O Governo Federal finalmente fez um movimento rumo à reabertura da Cinemateca Brasileira, ainda que o próximo passo nesta caminhada tenha um prazo de seis meses para ser dado. Uma portaria interministerial anunciou o chamamento público para a contratação de uma entidade privada sem fins lucrativos, uma Organização Social (OS), para assumir as atividades de guarda, preservação, documentação e difusão do acervo audiovisual do órgão. O início do chamamento público deverá ser iniciado em até seis meses, segundo a portaria.
A Cinemateca Brasileira passou por um agonizante processo de sucateamento, que levou ao fechamento da instituição em agosto do ano passado. O último contrato de gestão, com a Acerp – Roquette Pinto Comunicação Educativa, que é uma OS, foi finalizado de forma hostil em dezembro de 2019. A OS seguiu gerindo a Cinemateca até agosto de 2020, mas, sem o repasse de recursos do Governo Federal, não conseguiu honrar os salários dos colaboradores, bem como os contratos com segurança, energia elétrica, equipe de bombeiros civis, entre outros.
O chamamento público causa estranheza, uma vez que o Governo Federal chegou a anunciar à Acerp a reestatização do órgão. Em reunião em junho de 2020, a Secretaria Especial de Cultura comunicou a OS que a Cinemateca ficaria fechada até o final daquele ano. A etapa de seis meses já se arrastou por mais meio ano e, se respeitado o prazo estabelecido para o novo chamamento público, pode seguir o até o final de 2021.
A reestatização seria para acomodar Regina Duarte, como um desembarque honroso da Secretaria Especial de Cultura. Quando deixou o cargo, menos de três meses após sua posse, Duarte afirmou que ganhou "um presente", que seria o "convite para fazer Cinemateca" (SIC).
