Executivos à frente de grandes pilares do Grupo Globo – Simone Oliveira, head da Globo Filmes; Tereza Pena, head do Globoplay; e Gabriel Jacome, head de conteúdo da TV Globo – se reuniram em um painel nesta quinta-feira, dia 13 de outubro, no RioMarket, área de negócios do Festival do Rio, para falar sobre esse ecossistema que está cada vez mais amplo, forte, potente e diversificado, para de forma integrada, unir forças para alcançar um mesmo objetivo. Com mediação da jornalista da GloboNews Aline Midlej, o bate-papo focou na atuação do grupo frente ao cinema nacional.
Não é de hoje que a Globo se movimenta no sentido de unir e convergir suas frentes. Sob a mesma diretoria, Globoplay e Globo Filmes atualmente mantêm uma estreita parceria, que também conta com a força da TV. "O ecossistema Globo sempre foi um trunfo para nós. Nossa primeira e mais importante janela é o cinema, mas com a TV e, mais recentemente, o streaming, a continuidade do filme se torna quase eterna. Uma janela complementa a outra – sempre que um filme é exibido na TV aberta, por exemplo, o consumo dele aumenta no Globoplay. É um ecossistema fortalecedor para o filme, que visa fazer com que o maior número de pessoas conheçam a força do audiovisual brasileiro. Esperamos que, aí, se crie um ciclo virtuoso, isto é, com quem assiste um filme querendo assistir outros", explicou Simone. "Além disso, tem a força do marketing. Quando lançamos no cinema, usamos todos os nossos braços, como os programas de entretenimento e jornalismo da TV Globo e os podcasts, nesse movimento crossmedia. A convergência amplifica possibilidades de consumo e de criação", completou. A executiva reconhece que o cinema ainda retoma a passos lentos no pós-pandemia, mas acredita que a próxima leva de títulos fortes que serão lançados impulsionará essa volta.
Investimentos do Globoplay em filmes originais
Se a TV Globo já trabalhava com longas, assim como obviamente a Globo Filmes, quem entra agora nesse jogo é o Globoplay, que está desenvolvendo títulos originais. "A pandemia intensificou muito o comportamento do consumidor de assistir streaming. O crescimento foi muito intenso. Em contraponto, agora deu uma 'batida no teto', isto é, já temos muitas plataformas, ao mesmo tempo em que as pessoas voltaram a sair, não querem mais ficar em casa. O cinema está retomando seu lugar e a janela do streaming pode se aproveitar desse movimento, como uma janela complementar. Estamos caminhando juntos. O cinema não vai deixar de existir, as pessoas gostam, é outra experiência, disse Tereza. Reforçando a ideia de que uma janela não canibaliza a outra, ela citou o case de "Medida Provisória", filme de Lázaro Ramos que levou mais de meio milhão de pessoas aos cinemas e, no Globoplay, é o primeiro lugar entre os conteúdos mais assistidos, com um número de consumo dez vezes maior do que o segundo colocado.
"Vamos nos beneficiar do ecossistema Globo também. A junção de Globo Filmes e Globoplay traz mais valor ao filme. Nossos títulos originais terão sua primeira janela nos cinemas – não à toa que fizemos parcerias com o Cine Marquise, em São Paulo, e o Kinoplex, no Rio. Queremos fomentar o cinema de rua e a cultura nacional. Depois dessa primeira janela, nossos filmes vão para o Globoplay e, depois, para a TV Globo. Entendemos que muitas vezes quem tem acesso ao streaming não tem à sala de cinema, e vice-versa. Vamos juntos nesse investimento, em um trabalho de complemento, e não competição. É o filme que está no centro do negócio", declarou.
A produção de filmes originais pelo Globoplay se dará junto da Globo Filmes. "Fizemos essa união para ver como podemos nos beneficiar das fortalezas de cada um. Estamos sob a mesma direção justamente por isso", ressaltou.
O papel da TV aberta
O cinema também tem espaço garantido na grade da TV Globo – especialmente o cinema nacional. "A democratização é a grande essência da TV aberta. Por isso queremos levar a cultura do cinema para o máximo de pessoas possível , entendendo as limitações do nosso país, com tantas desigualdades que limitam. O desafio é como romper essa barreira e levar cultura e entretenimento para todos. Conseguir reunir milhões de brasileiros à frente da TV assistindo ao mesmo filme é muito potente, especialmente nesse mundo fragmentado em que vivemos. O cinema e a TV têm esse papel de sintetizar a cultura nacional", analisou Jacome. "Além disso, o audiovisual traz temas para debate, constrói narrativas. É como um almoço em família, isto é, coloca todos na mesma mesa para conversar sobre um mesmo assunto", comparou. O executivo citou o exemplo de "Bacurau", que levou mais de 800 mil pessoas aos cinemas e, quando foi exibido na "Tela Quente", da Globo, atingiu cerca de 36 milhões de pessoas. "São números muito grandes, de pessoas que conheceram o trabalho desse diretor brasileiro, pernambucano. Nosso compromisso com o cinema nacional se dá dessa forma. No ano passado, foram 222 filmes nacionais exibidos na TV. Agora, no Festival do Rio, estamos com esse objetivo: comprar filmes no modelo de licenciamento e também fechar possíveis coproduções", contou.
"Esse papel da curadoria na TV aberta me traz muita honra, responsabilidade e orgulho. Afinal, estamos falando da formação do público. Nós, da Globo, conhecemos muito bem nosso público, temos muitos dados. Estamos cada vez mais sofisticando a maneira de minerar esses dados de forma a trazer insights mais efetivos. Existem as coisas pelas quais o público se interessa em assistir e existe também um outro lado da democratização do cinema que passa por aquilo que o público precisa. Por exemplo: 100% dos filmes que exibimos na TV têm closed caption e audiodescrição. É nosso compromisso com a audiência de realmente democratizar o conteúdo. Tentamos entender a particularidade de cada um para gerar pertencimento, conversas e trocas", destacou Jacome.
Entre os próximos planos da Globo em relação ao cinema, está a exibição de "Marighella", filme de Wagner Moura, a partir de novembro, em formato de minissérie, com cenas extras, que foram gravadas já pensando nessa segunda janela. No ano que vem, a TV irá exibir o documentário "8 Presidentes 1 Juramento – A História do Tempo Presente", de Carla Camurati. "É um conteúdo essencial para refrescar a memória sobre a História do nosso país e suas questões políticas. É a TV aberta ajudando na formação do pensamento crítico", definiu.