Entre os dias 30 de maio e 8 de junho, a Cinemateca Brasileira homenageia 14 diretoras documentaristas brasileiras. A mostra "7 Décadas de História" reúne filmes feitos entre a década de 1960 e os dias atuais, realizados por cineastas de diferentes regiões do Brasil. A seleção destaca a diversidade de vozes e abordagens que marcaram e seguem marcando esse campo do audiovisual.
O público terá a oportunidade de assistir a títulos como " A Entrevista" (1967). O primeiro curta dirigido por Helena Solberg será exibido ao lado de seu trabalho mais recente, "Um Filme para Beatrice" (2024), em que revisita sua trajetória cinematográfica à luz das lutas feministas no Brasil. A programação traz três sessões dedicadas à diretora.
Outras cineastas que, como Solberg, iniciaram suas carreiras durante a ditadura civil-militar estão presentes na mostra. Entre elas, Eunice Gutman, cuja filmografia marcada por um viés declaradamente feminista desde os anos 1980 será representada por quatro curtas realizados ainda sob o regime ditatorial. Os filmes abordam temas como o aborto, as performances de gênero e a participação das mulheres na política.
A curadoria também inclui uma sessão de curtas de Norma Bahia Pontes e Rita Moreira, pioneiras no uso do vídeo nos anos 1970 e na abordagem aberta e sem tabus da lesbianidade. Um dos pontos altos desta sessão é a exibição inédita da nova cópia digital de "Bahia Camará" (1968), filme que permaneceu por décadas inacessível ao público. Será também a estreia das novas cópias de três curtas da paraibana Vânia Perazzo recém digitalizados pelo Cine Limite. Já a pernambucana Kátia Mesel, autora de mais de 300 obras – majoritariamente documentais – terá sua produção representada pela cópia restaurada de "Recife de Dentro pra Fora" (1997), uma adaptação audiovisual do poema homônimo de João Cabral de Melo Neto, que revela o olhar singular da diretora sobre a capital pernambucana.
A mostra propõe um diálogo entre a primeira geração de diretoras – em sua maioria ainda em atividade – e cineastas mais jovens, cujos trabalhos vêm renovando a linguagem do documentário e conquistando destaque em circuitos internacionais. É o caso de Maria Augusta Ramos e o seu premiado longa "Justiça" (2004), que será exibido em 35mm. Outro destaque é "Racionais: das ruas de São Paulo pro mundo" (2022), de Juliana Vicente, que se tornou um dos filmes mais assistidos no streaming no Brasil e será exibido na tela externa da Cinemateca, antecedido pelo seu curta "As Minas do Rap" (2015).
A programação é gratuita e os ingressos serão distribuídos uma hora antes de cada sessão.
Curso
Paralelamente à mostra, será oferecido o curso homônimo. Serão duas aulas, nos dias 4 e 6 de junho, uma focada na trajetória de Helena Solberg, com a prof. Mariana Tavares, e outra com um panorama geral da produção de documentários por mulheres no Brasil, com a prof. Karla Holanda. O curso será transmitido ao vivo no YouTube da Cinemateca Brasileira e contará com tradução simultânea em Libras. As inscrições já estão abertas.