Alex Braga destaca relevância das salas de cinema ao elencar desafios para o audiovisual

"É tempo de Cinema". A frase pontuou a apresentação do diretor-presidente da Ancine, Alex Braga Muniz, nesta quinta, 18, no Expocine, dando a medida da relevância que a modalidade audiovisual tem na política audiovisual brasileira. "O cinema não apenas dá nome ao Conselho e à Agência que representam amplamente as ações de regulação e fomento do setor audiovisual. O cinema é a essência dessas políticas, e as legitima de forma evidente", disse.

Algumas mensagens importantes foram dadas por Braga Muniz em sua primeira apresentação pública desde sua posse como diretor-presidente da Ancine. Se um novo ciclo se inicia no comando da Ancine, que volta a ter uma diretoria colegiada legitimada pela aprovação do Senado Federal após longo período de interinidade de seus membros, este ciclo busca um retorno ao pilares da política pública audiovisual: a produção independente, a distribuição e a exibição cinematográfica. "É tempo do reencontro com a política pública originalmente concebida para o desenvolvimento sustentado do setor audiovisual. De um reencontro republicano, transparente e plural", disse Braga Muniz.

Com grifo no papel da coletividade para a definição e execução das políticas públicas, o diretor-presidente da Ancine afirmou que "não é tempo de 'eu', é tempo de 'nós'", mencionando o Conselho Superior do Cinema (CSC), o Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual (CGFSA), a diretoria colegiada e os servidores da Ancine, a Câmara Técnica do Audiovisual, os agentes de mercado e a sociedade brasileira. Recentemente, vale lembrar, a Ancine manifestou – em meio a uma nota sobre dados levados ao Grupo de Trabalho que estuda a revisão da regulação do SeAC no Ministério das Comunicações – que tanto a agência, quanto o CSC, pretendem fazer valer suas competências e tratar das questões do conteúdo audiovisual.

É, portanto, com os colegiados que definem e executam as ações de regulação e fomento do setor audiovisual que se buscará o reencontro com a política concebida para o desenvolvimento do audiovisual. "Não é tempo de revolução ou ruptura. É tempo de uma correção de rumos para uma verdadeira retomada da origem da política pública audiovisual brasileira, reconquistando a confiança de todos os elos da cadeia audiovisual, e promovendo a consequente expansão dos investimentos, de forma que o setor audiovisual alcance e opere à plena capacidade e potencialidade que eu acredito que ele é apto a alcançar", afirmou Braga Muniz.

Cinema em todas as telas

De acordo com diretor-presidente da Ancine, há uma correlação de 98% entre o crescimento do número de salas de exibição cinematográfica do país com o crescimento do público de filmes brasileiros. Para a Ancine, esta correlação mostra que a expansão do parque exibidor é ferramenta indutora do crescimento do público de filmes brasileiros, e não apenas na tela grande. "No que se refere à circulação de obras brasileiras, o cinema permanece como uma importante janela para as obras brasileiras de longa-metragem. Quando o filme brasileiro tem como primeira janela de exibição o cinema, a sua exibição nas outras diferentes janelas é potencializada", apontou o novo diretor-presidente.

Reestabelecido o tripé que sustenta a política audiovisual (Ancine, CSC e CGFSA), o Conselho Superior iniciou um diagnostico do setor, a partir de um panorama apresentado pela Ancine. Com isso, iniciou as discussões e debates sobre a importância dos mecanismos de incentivo à produção audiovisual e sobre a relevância da exibição cinematográfica. Para a próxima reunião, está na pauta a regulação do streaming.

Também na regulação do streaming "é tempo de Cinema" e "é tempo de falar de cinema na regulação de streaming". Por um lado, se almeja a garantia de espaço nas plataformas para a produção independente, para a criação de propriedades intelectuais brasileiras e para o reflexo do Brasil e sua cultura no audiovisual. O debate sobre a regulação do streaming vai além e abriga, também, o cinema: "É essencial a discussão da janela cinematográfica para obras brasileiras de longa-metragem, tanto como medida para desenvolvimento socioeconômico do país, quanto para uma maior eficiência da política setorial".

Fundo Setorial do Audiovisual

O tempo de cinema também acontece no Comitê Gestor do FSA. Segundo Braga Muniz, o "novo FSA" se encontra em fase final de construção. O principal mecanismo de fomento do audiovisual brasileiro receberá novas regras de investimento. Retorno e direitos estão em discussão com a participação da Câmara Técnica de Produção.

As primeiras linhas que serão lançadas serão de Cinema, apontou o diretor-presidente da Ancine, com linhas para novos realizadores, para desenvolvimento regional, para investimento nacional.

"Houve o tempo do remédio amargo, mas agora é tempo de recomeço", disse Braga Muniz.

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