O curta-metragem brasileiro "Não Olhe Para Trás", escrito, dirigido e produzido pela jovem cineasta Malu Portela (que estudou na New York Film Academy, nos EUA, e na UFF e na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no Brasil), foi aprovado para a próxima edição do SFC – Short Film Corner, que foi transferida para 2021 por conta da pandemia. O evento corresponde a área de mercado do Festival de Cannes destinada à divulgação da produção cinematográfica em curta-metragem.
O filme retrata a realidade de uma menina de 16 anos, venezuelana, que está grávida de oito meses. Na trama, a protagonista tem apenas 24 horas para atravessar a fronteira com o Brasil e fugir das estatísticas mortais de bebês e parturientes da Venezuela. Segundo dados oficiais do Ministério da Saúde da nação, em 2016 a mortalidade de bebês foi de 30% e, a de mães, 65%.
Para identificar as atrizes mais adequadas aos papéis, a cineasta de apenas 27 anos percorreu por dias a Rua Uruguaiana, no Rio de Janeiro, local onde muitos latinos sobrevivem como camelôs. Mas foi com a ajuda do Projeto Caritás, para refugiados, que ela obteve êxito na missão. A escolhida foi Narazeth Gonzáles, de 15 anos, que assim como a sua mãe na trama e na vida real (Norma Gonzáles), é uma refugiada venezuelana. Durante dois meses, a jovem recebeu aulas exclusivas com o coach de atores Jorge Silpem.
O curta de 15 minutos de duração custou R$12 mil euros – bancados pela própria diretora, que trabalhou em Paris como garçonete, recepcionista de eventos e professora de línguas para reunir os recursos necessários. O filme foi gravado em Aldeia Velha, no Rio, e contou com o envolvimento de mais de 60 pessoas no projeto, sendo que a maior parte da equipe técnica foi constituída por mulheres.
