Com conceito de startup, Coração da Selva cresce em biênio desafiador

2020 foi, segundo Geórgia Costa Araújo, o melhor ano da produtora Coração da Selva. Desde 2014, após 10 anos no mercado, a produtora vem buscando um reposicionamento no mercado e um novo modelo de trabalho que a deixou preparada para o último biênio, que tem se mostrado desafiador às empresas do setor.

"Em 2014, estávamos com um longa na competição oficial do Festival de Berlim ('Praia do Futuro') e, no mesmo dia, competindo e ganhando o Emmy Kids Internacional (com a série 'Pedro & Bianca')", conta Geórgia. Foi quando a produtora partiu para uma nova abordagem, tirando o foco dos projetos, de forma individual, e mirando "a rede", a criação de carteira e novas oportunidades na produção audiovisual e na indústria criativa.

Sala de roteiros no CineHub.

Por um lado, a Coração da Selva ampliou seu leque de atuação. Criou o CineHub, um espaço de coworking audiovisual na sede da produtora, no centro histórico de São Paulo, com locação de espaços que vão de uma sala compartilhada a um andar inteiro, por períodos curtos ou longos. Já passaram pelo espaço nomes do cinema brasileiro como Jeferson De e Diana Almeida. A diretora e produtora Tata Amaral também tem sua estrutura dentro do espaço. "Criamos um backoffice compartilhado, para produtoras que podem, da noite para o dia, ter algum projeto grande", explica Geórgia. O espaço se abriu ainda para outros setores da economia criativa, como música e artes plásticas.

Ainda na diversificação, a produtora passou a realizar laboratórios de audiovisual em seu espaço, bem como cursos e palestras relacionadas com a produção de cinema e TV. Também começou a acelerar projetos de longa-metragem com jovens roteiristas e diretores, em parceria com a Ancine.

Indústria de inovação

Por outro lado, embora ainda consequência da estratégia de diversificação, a produtora se apropriou do conceito das startups. "Começamos a importar ferramentas da indústria de inovação para o audiovisual, inclusive ferramentas humanas, como coworking e mentoria", conta. A aposta foi alta em pesquisa e desenvolvimento, área que hoje já conta com 11 pessoas dedicadas. "Quando veio 2019 e o modelo (de financiamento) da Ancine paralisado, a Coração da Selva já estava equipada com ferramentas diferentes", diz Geórgia. 

Apesar da dificuldade no modelo de financiamento que o mercado encontra, Geórgia aposta na demanda por conteúdo nos canais, bem como no casamento do cinema com o audiovisual para redes sociais. "Há quantos anos a gente fala do conteúdo de marca. Agora ele chegou, de uma forma diferente do que era naquela conversa. É muito diferente do branded content", diz. Ela lembra que os canais buscam conteúdo, independente de cotas de programa: "há uma demanda comercial pelo conteúdo original e local".

Trabalhos

Para Geórgia, foi acertado o jogo de fazer uma analogia com as ferramentas de tecnologia para o audiovisual. A produtora aumentou sua folha de pagamentos em um ano em que todos cortaram e cresceu em volume de projetos e produtividade. "Vivemos a primavera do desenvolvimento. A demanda sempre houve, mas com as novas ferramentas e processos, o audiovisual, cada vez mais, se apropria de um papel central na sociedade", diz. 

Entre os frutos que o novo conceito de produtora permitiu colher em 2020 está um trabalho de curadoria para a Vivo. A Coração da Selva vem agregando empresas e profissionais para a criação e produção de conteúdo para as redes sociais da operadora. Desde maio, estão nas redes sociais os episódios da série "#HistóriasConectadas", documentários sobre famílias e como se relacionam mesmo com o isolamento social. Duas temporadas já estão online.

Produtora prepara o lançamento do thriller sobrenatural "Terapia do Medo".

A produtora vem preparando dois lançamentos para os próximos meses: o thriller sobrenatural "Terapia do Medo", de Roberto Moreira, e a versão brasileira da franquia internacional de comédia, "Coração de Leão", dirigido por Ale MacHaddo.

Em outubro, finalizou as filmagens do longa-metragem de terror "O Porão da Rua do Grito", dirigido por Sabrina Greve, que tem previsão de lançamento para o segundo semestre de 2021.

1 COMENTÁRIO

  1. A Georgia e a Coração da Selva estão sempre refletindo sobre o futuro do audiovisual e implementando novos modelos, novas ferramentas e novas lógicas para a indústria. Crescem aportando inovações substantivas.

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