A tecnologia 5G proporciona novas possibilidades na indústria de mídia e entretenimento especialmente para produção e distribuição de conteúdo end-to-end. No primeiro dia do Congresso SET Expo 2024, que aconteceu nesta segunda-feira, dia 19 de agosto, discussões giraram em torno dos principais impactos e benefícios que o 5G pode trazer, bem como apostas e tendências de evolução.
Marcelo Fontana, gerente de tecnologia da Globo, assinalou que é possível ter escala do 5G para ter ainda mais benefícios especialmente na aplicação para a etapa de produção e captação de conteúdos, e que o grande case de uso para a empresa hoje está na produção externa. O grupo tem evoluído ao longo do tempo sua visão para esse tipo de produção – falando aqui de captação em shows, grandes eventos, jogos de futebol e competições esportivas em geral – e caminhado, nos últimos anos, para um conceito de produção remota. “Para alguns locais, como grandes centros de eventos, já contamos com um backbone IP que integra. Dessa forma, fazemos uma operação mais simples. Não tem mais aquele carro grandão de produção – essas etapas são feitas somente na emissora, assim como a operação de vídeo. Já evoluímos essa integração de backbone, que pode ser feita com a emissora ou Cloud. Hoje praticamos nas transmissões esportivas esse conceito de produção remota e já bebemos desses benefícios”, contou.
Ainda existe um desafio na montagem desses eventos, que é a quantidade de câmeras cabeadas – de 15 a 20 para jogos de futebol e em torno de 30 para shows – além dos sinais de microlinks e drones, esses sim sem cabos. “Vislumbramos dentro do conceito de produção remota a adoção do 5G privado para que a gente consiga eliminar uma etapa grande de montagem e set up das câmeras previamente ao evento”, adiantou. A presença do 5G privado dentro desses carros e a conectividade com as venues são pontos fundamentais para essa evolução.
A produção remota com 5G privado, nesse caso de produção externa, traria uma série de benefícios, como a redução de tempo de montagem dos sistemas de captação como ele mencionou – que é algo crucial para que isso escale. Hoje, para uma partida de futebol, é necessário chegar ao estádio dois dias antes para fazer todo o cabeamento. Quando houver uma “maturidade bacana com o 5G”, conforme disse o especialista, será possível chegar no mesmo dia do evento. Outro benefício é a possibilidade de realização de merchandising orientado aos provedores de 5G – assim como empresas fora do Brasil já fazem.
Dentro da linha de desafios, a dicotomia entre a qualidade do vídeo transmitido e a latência de rede é o principal – a ideia é conseguir chegar a um meio termo. “O desafio é manter a latência da rede pequena com qualidade de vídeo que precisamos para por os produtos no ar, seja no digital ou broadcast. Quando formos produzir eventos considerando o 5G, a ideia é ter câmeras cabeadas, drones, microlinks e câmeras 5G. Por isso, o casamento de delay entre as fontes de sinal é extremamente importante para produzirmos eventos sem trazer complexidade para a operação”, ressaltou Fontana, citando ainda a infraestrutura de antenas de 5G privado como outro desafio num primeiro momento.