completou d'Avila.

A chegada de Tábata Romero, pioneira no conceito de confeitaria "Faça e Venda", que atualmente possui o maior canal do YouTube sobre o nicho no Brasil, com mais de 1 milhão de inscritos, como jurada fixa, também vem na esteira dessa estratégia. "É um meio da gente, através do nosso elenco, aparecer mais, estar mais disponível para um público de redes sociais para além do público que já consome o 'Que Seja Doce' nas redes do GNT e nas redes do Receitas. É uma complementaridade de públicos por meio do ambiente digital desses talentos", concluiu a diretora.

Formato que pode viajar

O "Que Seja Doce" é um formato original criado pela Moonshot em parceria com o GNT. E, desde o final do ano passado, a área de internacional da Globo, que distribui conteúdos para fora, como novelas, formatos e mais recentemente até formatos de dramaturgia, se interessou pelos formatos de não-ficção, e o "Que Seja Doce" foi o primeiro deles. "Formatamos as bíblias para venda internacional e isso foi apresentado no MIPCOM em outubro passado pela primeira vez. Há agora esse esforço de estabelecê-lo como formato mundial. Por coisas como essa, nossa expectativa para o programa é a longevidade. É muito prazeroso. Por mim, farei mais dez temporadas", finalizou o diretor.

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