Mood Hunter expande atuação internacional e firma parcerias com grandes players do mercado

"Perícia Lab" é uma produção da Mood Hunter para o canal AXN (Foto: Guido Ferreira/ AXN)

A Mood Hunter é uma produtora especializada em conteúdo audiovisual promocional e vídeos curtos para o mercado de entretenimento, com forte atuação no Brasil, Estados Unidos e América Latina. Entre os projetos mais recentes, a Mood assina as peças promocionais de "The Last Of Us" (em exibição na HBO/Max) e foi responsável pelas campanhas de títulos como "The White Lotus", "Euphoria" e "Batman", todos também da WBD, além de "Atlanta", da Disney. A produtora ainda desenvolveu conteúdos em tempo real para premiações como Golden Globes, Critics Choice Awards e Latin Grammys.

"A Mood foi criada em 2014 com o objetivo de produzir trailers e promos para filmes e séries de Hollywood. Desde então, nos tornamos um dos líderes na América Latina nesse segmento. Já colaboramos com campanhas de praticamente todas as grandes séries que marcaram a última década — de 'Game of Thrones' a 'The Simpsons', de 'CSI' a 'Grey's Anatomy', de 'The Walking Dead' a 'The Handmaid's Tale' e 'Euphoria'. É um privilégio trabalhar com conteúdos tão icônicos", contou Rafael Barioni, sócio-fundador, diretor e produtor executivo, em entrevista exclusiva para TELA VIVA.

Barioni destaca que, nesse tipo de projeto, o direcionamento criativo vem do cliente. Por mais que a Mood seja uma companhia que trabalha diretamente com criatividade, a assinatura das peças em campanhas como essas segue sendo do cliente. A Mood entra como parceira para apoiar a execução artística e operacional e garantir dois pontos essenciais, segundo o diretor: manter em altíssimo nível a "assinatura Hollywood de qualidade" do cliente e possibilitar que esse mesmo selo de qualidade possa ser mantido em escala. Ele explica: "Como as campanhas envolvem centenas ou até milhares de peças e versões — em diferentes formatos, idiomas, mercados e países — a Mood se torna uma parceira estratégica, unindo excelência criativa com capacidade operacional. Nosso papel é garantir que seja possível produzir centenas ou até milhares de entregas com o mesmo nível de qualidade que esse tipo de produção exige. Pouquíssimas agências e produtoras no mundo tem a expertise que temos hoje na Mood. É um conhecimento tão específico que acabamos desenvolvendo uma supermind proprietária chamada Mood System, que justamente nos possibilita produzir milhares de assets criativos em alta qualidade e escala, dentro dos prazos que essas campanhas necessitam".

Atuação internacional

A produtora tem uma atuação internacional e um time multicultural. Hoje, conta com mais de 100 colaboradores, de nove nacionalidades, e mantém há seis anos uma operação sólida na Colômbia; há dois abriu um escritório nos Estados Unidos, fortalecendo ainda mais sua presença na América Latina e na América do Norte; e, a partir deste ano, está presente também na Bélgica, para atender de forma mais próxima o mercado europeu, onde já possui clientes ativos. "São Paulo e Bogotá são nossas bases mais consolidadas e funcionam como o coração pulsante da operação criativa e de produção. É nessas cidades que estão concentradas nossa infraestrutura principal e grande parte dos nossos talentos. Os escritórios nos EUA e na Bélgica são mais recentes, mas já representam operações relevantes, tanto do ponto de vista criativo quanto comercial, pois respondem diretamente às demandas de clientes dessas regiões e localizam novas oportunidades em mercados muito grandes", detalha.

Sem dúvida, essa atuação internacional foi fundamental para conectar a produtora a campanhas de grande porte. "Em lançamentos que envolvem múltiplos mercados ao mesmo tempo surgem desafios complexos, e a equipe precisa ser nativa não apenas no idioma, mas também na cultura de cada audiência". Para Barioni, o time de nacionalidades diversas proporciona uma perspectiva única sobre como dialogar com diferentes públicos e prepara a empresa para as demandas práticas de cada região.

"Esse olhar global nos torna uma parceira estratégica para grandes players, que se sentem muito mais seguros ao trabalhar com uma empresa capaz de compreender o projeto em escala internacional", avalia. "Além disso, nossos clientes também têm equipes multiculturais. Por isso, é essencial que possamos atendê-los em espanhol, inglês, português e francês, entre outros idiomas. Estar presente fisicamente em diferentes mercados nos deu uma vantagem competitiva muito grande para operar com excelência no cenário global", completa.

Para além do lado do negócio, existem vantagens muito pessoais nessa dinâmica. "Esse cenário gera transformações profundas na vida das pessoas. Boa parte da nossa equipe aprendeu a se comunicar em um segundo idioma — seja espanhol, português, inglês, francês ou italiano. Criamos uma comunidade internacional, de verdade. Em muitas empresas com atuação global há disputas internas entre regiões. Na Mood, acontece o oposto: pessoas nos pedem para colaborar com os projetos de outros países. Temos profissionais que se mudaram de país por conta da Mood, abrindo novas perspectivas de vida. Isso mexe com histórias, com sonhos, com aspirações. Quando conectamos talentos de diferentes culturas, promovemos uma troca humana e cultural riquíssima. Esse é, talvez, o maior impacto da Mood: ajudar a transformar vidas, realizar sonhos e acelerar o desenvolvimento pessoal e cultural das pessoas que passam por aqui. Criamos um ambiente onde é possível crescer, aprender e se reinventar. E quando se constrói uma cultura interna forte como essa — com um time jovem, conectado com arte, tendências e tecnologia —, as oportunidades de negócio surgem naturalmente. Temos um radar exclusivo nos quatro cantos do mundo nos mostrando tudo em primeira mão", celebra Barioni.

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Rafael Barioni, sócio-fundador, diretor e produtor executivo da Mood Hunter (Foto: Divulgação)

E, voltando a pensar em projetos e clientes, ele acrescenta: "É um modelo muito estratégico. Hoje, temos a capacidade de atender um cliente que está em Paris e deseja entrar na América Latina, ou um cliente do Brasil que quer falar nos EUA. Expandimos e muito a quantidade de potenciais clientes, do mesmo modo que expandimos a qualidade dos nosso serviço. A maioria dos trabalhos que fazemos são oportunidades que surgiram justamente porque temos a capacidade real e autêntica de atua em diferentes regiões ao mesmo tempo".

O modelo internacional acabou deixando a operação muito mais robusta do que a de competidores de mesmo porte. Um exemplo claro foi durante a pandemia. Já no primeiro dia de restrições, a Mood conseguiu operar normalmente com toda a equipe em casa, uma vez que a estrutura sempre foi pensada para funcionar com talentos espalhados pelo mundo. "Muitos dos nossos clientes, inclusive empresas bem maiores, precisaram contar com nosso suporte naquele momento para manter suas campanhas ativas", relembra o produtor. "A expansão da Mood para outros países ajudou a moldar uma visão de negócio mais estruturada, criativa e estratégica. Essa maturidade empresarial é um dos grandes benefícios de trabalhar no mercado internacional", resume.

Outro ponto essencial é que, ao operar globalmente, a produtora se viu obrigada a desenvolver processos mais eficientes e escaláveis. "Isso nos levou a criar nossos próprios modelos e soluções tecnológicas. Hoje, a Mood se enxerga não apenas como uma empresa criativa, mas também como uma empresa de tecnologia. Um exemplo concreto disso é o Mood System, nossa supermind, capaz de produzir milhares de assets criativos por mês com altíssima qualidade", cita.

Barreiras de entrada

Do ponto de vista de um produtor que conhece bem o mercado brasileiro, norte-americano e latino-americano de modo geral, Barioni reflete sobre as barreiras de entrada dos conteúdos de um território para o outro. Nesse sentido, ele entende que o mercado norte-americano possui uma cultura muito específica que, embora amplamente retratada em filmes e séries, só pode ser verdadeiramente compreendida quando se está imerso nela, como a Mood tem a vantagem de estar. "Muitas das barreiras enfrentadas por produções internacionais são sutis, invisíveis à primeira vista, e justamente por isso tão desafiadoras", pontua. Para ele, mais do que comerciais ou tributárias, as grandes barreiras estão mesmo na parte cultural. "Trata-se de gerar conexão real com um público que tem uma identidade muito formatada e, em grande parte, pouca exposição a conteúdos estrangeiros. Quando falamos em audiência nos Estados Unidos, não basta focar uma pequena parcela urbana, já familiarizada com o consumo de produtos internacionais. O público majoritário está fora dos grandes centros, com hábitos e referências culturais muito próprios — e se esses códigos não são compreendidos, é quase impossível criar algo que realmente ressoe com essa audiência. E é exatamente esse tipo de sensibilidade que buscamos aplicar em tudo o que fazemos".

Mercado brasileiro

Essa operação internacional traz frutos para o audiovisual brasileiro. Alguns deles, já visíveis e concretos, como coproduções internacionais e a geração de postos de trabalho em projetos de alto valor agregado. Mas, para o diretor, acima de tudo, o que interessa como legado é ajudar a fortalecer a mentalidade de negócio na indústria criativa brasileira. "Queremos contribuir para que mais criadores saibam como formatar seus produtos de forma estratégica para entrar no mercado internacional", afirma. "Quando falamos de arte e entretenimento, estamos lidando com três dimensões distintas: criação, público e mercado. E sentimos que muitos profissionais, criadores e até mesmo executivos, acabam focando apenas na criação ou, no máximo, no público, e têm dificuldade de fazer com que seus projetos realmente entrem e se sustentem no mercado. No fim das contas, sim ou sim, estamos falando de um negócio. E isso não significa, de forma alguma, que a parte criativa precisa ser sacrificada. Pelo contrário: quando há equilíbrio entre visão artística e estrutura de negócio, o potencial criativo cresce — e a Mood é um ótimo exemplo disso", conclui.

Produções em andamento

A Mood começou com foco em promos e trailers, mas expandiu seu escopo e, atualmente, opera com oito linhas principais de produtos, divididas em duas grandes categorias: Short Formats e Long Formats. "Essa expansão surgiu tanto por demanda dos nossos próprios clientes quanto por uma inquietação criativa natural da nossa equipe", revela o sócio-fundador. Embora os formatos curtos continuem sendo o carro-chefe da empresa – em 2024, eles entregaram mais de 48 mil peças – ela tem crescido de forma consistente na produção de conteúdos longos, especialmente no segmento de não-ficção. Nesse caminho, já são duas séries em terceira temporada, "Perícia Lab" (AXN) e "Descosturando com Herchcovitch" (Universal+), além de projetos e desenvolvimento e pré-produção. A produtora também já realizou diversos documentários no Brasil e na América Latina, incluindo filmes para NBCUniversal e HBO.

"Embora o mercado aponte tendências e temas em alta, o fato de a Mood não depender exclusivamente da venda de projetos de entretenimento nos dá o privilégio de desenvolver conteúdos que nos tocam de verdade. Projetos com os quais nos identificamos em essência", ressalta Barioni. Recentemente, a Mood se tornou parceira da jornalista Érika Palomino para a produção da série documental baseada no livro "Babado Forte", da autora. "A obra carrega elementos e valores com os quais a Mood se identifica profundamente, tanto do ponto de vista estético quanto existencial", destaca o produtor.

E, saindo do documentário e indo para o entretenimento, a Mood lançará seu primeiro longa de ficção em breve. Chamado "O Invisível", o projeto foi contemplado no edital Paulo Gustavo. A empresa também está produzindo as terceiras temporadas de "Perícia Lab" e "Descosturando com Herchcovitch" e pós-produzindo um videocast criado pela Mood exclusivamente para o AXN.

 

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