Para MSN o futuro da distribuição de conteúdo está na Internet

"A TV 2.0 é o que acontece quando a TV libera o conteúdo 'para fazer o que quiser'. É a libertação do conteúdo", disse Joe Michaels, diretor sênior do MSN, da Microsoft, para novos negócios na área de vídeo. O executivo abriu o Congresso TV2.0, que acontece nesta sexta, 19, em São Paulo. O evento é organizados pela Converge Comunicações, que edita este noticiário. Michaels apresentou os cases de fracasso e de sucesso da MSN ao levar conteúdo audiovisual à web, destacando a importância da aprendizagem em ambos os casos. Ele lembra que na última década, o acesso à Internet cresceu globalmente. Nos Estados Unidos, esse crescimento foi de pouco mais de 100%, enquanto na Europa foi de cerca de 300%. Na Ásia e América Latina foi ainda mais expressivo: 600% e 900%, respectivamente. "Esse é o futuro da distribuição de conteúdo", disse.
A tendência já foi sentida pelos detentores de conteúdo, diz o executivo da MSN. Segundo ele, nas primeiras reuniões que a Microsoft teve para tentar levar o conteúdo das grandes emissoras para a web, a empresa foi questionada sobre quanto pagaria para que estes detentores de conteúdos acabassem com seus próprios negócios. "Hoje as redes de TV faturam centenas de milhões de dólares no Hulu, por exemplo", diz.
Formatos
Entre exemplos de sucesso e fracasso, Michaels apresentou o da exibição ao vivo dos shows do Live Earth, em 2007. Ele observou que a ação foi lucrativa, contudo a conclusão é que este tipo de evento pode ser arriscado para a web. Segundo ele, webcast ao vivo é muito trabalhoso e oneroso, exigindo a comercialização de pacotes de publicidade muito caros e, por conseqüência, promessas de acesso muito grandes para os anunciantes. Estas metas são difíceis de serem alcançadas, afirmou.
O conteúdo para web tem sido, até agora, conteúdo para TV, disse Joe Michaels. No entanto, afirmou, isso começou a mudar. Um dos formatos apontados como de sucesso pelo executivo é o conteúdo patrocinado. Desta forma, a produção só começa quando já há verba aprovada pelo anunciante e um meio de distribuição definido. Seria uma forma de reduzir o risco para produtores e distribuidores de conteúdo. Para este tipo de conteúdo, alertou, agência, anunciante, produtora e veículo precisam trabalhar em conjunto e de forma articulada desde o início. Como exemplo, citou a webseries "Motherhood", que, com roteiristas e elenco de Hollywood, encenou histórias reais enviadas por mães, em uma ação patrocinada pela indústria de cosméticos. "Foi um grande sucesso na Internet, mas um fracasso na TV", disse.
Modelo de negócios
Michaels ressaltou que o MSN foi o primeiro serviço de vídeos a apostar na distribuição de vídeo online financiada pela publicidade. Não só o MSN, mas o Hulu, que detém conteúdo das grandes redes norte-americanas, provou que o modelo de vídeo na Internet bancado por publicidade é viável. O serviço conta com mais publicidade que o YouTube, por exemplo, que tem audiência significativamente maior. "Anunciantes amam a segurança do conteúdo premium e têm medo do conteúdo gerado pelo usuário", disse.
De acordo com ele, há ainda um problema de padronização neste sentido. Os modelos de publicidade para TV também precisam evoluir para se adequarem à Internet. Para Michaels, em algum momento, um padrão deve ser definido.
O executivo não duvida do modelo pago, lembrando que o próprio Hulu deve ter alguns programas pagos em breve. Ele acredita que alguns conteúdos só são viáveis se forem pagos, tanto na TV quanto na Internet. "A HBO não seria viável de outra forma", lembrou.
Distribuição
Joe Michaels não vê a distribuição de vídeo pela web como ameaça às outras plataformas de distribuição. "Não nos vemos como competidores das empresas de cabo. Há algum overlap, mas nosso negócio é software", disse. Embora tenha admitido que as plataformas disputem tanto a atenção da audiência quanto o bolo publicitário, Michaels disse que se trata de uma concorrência saudável, combinada com parceria. "Nós exibimos e financiamos muitas vezes o mesmo conteúdo".
O executivo alertou o público do evento a não descartar outra forma de distribuição, as redes sociais. Ele lembrou que o Facebook atualmente conta com mais interação que o Google. "Não se esqueçam das redes sociais. São grandes e ainda não estão sendo bem usadas para distribuição de conteúdos", afirmou.

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