Streaming aprofunda ofertas com telecom, mas busca novos canais de vendas

Painelistas do evento Brasil Streaming (crédito: Marcos Mesquita)

Após escalar o alcance dos serviços por meio de parcerias com operadoras e provedores de serviços de Internet (ISPs), as plataformas de streaming entendem que é hora de lançar ofertas mais parrudas para a base de assinantes de telecom e buscar canais de vendas em setores não relacionados à tecnologia e conectividade.

As novas estratégias de distribuição de conteúdos por streaming foram compartilhadas em painel do Brasil Streaming, evento realizado por TELETIME e TELAVIVA, nesta segunda-feira, 14, em São Paulo.

O Globoplay, por exemplo, está avançando em parcerias com alguns dos maiores provedores de banda larga do País. A plataforma terá ofertas de pacotes premium em combos com a Vero e o modelo com a veiculação de publicidade com a Brisanet.

"Fechamos um hard bundle com a Vero para Minas Gerais, vamos estar em 80% das velocidades de banda larga deles. E fechamos uma distribuição com anúncios com a Brisanet", revelou Ranira Camelo, gerente sênior de Parcerias Estratégicas da Globo.

De acordo com Ranira, a plataforma busca, no momento, "entrar mais nessas bases já existentes", como as construídas ao lado de empresas de banda larga, e "explorar novos modelos de negócios". Neste segundo caso, a ideia é vender assinaturas mediante parcerias com negócios com "grandes bases de clientes" – a plataforma do Grupo Globo, por exemplo, já tem uma oferta para correntistas do banco Santander.

"O desafio é conseguir encaixar a nossa oferta dentro da estratégia do parceiro. É mais natural quando falamos de telcos, porque elas entregam dados, então, temos um complemento. Mas, quando exploramos outros mercados, não necessariamente temos o mesmo 'fit'", disse Ranira. "Falo em buscar parcerias não tão óbvias, não tão tradicionais de vídeo", complementou, citando setores como bancos, energia e varejo.

Thiago Ferreira, vice-presidente de Parcerias e Desenvolvimento de Negócios de Streaming da Paramount, ressaltou que a empresa aposta na diversificação de parceiros para seguir crescendo. Segundo ele, no último ano fiscal, as plataformas de streaming da produtora (Paramount+ e Pluto TV) adicionaram 10 milhões de usuários globais, alcançando 77 milhões de assinantes.

"Parceria é algo inerente e nativo da nossa estratégia. Agora, buscamos frentes menos óbvias de distribuição e diversificação", afirmou Ferreira.

O executivo ponderou que os modelos com teles e provedores ainda "tem muito a ser escrito", considerando essas parcerias formas bem-sucedidas de aquisição e retenção de usuários. "Enquanto os agregadores nos ajudarem a alcançar novas audiências e novas formas de consumir, isso será válido para gente", pontuou.

Operadoras

Operadoras que contam com serviços de TV e streaming como parte de seus negócios, Claro e Sky destacaram que suas plataformas têm o objetivo de simplificar a entrega de conteúdo para o cliente, empacotando canais lineares e VOD (video on demand) em uma mesma oferta.

André Ribeiro, vice-presidente de produto e marketing da Sky, salientou que o Sky+, serviço de TV por assinatura via rede de banda larga, é tratado dentro da empresa como um produto independente do serviço de conectividade, o Sky Fibra. Desse modo, além da comercialização direta pela própria companhia, a plataforma já tem assinaturas vendidas por quase 500 ISPs.

Atualmente, a empresa trabalha para incorporar o conteúdo de parceiros à sua plataforma, de modo que o cliente não precise passar pela etapa de login para acessar streamings incluídos na mesma oferta.

"Já fizemos isso com a Paramount e estamos fazendo essa integração com todos os parceiros. A grande dor do cliente é encontrar o conteúdo, é uma dor muito latente", reforçou Ribeiro. Ele destaca ainda a recente parceria com a Amazon para a inclusão do Sky+ na plataforma da empresa, e em devices conectados, como Firestick, e ressalta que a Sky também agregará plataformas de streming no Sky+, no modelo de superbundle.

Alessandro Maluf, diretor de TV da Claro, disse que 70% do tráfego de dados na rede da operadora dizem respeito a conteúdos em vídeo. Contudo, quando o streaming não faz parte da oferta da Claro, a dinâmica traz "só custos" para a empresa. Dessa maneira, a operadora se esforça para trazer clientes para a sua oferta de superbundle de TV e streaming, por meio da Claro tv+.

Com a ampliação da base do serviço, Maluf projeta que plataformas de TV por streaming podem alcançar 20 milhões de clientes no Brasil, tal qual o auge da TV por assinatura tradicional em meados da década passada. E que se consideradas ouras formas de distribuição, como a distribuição por app, o limite é a quantidade de acessos banda larga. Entretanto, ressaltou que é preciso investir em infraestrutura para suportar a demanda.

"Se não entregar qualidade, o cliente troca a banda larga. O que fazemos com os parceiros é aproximar CDNs, mas o investimento em rede de banda larga fixa e móvel é enorme", asseverou.

Monetização

No mesmo painel, Adriana Naves, head de Distribuição de Conteúdo da Roku, chamou a atenção para o papel da publicidade como forma de monetizar os serviços de streaming, de modo que as plataformas não fiquem sobrecarregadas com a busca por novos clientes.

Atualmente, diversos serviços – como Netflix, Prime Video, Disney+ e Globoplay – oferecem planos com a veiculação de anúncios. Para Adriana, é possível pensar em novos espaços para publicidade no mercado de streaming.

"Hoje, temos muito mais dados e formatos para explorar a publicidade. Temos que crescer não só pela base de usuários, mas conseguir converter isso em formas de monetização", sugeriu.

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