Criada a partir de um coletivo de documentaristas, a Doc Station nasceu primeiro como uma distribuidora especializada no nicho de não-ficção, desenvolvendo públicos e estratégias de lançamento para documentários em salas de cinema, espaços culturais, TVs e plataformas de streaming e ainda criando e executando campanhas de comunicação, circuitos e eventos, além de festivais e ações educativas.
Logo veio a necessidade de criar uma plataforma de streaming própria, focada em educação. "O mercado de educação é um dos mais importantes para o documentário. No Brasil, ele é negligenciado, tratado como contrapartida social ou como algo periférico", diz Leonardo Brant, fundador da Doc Station.
A plataforma Doc Station Play, ainda em fase beta, já auxilia o acesso gratuito dos documentários às escolas públicas. O ambiente digital é voltado para o desenvolvimento de novos públicos para o documentário, estimulando sobretudo a mediação cultural com escolas e comunidades. O streaming traz um catálogo de filmes e realizadores brasileiros com obras de interesse público e educativo.
A plataforma pretende ainda atuar junto a uma rede de documentaristas e chegar ao público interessado nesse tipo de linguagem cinematográfica. "O mercado de documentários vem crescendo muito e sentimos a necessidade de criação de um espaço para valorizar o cinema do real, com um olhar para a produção colaborativa e o desenvolvimento de novas audiências, sobretudo no ambiente educacional", comenta Brant.
Cluster de empresas
O segundo passo foi criar um cluster de empresas especializadas em documentário, que trabalhassem em sistema colaborativo. De acordo com o fundador da Doc Station, o "novo mercado de documentários" é colaborativo – mas, para isso, é necessário estimular um ambiente de negócios favorável e uma infraestrutura de indústria que privilegie e incentive a realização de documentários.
Entre as empresas incubadas estão a kVA, liderada por Rafael Prado e que atua no desenvolvimento de projetos, e a Pós.Doc, especializada em pós-produção de documentários e liderada por José Augusto De Blasiis, veterano no setor e um dos maiores especialistas na área, entre outras. Já entre as empresas parceiras está a Marginália, liderada por Ana Castro e responsável pela distribuição de impacto dos lançamentos realizados na comunidade. Em parceria com a Doc Station, ela está estruturando os serviços de lançamento, licenciamento e distribuição social e educativa para o mercado. Juntas, as empresas realizaram o pré-lançamento do filme "Doar" e, no segundo semestre, lançarão "Comida para quem precisa", ambos documentários da Deusdará Filmes, produtora parceira.
A sede da Doc Station também funciona como um estúdio cinematográfico, abrigando ambientes para gravação de documentários e podcasts, além de toda a estrutura para produção e pós-produção. A ideia é vocacionar o espaço para se tornar um centro cultural do documentário, ideia que vem sendo articulada junto com a documentarista Tatiana Lohmann, com a promoção de encontros, debates e projetos de valorização do cinema documental.
Evento
Todo o processo de construção da Doc Station vem sendo acompanhado por uma equipe de consultores da Rice University, dos Estados Unidos, e por Gisele Jordão, coordenadora do curso de Cinema e Audiovisual da ESPM São Paulo. Na próxima quarta-feira, dia 19 de junho, a Doc Station promoverá em sua sede na Vila Mariana, em São Paulo, um encontro com especialistas e profissionais do cinema documental para debater a situação atual do mercado e propor caminhos para estimular a produção e a distribuição de filmes não-ficcionais. O evento é realizado em parceria com o curso de Cinema e Audiovisual da ESPM e conta com a participação de consultores da Rice University.
A sede é um espaço cultural dedicado ao documentário, onde são realizados encontros, cursos, exposições e exibições. A Estação conta com um café, cineclube, estúdio, salas de roteiro e produção e infraestrutura para eventos.