Em sua participação no "Café com Pixel", programa do canal TELA VIVA no YouTube coproduzido com o escritório CQSFV Advogados, Carolina Vargas, fundadora e CEO da Stenna, falou, entre outros assuntos, sobre o advento dos canais FAST no Brasil. A executiva, apesar de "acreditar muito" no modelo, acredita que ainda falte maturidade para atingirmos a plena funcionalidade do Free Ad-Supported Television, isto é, os canais de streaming gratuitos que oferecem conteúdo audiovisual suportado por anúncios.
Entre os clientes da Stenna, alguns já estão no FAST. "Mas nosso maior desafio hoje é trazer publicidade para os canais – ainda não é fácil entregar anúncios para nenhum deles. Outro peso é o custo da CDN. Temos conteúdos que performariam muito bem no FAST, os esportivos por exemplo, mas não tenho como pagar a CDN ainda – nem eu nem os parceiros. Seria uma aposta financeira agora. Quando sugiro ao meu cliente colocar o conteúdo gratuitamente no FAST, precisamos pensar na operadora que está pagando por ele e no licenciamento, isto é, no dono desse conteúdo. Ou seja, a CDN e o custo dessas negociações ainda são grandes dificuldades", destacou Carolina.
"O produtor ainda está entendendo o que é isso. Explicamos que é gratuito e que também não vamos ganhar agora, talvez no futuro. Mas esse 'talvez' não é interessante para eles – a não ser que você tenha um conteúdo proprietário, com direitos em todas as plataformas", ressaltou a CEO, que pontuou outros custos envolvidos no processo de migração para um canal FAST, tais como gerar outra grade de programação e negociação de conteúdos. "Os produtores precisam topar seguir em frente até conseguirmos publicidade. Quando conseguimos, dividimos os centavos. Essa administração para nós ainda é cara e não faz muito sentido. Mas temos que estar no FAST e ver o que vai acontecer".
Publicidade no FAST
Carolina não vê o mercado publicitário tão inclinado a apostar com força nas oportunidades do FAST. "Temos feito abordagens com grandes agências, mas nenhuma delas entende muito bem a distribuição do FAST", declarou. "A métrica que vem dele é muito mais limpa do que aquela que vem da Pay TV – uma plataforma como a Samsung entrega com o FAST dados reais, como quantas pessoas estão assistindo, quantas TVs estiveram conectadas de tal a tal hora… A operadora, não. Aí usamos a Kantar. Mas a publicidade, por mais que a gente leve isso para eles, ainda não enxerga o FAST como mais um lugar para colocar dinheiro. Você fala que o canal está no FAST e eles até acham interessante, mas querem mesmo a Pay TV. Ali está a fatia de audiência que querem alcançar", completou.
Para a executiva, as marcas querem concorrer onde as outras estão, e as grandes agências ainda demonstram certo receio com o FAST. "Tem sido complicado. E a regionalização da publicidade é algo que, no futuro, vai fazer muito mais sentido. Mas vejo que ainda demoraremos para ter braço para isso. Demanda grandes estruturas. Para nós, dentro da nossa realidade, a regionalização ainda vai demorar muito", concluiu.
Assista à entrevista na íntegra no canal da TELA VIVA no YouTube ou abaixo:
Belíssimo episódio!
A entrevistada Carol Vargas, além de uma admirável competência profissional, demonstrou muita agilidade na compreensão das dúvidas apresentadas e rapidez na formulação da resposta mais adequada para cada questão. A veia empresarial dela é a própria carótida, une coração e cérebro. No mais, quero manifestar a minha admiração pela elevada consciência cidadã, que também passa pela visão holística do negócio, considerando desde a qualidade técnica até o potencial de inclusão.