Os empreendedores por trás do Esporte Interativo, projeto criado em 2004 e que, em 2007, virou um canal, são os mesmos que hoje estão à frente da LiveMode, empresa de mídia e marketing esportivo brasileira que, atualmente, gerencia diversos direitos esportivos no Brasil, entre eles o de competições da Federação Paulista de Futebol e da Federação Internacional de Futebol. A empresa nasceu para atender à crescente demanda digital das entidades esportivas, que agora enfrentam um cenário mais complexo e cheio de oportunidades. "Nossa missão é criar novos modelos de negócio no esporte que se sustentarão nas próximas décadas", apresentou Fabio Machado de Medeiros, sócio-diretor e head de produção e conteúdo, durante painel no congresso SET Expo nesta terça-feira, dia 20 de agosto. "Nascemos do bom relacionamento com os principais detentores de direitos do mundo, como COI, FIFA, NFL, UEFA, FPF e NBA, entre outros, com quem mantemos importantes parcerias", acrescentou.
A agência que combina patrocínio, direitos e streaming tem hoje como um de seus projetos mais conhecidos a CazéTV, que surgiu às vésperas da Copa do Mundo da FIFA de 2022, quando, segundo Medeiros, a entidade estava com dificuldades de negociar os direitos de transmissão da competição para o ambiente digital. A CazéTV, como marca propriamente dita, foi criada nesse contexto, e de cara teve essa experiência grandiosa de transmitir o principal campeonato de futebol do mundo. "O trabalho envolve juntar grandes direitos com vozes que são poderosas para a audiência – especialmente o público jovem", revelou o diretor.
A CazéTV alcançou 78 milhões de pessoas somente nos últimos 30 dias – boa parte disso, claro, impulsionado pelas transmissões das edições mais recentes da Eurocopa e das Olimpíadas. Mas é importante destacar que essa soma se refere apenas às transmissões via YouTube. O canal também está presente em outras frentes de distribuição, como Samsung TV Plus, Prime Video e Mercado Play – o que significa que os números são, na verdade, bem maiores. "Em termos de distribuição, estamos sempre olhando para as oportunidades que estão surgindo. Nosso modelo é baseado em publicidade, portanto quanto mais gente assiste, mais valor gera", explicou. Nas redes sociais, os números recentes também são expressivos, com 125 milhões de pessoas alcançadas também nesse recorte dos últimos 30 dias.
Medeiros reforça que a CazéTV segue crescendo e traçou uma curva de evolução de 2022 para cá. Segundo ele, as razões são principalmente os direitos esportivos importantes adquiridos; a linguagem estabelecida, em um primeiro momento pela figura do Cazé e, depois, como marca registrada; e a proposta de ser uma alternativa para o público que quer consumir os conteúdos esportivos de um jeito diferente. Aqui valeria ainda acrescentar a questão da gratuidade, que o diretor não mencionou, mas que especialmente no contexto brasileiro, é bastante relevante.
"Queremos ajudar o esporte a se desenvolver. Nesse sentido, auxiliamos entidades esportivas nesses novos modelos de distribuição, especialmente no ambiente digital. A empresa nasceu nesse contexto em que essas entidades não sabiam ainda como explorar o digital. E queremos deixar um legado para o esporte também. Os mutirões que fizemos nas Olimpíadas para que os atletas tivesses mais seguidores nas redes sociais são um exemplo disso", resumiu o executivo.
"O grande lance hoje é a capacidade de se reinventar no mercado", respondeu o diretor ao ser questionado sobre as perspectivas atuais para a indústria – não só esportiva, mas de mídia e entretenimento em geral. "É a busca pela reinvenção, entendendo comportamentos e conectando pessoas de maneiras diferentes. Não dá para cruzar os braços e achar que tudo vai continuar igual. Hoje, vejo projetos como a CazéTV como complementar a essa indústria. O fato de termos entrado na Copa ou nas Olimpíadas não fez a audiência da Globo abaixar. Pelo contrário. Hoje, querem comparar uma coisa com a outra. Mas são negócios diferentes. É claro que a cobertura da Globo é excelente, mas nós estamos atingindo um outro público, que busca um formato de consumo diferente. Temos que entender as mudanças e nos adaptar nesse cenário que, hoje, é complementar", analisou.
Medeiros concluiu: "Continua tendo espaço para todo mundo, mas terá ainda mais espaço para quem souber se reinventar. Nós brigamos pela relevância atualmente. A concorrência – muito mais 'hard' do que era antes – é pelo minuto da atenção das pessoas. São muitos os estímulos que diluem essa atenção – e justamente por isso a relevância é ainda mais importante. O caminho é ter bons conteúdos e relevantes, entender a forma que esses conteúdos chegam as pessoas e tentar facilitar esse processo".