"Medusa", de Anita Rocha da Silveira, chega aos cinemas em 16 de março

Cena de "Medusa", de Anita Rocha da Silveira

Destaque na Quinzena dos Realizadores de Cannes e no Festival Internacional de Cinema de Toronto, "Medusa", de Anita Rocha da Silveira, chega aos cinemas no dia 16 de março. Desde sua primeira exibição, o longa fez uma trajetória de sucesso, recebendo prêmios em festivais como Sitges Film Festival (Melhor Direção), Tromsø Int. Film Festival (Melhor Filme), IndieLisboa (Prêmio Especial do Júri), Raindance Film Festival (Melhor Filme Internacional) e Palm Springs Int. Film Festival (Menção Honrosa). No Brasil, o filme foi o grande vencedor da Première Brasil do Festival do Rio, com os prêmios de Melhor Filme, além de ter recebido os prêmios de melhor direção e melhor atriz coadjuvante para Lara Tremouroux.

Anita, que também assina o roteiro, explica que o filme partiu de sua própria observação da sociedade brasileira dos últimos anos, que voltou a defender um modelo de mulher "bela, recatada e do lar". Além disso, uma série de notícias de jornais de 2015 sobre ataques contra jovens consideradas "promíscuas" por agressoras também mulheres chamou a atenção da cineasta. 

Essas notícias levaram Anita a recordar imediatamente do mito de Medusa: "Na versão mais conhecida do mito, Medusa era uma das mais lindas donzelas existentes, sacerdotisa do templo de Atena. Mas um dia ela cedeu às investidas de Poseidon, enfurecendo Atena, a deusa virgem, que transformou seu belo cabelo em serpentes, e deixou seu rosto tão horrível que uma mera visão transformaria os que a olhassem em pedra. Medusa foi punida por sua sexualidade, por desejar, por não ser 'pura'. Da junção entre mito e realidade me ocorreu que mesmo com o passar dos séculos, faz parte da construção da nossa civilização as mulheres quererem controlar umas às outras. E que talvez essa seja uma forma de mantermos o controle de nós mesma. Afinal, crescemos com medo de ceder aos nossos impulsos, e até de sermos consideradas 'histéricas'. O controle também passa pela aparência, pela beleza, pois está impregnada em nós a ideia de que este é o nosso principal atributo. Fazemos dietas para chegar ao peso 'padrão' e passamos por procedimentos estéticos dolorosos na esperança de sermos jovens para sempre". 

A protagonista do filme é Mariana (Mari Oliveira), uma bela jovem que, ao lado de suas amigas, se esforça para não cair em tentação, formando um grupo chamado de Preciosas do Altar. Em uma tentativa de se manterem fiéis aos princípios da Igreja, elas vigiam e controlam suas próprias vidas e corpos, como também das mulheres que as cercam. 

"Medusa" começou a ser pensado em 2015, e foi filmado antes da pandemia, em novembro de 2019, mas reflete muito sobre o Brasil dos últimos anos. "O Brasil é um país cuja história é marcada pelo fanatismo religioso. Com a chegada dos portugueses e em sequencia dos jesuítas, muito mal e um genocídio foi feito em nome de um deus cristão. Quando comecei a desenvolver o filme em 2015, algo que percebi é que meu interesse principal era falar do avanço do fascismo, da extrema-direita e do conservadorismo – que no Brasil, devido a nossa história, está ligado à religião". Anita acredita que, agora em 2023, o filme será visto ainda com mais leveza, e as partes de humor e fantasia terão mais evidência. "Além disso, é um filme que antes de mais nada parte de um mito de mais de dois mil anos, então muitas de suas questões são universais e perpassam gerações – em especial para as mulheres". 

Com produção da produção é da Bananeira Filmes, de Vania Catani, e da MyMama Entertainment, de Mayra Faour Auad, MEDUSA é uma distribuição da Vitrine Filmes, através do projeto Sessão Vitrine, contemplado pelo PROAC 34/2022, programa de fomento do Governo do Estado de São Paulo e Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui