VOD global pode beneficiar produção brasileira

A existência de players de VOD com alcance global, como a Netflix, que semana passada anunciou sua expansão para 190 países, pode trazer ganhos para os produtores e distribuidores nacionais. Além da Netflix, outros players OTT e do mercado de pay TV também trabalham para criar serviços globais, como Amazon, Google, Apple, HBO, Turner, Fox e outros.

Segundo um experiente distribuidor brasileiro, hoje a venda internacional é fragmentada, país a país. Num exemplo hipotético, um filme é vendido para dez países a US$ 10 mil cada, gerando um total de US$ 100 mil em licenciamento. "Se um player global pagar US$ 130 mil pelo filme, o valor da venda por território cai, mas o valor total cresce. E ainda há uma redução de custo, já que você trata com um único comprador, e elimina transações, intermediários etc", conta. "Para um mercado que produz filmes subsidiados, como o nosso, que já se pagam no mercado interno, tudo é bônus".

Outro distribuidor brasileiro aponta que a plataforma é uma janela de visibilidade para nossas produções. "Se a série brasileira que estão produzindo ('3%') for bem, abre caminho para várias outras", diz. Ele lembra ainda que já existem redes globais, como a HBO, estas ainda fazem suas aquisições regionalmente. Para atingir o mercado global, um produto teria que ser vendido para a HBO da América Latina, da Ásia, dos EUA, cada uma em uma negociação diferente. Com uma rede global como a da Netflix, a venda é única.

O distribuidor aponta alguns problemas que podem surgir, por ser um tipo de operação muito nova. "No caso de coproduções, por exemplo, raramente alguém tem o direito de licenciamento global. Em geral cada parceiro tem os direitos para o seu território. Isso terá que ser agora pensado antes e acertado entre as partes", diz. Outro problema são as janelas. "Se um canal participa do financiamento de um filme, vai querer a primeira janela no seu território, mesmo que a obra seja licenciada globalmente", conclui.

Há ainda um efeito colateral destas plataformas que pode beneficiar o produto nacional. A produção independente americana se financia em grande parte através de pré-vendas internacionais. Os diferentes territórios alavancam a produção. Estas redes globais podem "secar" esta fonte, pois tendem a concentrar os recursos em grandes produções, de maior apelo, reduzindo a diversidade de conteúdos. Isso pode abrir mais espaço para as produções locais.

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