A nova sitcom nacional "Body By Beth", que aborda temas como padrões de beleza, questões familiares e problemas na vida profissional e financeira, estreia nesta segunda-feira, dia 14 de outubro, na TNT e na Max. No lançamento, a TNT exibe os dois primeiros episódios, com início às 22h30. A partir da segunda-feira seguinte, dia 21, o canal apresenta um episódio inédito por semana, sempre no mesmo horário. Já o streaming disponibiliza cinco episódios logo na data de estreia e os outro cinco no dia 25 de novembro.
A narrativa reúne Beth (Marisa Orth), uma musa fitness dos anos 80 que nunca mudou seus hábitos, e sua filha Carol (Verônica Debom), com uma personalidade completamente oposta à da mãe, que subitamente se veem confrontadas com uma ameaça ao negócio da família: uma academia de rede moderna, high-tech e com um grande leque de atividades, que abre do outro lado da rua da academia da própria família – esta, que está parada no tempo e em plena decadência. Agora forçadas a se unir para revitalizar a Academia de Beth Aguiar, a dupla contará, ainda, com a ajuda do ex-marido de Beth, Ricardo Manuel (Diego Vilela), que já foi um grande halterofilista na juventude, mas hoje é dono de um estúdio de yoga, ao lado de seu companheiro Ronaldo (Guilherme Weber). Assista ao trailer:
Em entrevista exclusiva para TELA VIVA, a roteirista Carolina Castro revelou que o projeto é quase que autobiográfico. Começa pelo fato de que a personagem principal chama-se Carol e a mãe dela é a Beth, que é justamente o nome da mãe de Castro. Na vida real, mãe e filha também já passaram por embates semelhantes aos que são retratados na trama. "Eu cresci nesse ambiente que a série apresenta. Minha irmã é personal, minha mãe corria maratona e meus irmãos sempre se exercitaram. Brinco que sou a ovelha intelectualizada da família. E muito disso está na série. A Beth, personagem da Marisa Orth, foi uma grande musa fitness, tem uma academia própria e é turrona, continua achando que é a maioral, como era lá nos anos 80. Seu filho Daniel (Victor Lamoglia) gosta da academia e vive aquilo intensamente. Já a Carol (Verônica Debom) foge dos padrões e tem pavor daquele mundo – por isso, ela e mãe vivem brigando. Carol é idealista, militante. Trabalhava numa loja de roupas e achava um absurdo o lugar não vender tamanhos acima do 42. Diante da ameaça da academia moderna que vai abrir do outro lado da rua, ela volta para trabalhar com a mãe e a família, toda reunida, tenta salvar o empreendimento", detalhou.
"Body By Beth" é um projeto clássico de sitcom, no estilo de tantos outros exibidos pelos canais da Warner Bros. Discovery, como "Friends" ou "The Big Bang Theory", por exemplo. "É uma comédia de situações, acima de tudo. Um sitcom familiar, que traz mãe e filha no centro, mas que amplia e fala muito sobre conflitos geracionais. Eu, pessoalmente, cresci sendo chamada de gorda. Sempre existiu um padrão de beleza inalcançável para as mulheres. Não acho que mães que chamavam suas filhas de gorda o faziam por mal – ainda mais essas mães dos anos 80 e 90. Mas sinto que quando estou acima do peso, sou invisível na rua. Então a série fala muito sobre como esse número da balança não deveria fazer diferença. É uma série de comédia, mas que traz esse tema tão importante. Além de questões sobre etarismo. Não queremos educar ninguém – isso seria muito prepotente. Mas achamos importante atualizar certas coisas. A personagem da Beth tem a cabeça de outra época. E, hoje, as pessoas estão aprendendo que palavras ferem. Tem esse discurso embrenhado a muita comédia e humor, que ajuda a 'descer' a mensagem", analisou a roteirista.
Silvia Fu, diretora sênior de Conteúdo Roteirizado da Warner Bros. Discovery, acrescentou: "Mas é uma série zero panfletária. Só propomos discussões e reflexões. O mais importante é abrir diálogo. As pessoas têm dificuldades de conversar e debater hoje. Apostamos muito no consumo co-viewing da série. Não necessariamente com toda a família assistindo juntinho, ao mesmo tempo, mas sim pensando nos comentários que podem ser feitos nas redes e em casa também".
Atualização das produções de comédia
Do ponto de vista de quem trabalha com produções de comédia há muitos anos, a executiva da WBD reflete: "É claro que muita coisa mudou. A consciência das pessoas foi mudando. Tem muito discurso que, hoje, não cabe mais, que não tem mais graça. Só tem graça quando todo mundo ri junto. Em 'Body by Beth', tocamos em temas sensíveis, mas sempre com um contraponto. Com questões que são naturais. A comédia sempre foi um instrumento lindo para discutir questões sociais. Se não falamos nesses assuntos porque eles são sensíveis, eles ficam escondidos e não são conversados, não há diálogo. A série está nesse lugar. Ela é engraçada, traz momentos constrangedores. Na própria piada tem uma reviravolta e a discussão é exposta". E ela enfatizou: "Temos uma preocupação muito clara em todas as séries de comédia que trabalhamos, dando muita atenção ao discurso e à mensagem".
Ainda nesse sentido, Castro afirma que a comédia é uma grande arma para falar de coisas que não são leves, mas com leveza. "Por isso gosto de trabalhar com isso. E hoje existem algumas diferenças singelas. Antes, ria-se da pessoa gorda, faziam piada dela. Hoje, se alguém faz uma piada sobre uma pessoa gorda, os outros riem dessa pessoa que tentou fazer a piada. Essa mudança sutil é muito importante. Assim deixamos claro que, da maneira que as coisas aconteciam, era errado. O 'pulo do gato' da série está aí. Mostramos situações absurdas, mas reais. São comentários que não podemos mais aceitar hoje em dia. Chamamos de gafes, mas na verdade é inadmissível".
Busca pelo grande sucesso no streaming
A série estreia num período em que as plataformas de streaming estão sendo mais conservadoras com suas estreias. Há mais ou menos um ano, elas diminuíram de forma significativa a quantidade de lançamentos e passaram a focar em grandes apostas. Silvia Fu pontua que as plataformas precisam atingir muita gente, e que esse pensamento as levou de fato para esse experimento no passado, de estrear muitos títulos. "Teve a pandemia, os hábitos de consumo mudaram, o mercado mudou. Entendemos que uma série, para estar no streaming, precisa normalmente ter potencial de viajar, isto é, ser boa para o Brasil de forma ampla e ainda poder ir pra fora. Isso fecha a conta da produção, que não é barata, ainda mais no nosso país", explicou.
"Por outro lado, tem um gênero que é complexo, que é a comédia. Muitas vezes, por conta do idioma, e por usar muitas coisas específicas de hábitos locais, ela não é necessariamente feita para viajar. Tem outro perfil mesmo. E vemos que o público brasileiro gosta de comédia. A gente trabalha para o Brasil, então busca sempre comédias. Como plataforma, há equilíbrios que precisam ser feitos. Existem as grandes séries, como é 'Cidade de Deus' hoje pra gente, um IP gigante, e tem a busca pelas séries que são tão brasileiras que não precisam viajar porque já despertam um interesse muito forte aqui. 'Body By Beth' vem um pouco daí", completou.
Fu comentou que, historicamente, a Globo tem grandes sucessos de comédia – mas, em sua opinião, não há no streaming um grande case de comédia brasileira ainda. É uma busca. E a nova série é uma aposta nesse lugar. "É uma coisa bem brasileira. Nós gostamos de malhar, temos esse culto ao corpo, principalmente por conta de todas as cidades de praia, do jeito de se vestir. É uma história relevante, que traz o DNA brasileiro – essa coisa da família, falta de dinheiro, redes sociais, rotina de academia… Além disso, apostamos em um elenco muito forte, reconhecido pelo público brasileiro em geral, especialmente nessa veia de comédia. Para nós, a série tem uma relevância em pontos muito legais, importante de serem discutidos. É um investimento nosso. Uma tentativa de fazer dar certo nesse lugar", finalizou.
"Body By Beth" é uma coprodução Migdal Films e Warner Bros. Discovery, com direção de Gigi Soares e Alice Demier, escrita por Carolina Castro, Gabriel Meyohas, Cacau Hygino, Carolina Warchavsky, George Ferreira e Luciana Fregolante. A série tem produção executiva de Marcelo Guerra e é estrelada por Marisa Orth, Verônica Debom, Diogo Vilela, Victor Lamoglia, Guilherme Weber, Ana Hikari e Gabriela Loran.
