A amizade entre duas mulheres japonesas que se separaram quando uma delas imigrou para o Brasil é a origem do curta-metragem "Kokoro to Kokoro", ou 'De Coração para Coração', em tradução do japonês para o português. O filme é um docuficção (um híbrido entre os gêneros documentário e ficção) de André Hayato Saito, da dupla Kid Burro, produzido pela MyMama Entertainment.
A produção solo de Saito integra uma trilogia de filmes que estão conectados ao resgate de suas raízes nipônicas e terá primeira exibição nesta semana no 40º Festival Internacional de Cinema do Uruguai. Depois, irá para outros festivais nacionais e internacionais e, em breve, poderá ser assistido em plataformas na internet.
"Kokoro to Kokoro" surgiu de uma história real. O filme permeia a amizade da já falecida avó de Saito, Shigeru, com uma antiga amiga, Takae, em sua terra natal – o Japão – história com a qual Saito encontrou o caminho para irrigar a sua própria existência. Após esse curta, outros dois filmes que representam a reconexão com a ancestralidade japonesa serão lançados: o curta-metragem "Vento Dourado" e o longa "Crisântemo Amarelo", ambos em produção pela MyMama Entertainment.
"O Brasil é o país com a maior comunidade japonesa fora do Japão. Hoje, já são mais de 2 milhões de pessoas de origem nipônica no país. Em meio a esse movimento do Japão pra cá, fragmentos de identidade ficaram espalhados pelo caminho, sendo substituídos por uma experiência nipo-brasileira que ainda batalha para entender o seu lugar. O resgate da ancestralidade é uma base para ressignificar nossa identidade, e o filme busca trazer à tona como esse processo pode ser feito de maneira afetuosa, sem precisar criar mais cicatrizes em nossas trajetórias", afirma Saito.
"A minha busca por tratar de feridas identitárias ainda abertas, de certa maneira, conversa com os filhos das diversas diásporas ao redor do mundo que precisam aprender a existir no entrelugar. Aqueles que não se sentem nem daqui, nem de lá. Além disso, o filme apresenta um processo de captação que tenta romper com o controle e o planejado, abdicando do processo de pré-produção clássico, e culminando em um profundo acolhimento de raízes por muito tempo negadas", completa.