O paradoxo da fórmula de cálculo do edital de TV paga

Quando se aplica a nova fórmula de cálculo da proposta financeira a um gráfico, obtém-se uma curva que apresenta um crescimento mais acentuado à medida em que a relação do valor ofertado sobre o valor mínimo vai aumentando. Em outras palavras, quanto maior o ágio, mais difícil para que quem tem que recuperar os pontos perdidos na proposta técnica o faça com a oferta financeira, principalmente em localidades do grupo A (onde a proposta técnica vale mais). Mas não se trata de uma diferença intransponível como era a da fórmula anterior. Pela fórmula atual, por exemplo, para uma empresa obter 10 pontos na proposta financeira, terá que oferecer ágio de 221% em relação ao valor mínimo. Numa localidade do grupo B, onde os pesos das propostas técnica e financeira são iguais, o concorrente que perdeu dez pontos da proposta técnica (pelo quesito de restrição à propriedade cruzada, por exemplo) teria que oferecer um ágio de 352% para se igualar no total de pontos com a outra empresa (que pagou, no exemplo, um ágio de 221%). Se a primeira empresa, que tem os dez pontos, sobe de patamar e oferece ágio de 499%, ficando com 30 pontos, a segunda teria que oferecer nada menos que 681% de ágio para se equiparar. Suponhamos uma localidade como Belford Roxo (RJ), que se enquadra no grupo B e cujo valor mínimo é de cerca de R$ 500 mil. Duas empresas disputam a concessão na cidade. A empresa A obteve todos os pontos possíveis na proposta técnica. Já a empresa B perdeu 10 pontos. A empresa A ofereceu R$ 1 milhão (ágio de 100%) pela outorga, o que lhe rendeu 2 pontos na proposta financeira. Para que a empresa B empate com A, terá que pagar um ágio de 248% (R$ 1,74 milhão), obtendo assim 12 pontos na proposta financeira e igualando-se à empresa A no resultado final. Caso a empresa A oferecesse um ágio maior, suponhamos, de 1000% (R$ 5 milhões), ficaria com cerca de 52,4 pontos na proposta financeira. Para que B compensasse sua perda técnica com oferta financeira, teria que obter 62,4 pontos, o que ocorreria com um ágio de cerca de 1401%, ou R$ 7,505 milhões.

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