Globo lucra no primeiro trimestre e projeta crescimento das receitas com conteúdo e publicidade para 2022

Nos três primeiros meses do ano, a Globo teve possivelmente o seu melhor primeiro trimestre em termos de resultado financeiro em muitos anos, depois de ter registrado no ano passado o primeiro prejuízo líquido de sua história. Segundo apurou este noticiário, a previsão do grupo é de um lucro líquido de nada menos do que R$ 1,3 bilhão apenas entre os meses de janeiro e março de 2022, e um EBITDA de R$ 590 milhões. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve aumento de 12% nas receitas líquidas, sendo uma alta de 17% em publicidade e 3% em conteúdo. Também a base do Globoplay seguiu crescendo, 20% em relação ao primeiro trimestre de 2021. Também como comparação, o EBITDA do primeiro trimestre de 2021 havia sido negativo em R$ 470 milhões. São números preliminares que serão detalhados em maio, após a conclusão dos processos de auditoria.

Esses números preliminares ainda não podem ser comemorados como um resultado que perdurará ao longo do ano, porque existem incertezas econômicas decorrentes da guerra na Europa, reflexos econômicos do processo eleitoral no Brasil e os impactos comerciais ainda desconhecidos de uma Copa do Mundo tão próxima ao Natal, o que nunca havia acontecido. Mas são resultados promissores.

Segundo o CFO da companhia, Manuel Belmar, os números preliminares do primeiro trimestre são animadores porque refletem já uma situação de comparação com um período em que a atividade econômica estava se recuperando, no primeiro trimestre do ano passado. "Ainda não estamos fazendo comparações muito equiparáveis, mas os efeitos da pandemia já não aparecem tanto", diz ele sobre os números. Ele ressalta, contudo, que parte do lucro pode ser atribuído ao fechamento da venda da Som Livre, valorização do Real e redução significativa (20%) de custos, sobretudo pelo fato de ser o primeiro trimestre sem os investimentos nos campeonatos estaduais de futebol.

2022 ainda melhor

"Temos incertezas ainda pela frente e certamente não podemos projetar esse resultado para o ano, mas foi um começo muito melhor do que o de 2021, que já havia sido de retomada", diz ele. Segundo o executivo, se não houver efeitos negativos significativos dos pontos de incerteza, é provável que a Globo feche esse ano com lucro e operacionalmente positiva, ao contrário do que aconteceu em 2021. No ano passado a Globo registrou prejuízo líquido de R$ 173 milhões, apesar de um crescimento de 13% nas receitas.

Outros fatores que animam a Globo para 2022 é que aparentemente a retração do mercado de TV por assinatura em 2022 está menos acentuada do que no começo de 2021, e o crescimento dos serviços digitais já compensa a perda de receitas no modelo tradicional. A Globo também tem boas expectativas de uma melhora do desempenho de vendas de publicidade com a ampliação da comercialização na nova plataforma DAI (Dinamic Ad Insertion).

A Globo comemorou no ano passado, apesar do prejuízo, ter retomado os índices de receita pré-pandemia em valores absolutos, mas Manuel Belmar reconhece que ainda há um caminho a ser percorrido antes que a Globo retome os números recorde de receita de 2014, melhor ano do mercado de TV paga e último ano antes do período recessivo iniciado em 2015 e ainda não superado. Naquele ano, como comparação, o grupo Globo teve seu resultado histórico de R$ 16,2 bilhões em receita líquida (somando TV aberta, TV paga e Internet), contra R$ 14,15 bilhões em 2021.

De lá para cá, além da queda no mercado de publicidade decorrente das crises econômicas e períodos de recessão, o mercado de TV por assinatura perdeu quase 7 milhões de assinantes. "O ano de 2014 era um outro momento do mercado de TV e da economia. Ainda acreditamos no valor da TV por assinatura e vemos que os números no Brasil mostram uma certa discrepância (quanto ao tamanho da retração da TV paga) em relação a outros países, então existe espaço (de crescimento), mas acreditamos que a retomada virá já numa combinação das plataformas tradicionais e digitais", diz ele.

Para Belmar, a estratégia digital da Globo começa a dar resultados agora. "Já vemos a curva de receita em conteúdo e publicidade em crescimento, o que significa que paramos de diminuir de tamanho e estamos crescendo no que a gente acredita ser o futuro da companhia", diz. A estratégia segue em curso, com investimentos em tecnologia e conteúdo, e para isso a Globo conta com R$ 15 bilhões em caixa, maior disponibilidade em todos os tempos. "Mas também vamos manter a disciplina de custos, o que foi essencial para os resultados até aqui".

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