A plataforma de streaming InnSaei.TV está completando um ano com resultados relevantes. O serviço se tornou a "casa dos festivais", tendo exibido mais de 30 eventos por meio da plataforma nos últimos meses, e trazendo também em seu catálogo diversas obras – até agora, já foram mais de 2500 exibidas. São mais de 80 mil usuários dentro e fora do Brasil.
A marca começou justamente com a intenção de exibir os festivais para democratizar o acesso, ampliar plateia e dar mais espaço aos diretores e produtores. "A ideia da plataforma surgiu em 2017. Sempre fui da área de pós-produção, ou seja, pego o final da cadeia do universo audiovisual, e trago essa angústia relacionada às janelas de exibição. De lá pra cá, evoluiu bastante, mas naquela época comecei a desenhar a plataforma ao perceber que muitas produções ficavam restritas ao circuito dos festivais e não atingiam um grande público", relembra Bia Ambrogi, CEO da InnSaei.TV, em entrevista exclusiva para TELA VIVA.
"Meu objetivo, então, era criar uma plataforma que tivesse representatividade e diversidade. E também queria dar espaço para os festivais de cinema. Na época, essa ideia não pegou muito. Me falaram que os produtores não colocariam suas obras de festivais na internet. Mas minha aposta sempre foi ampliar esse alcance: pela inclusão social e demográfica também", explica Ambrogi. Ela, que sempre acompanhou o circuito de festivais, percebia que, muitas vezes, as pessoas até tinham interesse de participar, mas por questões financeiras, de tempo e de deslocamento, por exemplo, não conseguiam. Daí a vontade de levar esses eventos para o ambiente online.
A casa dos festivais
Quando a pandemia chegou, impossibilitando a realização de eventos físicos, os festivais viraram o carro-chefe da InnSaei. Em um ano, foram exibidos gratuitamente mais de 30 festivais online, como o Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo – Kinoforum, FAM – Florianópolis Audiovisual Mercosul, FIM – Festival Internacional de Mulheres no Cinema, CINEfoot – Festival de Cinema de Futebol, Festival de Cinema de Vitória, Festival de Cinema de Trancoso e Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, entre outros.
"Nós demos uma pausa na curadoria de obras para a plataforma e focamos toda a equipe nos festivais", afirma a CEO. "Temos festivais de fora, mas priorizamos nosso mercado", continua. "A gente já tinha desenhado um pouco dessa dinâmica para exibir festivais antes da pandemia – já tínhamos investido bastante na questão da segurança das obras no ambiente, por exemplo, garantindo proteção para todas elas. Principalmente porque as obras que circulam em festivais não tiveram lançamento comercial, então é um conteúdo bem visado pela pirataria. Trabalhamos com geobloqueio, por exemplo, para países que mandam suas obras para festivais brasileiros mas não autorizam a exibição no país de origem. Depende de cada festival, de cada acordo. Nesse sentido, somos bem abertos. Não há um modelo fechado. Conversamos caso a caso com os organizadores", conta. Outras funcionalidades que a plataforma oferece aos festivais é limitar o número de visualizações, para que não seja considerado oficialmente como um lançamento comercial e, assim, o filme seja barrado de outros festivais, e abrir a possibilidade do voto popular – assim como acontece em muitos festivais físicos.
Ambrogi começou a pensar na transmissão de festivais via streaming antes da chegada da pandemia – e já pensava em incluir conteúdo ao vivo nesse pacote, como as cerimônias de abertura e de encerramento. "É uma mistura de Netflix com YouTube, porque também tem esse conteúdo ao vivo", brinca. "Eu sempre apostei nessa combinação de online com o ao vivo – e acho que isso permanecerá. Agora, todo mundo conheceu os festivais e vai querer continuar assistindo. Tivemos um público muito engajado com esses festivais, com interação, participação, possibilidade de acompanhar um pouco de cada evento. E houve uma troca de experiências entre os próprios festivais", aponta.
Para o futuro, ela acredita na continuação desse formato híbrido: "Os festivais que se planejam agora para o segundo semestre e especialmente para o ano que vem estão dividindo o que é legal ter no presencial e o que funciona bem pro online. Podemos estrear o filme na sala de cinema e no dia seguinte no streaming, por exemplo, ou até fazer sessões simultâneas. No nosso caso, a programação é desenhada pelos produtores, mas damos pitacos com base na nossa experiência. É um acordo combinado". Ambrogi menciona que, no começo, todo mundo queria replicar a experiência física, isto é, com sessões com dia e horário marcado. "Eu insisti que não dava. Quanto mais tempo o filme fica aberto no streaming, mais aumentam as visualizações. Se ele ficar aberto por algum tempo, dá tempo do 'boca a boca' acontecer. Já constatamos que festivais com menos troca de programação têm resultados melhores. Aí, a experiência do físico vem com as dinâmicas, como as mesas e os debates. Isso traz aquele ar de encontro dos festivais", sugere.
Espaço para a indústria
Ouvir o que os produtores e distribuidores querem é uma das premissas da InnSaei, que tem como objetivo valorizar o produtor brasileiro. Alguns dos planos da plataforma são escolher os conteúdos mais vistos e colocá-los em destaque, além de premiá-los; promover lives semanais com os produtores e outras pessoas do mercado; e realizar masterclasses. "Podemos ainda ajudar na finalização, investir em curtas, fomentar a produção mesmo. Os produtores também podem dar ideias de atividades", garante Ambrogi.
Canais & Curadoria
A exibição de festivais segue firme na InnSaei mas, passado esse período de investimento intenso nesse segmento, o próximo passo é lançar "canais", como um de longas e um de curtas, por exemplo, a partir de curadorias cuidadosas. "Estamos construindo tudo com muito cuidado e pensando bastante em representatividade. Contaremos com curadores convidados que vão gerenciar cada canal. Será uma gestão colaborativa", adianta a CEO. Entre outubro e novembro, os canais de curtas e longas serão lançados com 100 obras disponíveis em cada. Canais de conteúdos 100% acessíveis, Black e LGBTQIA+ também estão no cronograma. "Para 2022, nosso foco será o lançamento desses canais", resume Ambrogi.
A plataforma está aberta a receber projetos de canais e de obras – e não descarta ajudar no processo de finalização dos filmes para que eles sejam lançados. O modelo de negócio envolve share progressivo, com distribuição de resultados.
Lançamento
O aniversário da plataforma trouxe ainda uma novidade para os fãs de música e cinema. O renomado jornalista e crítico musical Sérgio Martins apresenta"Conversa de Música", um programa semanal com bate-papos descontraídos com músicos, produtores e compositores, unindo a expertise musical de Martins com o universo do cinema. A atração vai ao ar toda quarta-feira, às 19h, na plataforma InnSaei.TV.
