"Ao vivo" é estratégia para capturar e engajar audiência

(Crédito: Marcos Mesquita Fotografia)

Ninguém duvida do poder do conteúdo ao vivo no engajamento da audiência, bom como do seu valor nas estratégias das operadoras, dos canais tradicionais e do streaming. O assunto foi tema de painel que encerrou o Pay-TV Forum 2024, realizado nestas segunda e terça por TELA VIVA e TELETIME. Segundo Eduardo Gabbay, diretor de canais esportivos da Globo, o conteúdo ao vivo dá uma ideia do poder que a mídia tem de chegar às massas, gerando engajamento. "Especialmente o esporte, eu acho que tem uma capacidade de gerar emoção, paixão, que é muito, muito potente", diz.

O esporte tem a capacidade de gerar conversa e, por consequência, gera também impacto nos resultados em assinatura e em publicidade. "Para a Globo, ter o esporte é uma estratégia de conexão com a sociedade, de falar diretamente com uma paixão essencial do brasileiro, mas é também, obviamente, de geração de resultado. Eu acho que a gente está muito bem posicionado aqui no Brasil com um ecossistema que consegue balancear no modo aberto, no modo pago, diferentes formas de distribuição", diz Gabbay.

A Olimpíada é um exemplo desse investimento da Globo, embora não mais exclusivo, como já foi no passado. "Eu acho que a gente chegou com um posicionamento muito claro e forte: uma TV Globo fazendo uma cobertura de 200 horas voltada para os atletas e times brasileiros; o Sport TV com um posicionamento também muito forte e claro de entregar 100% das Olimpíadas; uma experiência complete no Globoplay, com 4K, agenda e mosaico" afirma.

Com este posicionamento, a Globo alcançou 140 milhões de pessoas na semana da Olimpíada; a TV Globo alcançou mais de 80% dos lares; o Sport TV triplicou a audiência que tinha em momento pré-Olimpíada; os canais do Sport TV ficaram líderes absolutos em todo o período, eram os três Sport TVs no top 5; o Globoplay dobrou o seu consumo. "Não posso abrir aqui dados de assinatura, mas também tivemos bons números", diz.

Gabbay destaca ainda que o engajamento gerado pelos eventos ao vivo não se restringe à exibição ao vivo. "A gente acredita muito nessa jornada completa. Eu acho que o jogo em si é realmente o ápice, o coração do consumo, mas a nossa capacidade de contar essas histórias, debater nos programas, fazer um pós-jogo, reverberar os memes e as informações nas redes sociais é fundamental para as pessoas se situarem, se engajarem, e a gente explorar, na competição máxima, esse conteúdo que é tão premium, tão relevante para os consumidores", explica.

Jornalismo

A Jovem Pan é o mais recente dos canais de jornalismo no ar hoje. No entanto, Roberto Araújo, presidente da emissora, lembra que o grupo já tinha longa tradição de jornalismo no rádio. O canal também aposta em uma jornada a partir do ao vivo, ao dar notícia e, em sequência, trazer opiniões diferentes. "A gente tem engajamento muito grande em redes sociais, exatamente por ser esse conteúdo no qual você tem opiniões distintas, que gera mais empatia, visualização, consequente engajamento", explica.

Ao unir a notícia à opinião, o canal também cria um Conteúdo mais perene. "A gente estende a experiência de jornalismo porque na hora que você coloca opinião, entrevistas, tudo, você acaba tornando o produto não tão perecível", explica Araújo.

Sobre a adesão dos anunciantes, o presidente do canal Jovem Pan conta que foi um processo gradual, já que a marca Jovem Pan estava muito ligada ao rádio. O grupo foi criando projetos comerciais que eram iniciados em cada plataforma, mas cobrindo toda a jornada de consumo das audiências.

A Jovem Pan perderá em breve o título de caçula com a chegada do CNBC ao Brasil. O canal estreará com uma grade focada para jornalismo de negócios. "Não existe ninguém hoje trabalhando nesse nicho no Brasil com uma marca tão forte de credibilidade e com capacidade de entregar notícia com qualidade e informação que seja relevante à altura da marca CNBC", disse Andre Ramos, vice-presidente de Conteúdo Multiplataforma da CNBC.

Sobre a distribuição do canal no país, Ramos conta que estará nos principais meios de distribuição de Conteúdo. "Acreditamos que quanto mais espalhado estiver o nosso conteúdo, mais possibilidade de sucesso nós teremos, porque vamos produzir com características para cada uma dessas plataformas, entregar de forma especializada ou específica", diz.

Entretenimento

O que começou como uma agência de criadores há dez anos, evoluiu para um canal totalmente digital, o Dia TV. "Pegamos esses criadores todos e falamos para a turma, vamos fazer um programa pra você, pra você, pra você. Temos um programa para esse pool de criadores que a gente trabalha. Hackeamos o sistema colocando uma TV linear no YouTube, coisa que nem tinha tecnologia no mundo ainda para conseguir fazer por mais de sete dias", diz Rafa Dias, CEO da Dia TV.

Após quase dois anos, em maio o canal passou a ser transmitido como um Fast Channel. O canal já assumiu o primeiro lugar na Samsung TV Plus em entretenimento, em quarto lugar no geral.

"Estamos muito contentes porque o mercado publicitário, acho que pela maturidade do mercado de influenciadores nos últimos anos, entendeu muito rápido. A gente tinha até uma ideia de que levaríamos dois anos para o mercado entender e foi mais rápido do que a gente imaginava. Acho que a gente teve cases importantes nesse primeiro ano que fizeram com que as marcas e as agências entendessem o nosso trabalho e principalmente com quem a gente fala", explica Dias.

Segundo ele, o programa ao vivo tem relevância, mas, em alguns casos, pode crescer após a estreia. Se um programa tem 200 mil visualizações no momento que ele está ao vivo, no dia seguinte ele vai ter mais meio milhão no VOD. "A gente começou nesse movimento do ao vivo com o Corrida das Blogueiras e com a transmissão da Parada LGBT de São Paulo, que a gente fez há oito ou sete anos", conta.

Produção

Uma das principais produtoras de formatos no mundo, a Endemol mostra que o ao vivo tem seus momentos nos reality shows. Allan Lico, vice-presidente de conteúdo e criação da Endemol Shine Brasil, conta que alguns poucos momentos dos realities são ao vivo. "A gente fez as finais ao vivo do 'Masterchef'. Fizemos a primeira transmissão ao vivo para a Netflix na América Latina, que foi o reunion de 'Casamento Às Cegas' temporada 3", conta.

Para ele, a palavra que define a produção ao vivo é libertador. É libertador da audiência e também da tarefa de buscar algo para assistir: "você liga a televisão e está passando. Se entregar é maravilhoso. É uma experiência fantástica".

Também é libertador do ponto de vista de produção, porque "a coisa acontece e acaba". Mas, para isso, é necessário ensaiar muito. "A gente também ensaia em reality, mas, claro, são ensaios técnicos, pra gente entender marcação e possibilidades, pontos certos. Principalmente quando é reality de confinamento.

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