Aos 50 anos, Nicole Cordery vive um momento importante em sua carreira. Além de recentes trabalhos de destaque como atriz, como uma participação na terceira temporada de “Dom” (Prime Video), ela também está em dois curtas premiados – como protagonista e coprodutora: “Algo Sobre Ilda” e “Memórias de Uma Canção”.
“Algo Sobre Ilda” foi o primeiro projeto de Cordery como produtora no audiovisual. A direção é de Gary Gananian e a produção é da Cordery e Viana Produções Artísticas, sua própria empresa. O curta já ganhou destaque dentro e fora do país, recebendo o prêmio de Melhor Filme do Festival Monforte de Lemos (Espanha), cinco troféus no 7º Festival de Cinema de Jaraguá do Sul, incluindo o de Melhor Atriz e o de Melhor Curta-Metragem, e o prêmio de Melhor Filme no 5º Fiacine. O curta também passou pelo Santander Festival Internacional de Cine Independiente, de Bucaramanga, Colômbia; Aurora Horror Fest 19ª edição, de Guanajuato, México; e Cine Terror Valdivia 21ª edição, de Valdivia, Chile; entre outros. Ainda este mês, o filme estará no Apatzingán Festival Internacional de Cine, no México, que acontece entre os dias 20 e 23 de fevereiro. O curta de 15 minutos conta, em atmosfera de suspense, a história de uma mulher que recebe uma misteriosa herança de sua tia falecida e descobre o legado de uma santa feminista da Igreja Católica que viveu no século XII.
Já “Memórias de Uma Canção”, que tem direção, roteiro e produção de Lucas Matias, mostra o processo de demência de uma ex-pop-star, cuja filha tenta resgatar o afeto da mãe através de uma canção. Por esse filme, Cordery ganhou o Prêmio de Melhor Atriz no Gru Film Awards em dezembro passado. O projeto tem coprodução da Cordery e Viana Produções Artísticas. “Esses dois curtas me permitiram explorar muito do que aprendi ao longo de 30 anos de carreira, principalmente sobre a maneira como mensagens importantes, como o resgate de figuras históricas e a construção do afeto entre uma mãe e filha, podem ser vivenciadas através de construções incomuns”, afirma.
Projetos paralelos
Cordery também é atuante no meio e atenta a questões como a escassez de oportunidades de trabalho: “Tivemos poucas perspectivas, nos últimos anos, para atores e atrizes no meio audiovisual. Esperávamos muito dos novos serviços de streaming, mas a expectativa se frustrou. Além disso, notei que faltava organização e comunicação à classe. Então, percebi que era hora de criar essas conexões”.
A partir de uma reflexão nas redes sociais, a artista entendeu que sua inquietude não era isolada. Outros artistas também sentiam a falta de acolhimento no atual cenário desafiador do mercado. Então, em parceria com a empresa Enablio, dedicada à criação e gestão de plataformas digitais, em maio de 2024 ela inaugurou a Platore, uma plataforma 100% gratuita destinada apenas a atores brasileiros com DRT. Em pouco tempo, formou-se uma grande rede de apoio entre profissionais do ramo, com a troca de impressões sobre trabalhos, oportunidades e divulgação de atividades paralelas. “Eu me orgulho muito desse espaço, pois em menos de um ano já somos mil integrantes compartilhando ideias, em uma plataforma totalmente segura, sobre abusos e desafios da profissão, oportunidades de testes, fóruns que discutem os futuros do nosso ofício. Há também vários desabafos”, conta.
Em paralelo, ela ainda criou, com Larissa Ferrara e Marcela Rosis, o “Corda Bamba – Atrizes e Crises”, videocast que estreou em abril de 2024. As atrizes conversam com artistas mulheres sobre dúvidas e desafios da profissão. O projeto foi reconhecido pela Rio Webfest como um dos melhores podcasts de 2024. “No Corda Bamba, conversamos com diretoras de casting, outras atrizes, cineastas, produtoras, donas de produtoras, roteiristas, entre outras profissionais. O objetivo sempre é ouvir mulheres bem situadas nas suas profissões, tanto no audiovisual quanto no teatro, para exporem suas angústias e crises”, explica.
Como atriz, Cordery também participou do longa “Biônicos”, da primeira temporada de “De Volta aos 15” e da terceira temporada de “Sintonia” – os três projetos da Netflix. Entre 2023 e 2024, atuou em mais de dez curtas independentes, além do longa “As Horas Seguintes”, que tem previsão para estrear no final deste ano.