Audiência discutirá PDL que susta decisão da Anatel sobre canais na Internet

Deputado Nilson Tatto, em sessão da CCTCI

Visando sustar decisão da Anatel sobre canais lineares na Internet serem considerados SVAs, o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 403/2020 do Deputado Paulo Teixeira (PT-SP) esteve na pauta da reunião desta quarta-feira, 16, da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara (CCTCI) e chegou a estar em vias de ser votado. Porém, o texto foi retirado de pauta para ser discutido em uma audiência pública, ainda sem data para ser realizada.

Na hora da votação do texto, o relator da matéria, deputado Nilson Tatto (PT-SP), pediu para a proposta ser retirada de pauta. Na ocasião, Tatto disse que recebeu algumas sugestões para debater o texto e disse que talvez uma audiência pública sobre a proposta seja realizada. O parlamentar também disse que o relatório, já emitido com parecer favorável sobre o texto, poderá ser ajustado.

"Peço para retirar de pauta porque recebi sugestões para debater mais o tema e talvez uma audiência pública seja realizada sobre o assunto", afirmou Tatto. O presidente da sessão, deputado Milton Coelho (PSB-PE), disse que no momento haviam três requerimentos sob a mesa pedindo a retirada da matéria da votação.

Relatório

No seu relatório, o deputado Nilton Tatto alega que a decisão da Anatel ultrapassa os limites do setor de telecomunicações e que pela definição de SeAC na lei, ter ou não uma assinatura de serviços de telecomunicações é indiferente. "Primeiro, notamos que, para a definição do SeAC, do serviço de TV por assinatura, é indiferente se existe ou não uma assinatura prévia de um serviço de telecomunicações. Tal elemento não consta na definição de SeAC. De outra banda, a evolução trazida pela convergência tecnológica traz implicações importantes, que favorecem a necessidade de observação de um princípio de neutralidade tecnológica. Ou seja, pouco importa a tecnologia utilizada, o que é relevante para se identificar um serviço seria o reconhecimento, neste serviço, das características previstas na legislação", afirmou.

Tatto também diz que a decisão da Anatel reflete um paradoxo, citando que um mesmo canal poderá ser livremente distribuído pela Internet, mas não poderá sê-lo por uma operadora de cabo, se não cumprir cota de conteúdo. "É contra o princípio da neutralidade tecnológica e exatamente o oposto do previsto originalmente na lei do SeAC, que, quando do processo legislativo muitos hão de lembrar, era chamada de projeto de lei da convergência tecnológica", diz.

O deputado também destaca que a decisão da Anatel acarreta graves prejuízos à cultura nacional, especialmente às empresas nacionais produtoras de conteúdo. "Caso prevaleça o entendimento da Anatel, os conteúdos distribuídos por meio de canais lineares na internet não precisariam respeitar as cotas de conteúdos brasileiros, e nem aqueles produzidos por produtora brasileira independente, nos termos dos arts. 16 e seguintes da Lei do SeAC", aponta Tatto.

Inconstitucionalidade

Nesta quarta-feira, 16, Abert, Abratel, Câmara-e.net, Motion Picture Association América Latina (MPA) e a Associação dos Programadores de Televisão (TAP Brasil), manifestaram-se contra o PDL 403/2020. Segundo as entidades, o texto do deputado Paulo Teixeira traz inconstitucionalidades.

Para essas associações, a agência reguladora agiu dentro da sua competência técnica. Além disso, elas defendem que o Acórdão proferido pelo Conselho Diretor da Anatel foi fundamentado tecnicamente e administrativamente.

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