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Morre Cacá Diegues, ícone do Cinema Novo e referência na política do audiovisual

Morre Cacá Diegues nesta sexta, 14, aos 84 anos. (Crédito foto: reprodução de mensagem do diretor ao 9º Congresso Brasileiro de Cinema)

Cacá Diegues, cineasta ícone do Cinema Novo e referência na política do audiovisual, faleceu nesta sexta, 14, aos 84 anos, no Rio de Janeiro. A morte foi confirmada pela Academia Brasileira de Letras (ABL), da qual Diegues era membro, e ocorreu devido a complicações após uma cirurgia.

Política do audiovisual

Diegues teve participação ativa na política do audiovisual brasileiro, defendendo a liberdade criativa e o desenvolvimento do setor. No início dos anos 2000, participou do Grupo de Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica (Gedic), que assessorou o governo de Fernando Henrique Cardoso na criação da Agência Nacional do Cinema (Ancine), em 2001.

Já no governo Lula I, integrou o “novo Gedic” para debater o futuro da agência, aceitando sua vinculação ao Ministério da Cultura, sob a gestão de Gilberto Gil e Orlando Senna, com o compromisso de foco no desenvolvimento econômico do cinema e do audiovisual.

Em 2004, defendeu a criação de uma lei mais ampla de comunicação no Brasil, com respeito à liberdade criativa e de expressão. “Em todos os países há regras. Só que essas regras não podem levar a nenhum tipo de dirigismo, não podem dizer o que se deve ou não fazer do ponto de vista de conteúdos”, afirmou em apresentação no Senado.

Diegues também participou da discussão da Lei do SeAC, que resultou na aprovação da legislação em 2010. “Não acredito em casamento de delegacia, mas essa integração é fundamental para a democracia brasileira. Sem opções no cardápio a gente pede sempre filé com fritas. Temos que garantir a possibilidade de todas as vozes se manifestarem nessa revolução tecnológica. Mas isso não se define pela economia, pelo capital, mas pelo conteúdo. Queremos cosmopolizar a nossa cultura. Sem falar em obrigar, proibir, limitar, censurar, e sim falando em estimular, premiar, incentivar, promover”, declarou à época.

O cineasta foi um dos defensores do recolhimento de direitos autorais com distribuição aos autores, assinando manifestos com a DBCA (Diretores Brasileiros de Cinema e do Audiovisual). Em 2017/2018, como membro do Conselho Superior do Cinema, defendeu a regulação do VOD e apontou a dificuldade de consenso entre os elos do audiovisual.

Em 2018, Diegues e outros conselheiros divulgaram uma carta afirmando que “Para o audiovisual brasileiro está em jogo a continuidade e ampliação da presença da produção em seu próprio país. Consideramos que esse princípio é fundamental ao se firmar ações econômicas de amplo escopo e repercussão, estipulando relações de agentes economicamente assimétricos”.

Legado cinematográfico

Apesar da sua enorme contribuição às discussões políticas, regulatórias e mercadológicas do cinema e do audiovisual, seu grande legado está, obviamente, na criação cinematográfica.

Nascido em Maceió/AL em 1940, Carlos José Fontes Diegues, conhecido como Cacá Diegues, foi um dos precursores do movimento Cinema Novo, que marcou o cinema brasileiro com críticas políticas e sociais, principalmente durante a ditadura militar.

Entre suas produções, destacam-se “Ganga Zumba” (1964), “A Grande Cidade” (1966), “Os Herdeiros” (1969), “Quando o Carnaval Chegar” (1972), “Xica da Silva” (1976), “Bye Bye, Brasil” (1980), “Tieta do Agreste” (1996) e “Orfeu” (1999). “O Grande Circo Místico” (2018) foi seu último filme como diretor.

Ao longo de sua carreira, Cacá Diegues conquistou prêmios em diversos festivais nacionais e internacionais. Em 2018, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira que antes pertenceu a Nelson Pereira dos Santos.

“Sua obra equilibrou popularidade e profundidade artística, abordando temas sociais e culturais com sensibilidade. Durante a ditadura militar, viveu no exílio, mantendo-se sempre ativo no debate sobre política, cultura e cinema. A ABL expressa solidariedade à esposa, Renata Almeida Magalhães e aos filhos”, declarou a ABL em nota.

O corpo do cineasta Cacá Diegues será velado na sede da Academia Brasileira de Letras (ABL), no centro do Rio de Janeiro, neste sábado, 15.

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