Com "Ligações Perigosas", Globo testa 4K da produção à distribuição

Para a Globo, investir na produção de conteúdo em 4K é estratégico para "criar know how" e, além disso, para posicionar o grupo como um produtor de conteúdo de alto nível. A emissora estreia no dia 4 de janeiro a minissérie "Ligações Perigosas", inteiramente produzida em 4K. A segunda produzida nesta resolução pela Globo, depois de "Dupla Identidade".

"Precisamos ser Globo, e não mais só TV Globo. Precisamos ser reconhecidos sobretudo como produtores de conteúdo. Uma produção como essa, além de nos dar know how, tem um valor imensurável para a marca", diz Paulo Rabello, diretor de tecnologia para entretenimento da empresa.

A exibição em TV aberta será em HD, e a versão 4K será levada ao público final através da Globo Play, a plataforma de vídeo sob demanda online da Globo.

A minissérie de dez capítulos é uma adaptação do clássico francês "Les liaisons dangereuses", de Choderlos de Laclos. O roteiro é de Manuela Dias, com supervisão de texto de Duca Rachid. A direção geral é de Vinícius Coimbra.

Segundo o diretor, a produção em 4K traz diversos desafios, uma vez que "muda a 'gramática' da imagem", partindo para uma linguagem mais cinematográfica. Por isso, a Globo lançou mão de profissionais de cinema, chamando o diretor de fotografia Jean Benoît Crépon. "Há hoje na Globo uma humildade para trazer talentos e profissionais de fora do grupo. É claro que ela continua soberana em TV, mas entende que há um salto (qualitativo) para o 4K e admite que precisa de ajuda para aprender", diz Coimbra.

Além disso, o diretor conta foi necessário um investimento maior em cenografia e maquiagem. "Foi um modo de trabalho diferente, com bastante ensaio e poucos efeitos", explica.

Tecnologia

A produção também demandou uma infraestrutura mais robusta para a produção, uma vez que foi totalmente captada no formato RAW, sem qualquer tipo de compressão. A renderização de cada episódio leva em torno de 17 horas.

Além disso, o armazenamento de cada episódio demanda uma capacidade equivalente à necessária para armazenar 10 a 12 capítulos de novela em HD. Para trafegar com o conteúdo dentro da estrutura de produção foram usadas quatro camadas de rede de 10 Gbps.

Os efeitos especiais também demandaram uma estrutura mais pesada na criação e na renderização. Foi usada em algumas cenas uma cidade cenográfica virtual e também foi usada uma técnica para multiplicar a presença de figurantes em uma cena. Por fim, um elefante foi totalmente criado em computação gráfica.

A fotografia pôde contar com câmeras específicas para cada tipo de tomada. A Globo já conta com 45 câmeras 4K, de variados modelos, em sua infraestrutura. Segundo Jean Benoît Crépon, a captação digital é muito mais versátil que o filme, permitindo trabalhar em condições mais extremas de luz. Em alguns casos, a luz da cenografia era suficiente, explica.

Distribuição 4K

Marcelo Souza, diretor de mídias digitais da Globo, explica que a distribuição em 4K pelo Globo Play trafega em 10 Mb/s, em média, com a compressão HEVC. A recomendação é que o usuário tenha uma banda mínima de 30 Mb/s.

Por fim, Vinícius Coimbra não descarta que seja feito um corte da série para cinema.

2 COMENTÁRIOS

  1. É incrível como a necessidade de dominação tecnológica persiste nas empresas como a Globo, já que no campo do conteúdo fica muito mais difícil.
    Não existe a menor possibilidade de um espectador médio, mesmo com alguma expertise em avaliação de imagem, perceber qualquer diferença na exibição em FullHD X 4K.
    Além disso, o diferencial central estará sempre no conteúdo do programa – roteiro, direção, elenco, maquiagem, cenografia, fotografia, edição, etc.

  2. Gerron, fale apenas por voce… É possivel ver a diferença entre 4K e Full HD, alias a diferença é absurda!… Voce so terá dificuldade em perceber a diferença caso assista em um televisor 4K pequeno e/ou se posicione muito afastado do mesmo.

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