O Festival do Rio anunciou os ganhadores do Troféu Redentor da edição 2021 da Première Brasil. A cerimônia de entrega aconteceu no último domingo, dia 19 de dezembro, no cinema Estação NET Botafogo.
Foi uma noite de reconhecimento pelo trabalho das mulheres no cinema e da diversidade de produção em regiões distantes do país, como o Amapá, que levou o Troféu Redentor pela animação "Solitude", de Tami Martins e Aron Miranda, na categoria Melhor Curta-Metragem. Uma edição em que o Festival do Rio trouxe – mais uma vez – o cinema brasileiro em lugar de destaque, com a Premiere Brasil – e apresentou, em dez dias, produções capazes de chegar a todos os públicos e fomentar reflexões sobre inclusão social, luta contra o racismo, o sexismo e a homofobia.
Os discursos na entrega dos prêmios enfatizaram a importância de políticas públicas de fomento constantes e o peso econômico e cultural da indústria do audiovisual, lamentando os enormes percalços e ataques ao setor nos últimos anos. A Presidente do Júri da Première Brasil, Patrícia Andrade. comentou logo no início: "O Festival me fez lembrar o quanto nosso cinema é político na essência e a nossa arte é política e revolucionária".
Ao conquistar o seu segundo Redentor na categoria Melhor Longa de Ficção por "Medusa" (foto), a produtora Vânia Cattani lembrou que o seu primeiro prêmio no Festival foi também com uma mulher na direção e afirmou: "'Medusa' foi um barco que me ajudou a atravessar essa tempestade. Que esta visibilidade sirva para a Ancine assinar o documento e liberar o nosso filme". Cattani dedicou o prêmio à Paulo Gustavo e "às mais de 600 mil pessoas que perderam a vida nesse país".
Premiado por seu trabalho em "Mundo Novo", longa-metragem realizado com pouquíssimos recursos e na comunidade do Vidigal – Rio de Janeiro, o roteirista Álvaro Campos resumiu: "a gente joga contra a pandemia, a gente joga contra o desgoverno, mas a gente tá aqui. Enquanto tiver esperança, a gente tá aqui". O filme levou ainda o prêmio de melhor atriz para Tati Villela, protagonista.
Para fechar a noite, ao receber o prêmio de Melhor Direção de Documentário por "Uma Baía", o cineasta Murilo Salles festejou: "Eu que já sou avô, me sinto feito um menino ao me lançar em um projeto como este. Cinco anos de trabalho para dar visibilidade a um Rio de Janeiro que não vemos nas telas. Foi indescritível e emocionante pra mim ver meu filme sobre a Baía de Guanabara, na tela grande, no nosso Festival do Rio".
Análise
Para a diretora executiva de programação do Festival do Rio, Ilda Santiago, o saldo da 23ª edição do evento foi produtivo. "Foi muito bom ver as salas de novo cheias e o público respondendo de forma tão positiva a esta edição presencial. Um reencontro com o cinema e com os amigos. E a gente estava precisando!", comentou com exclusividade para TELA VIVA. "Esperamos que um Festival do Rio presencial tenha sido nossa contribuição para a retomada da cidade do Rio de Janeiro, e um convite para o público retornar às salas", completou.
Sobre o RioMarket, este ano online, a diretora executiva Walkiria Barbosa ressaltou o alcance de um evento de mercado que pode ser acessado pelo mundo inteiro. "Falamos de novos tempos e novos instrumentos para que o audiovisual tenha possibilidades ainda maiores no futuro", disse Barbosa por meio de nota.
Premiação
A Première Brasil – Seleção Oficial contou com um Júri Oficial formado pela roteirista Patrícia Andrade (presidente do Júri), a figurinista Bia Salgado, o diretor Gustavo Pizzi, o montador Quito Ribeiro, e a atriz e roteirista Suzana Pires. Confira os premiados:
Melhor Fotografia: Ivo Lopes Araújo, por "Casa Vazia", de Giovani Borba;
Melhor Montagem: Eva Randolph, por "Uma Baía", de Murilo Salles;
Melhor Roteiro: Alvaro Campos e elenco, por "Mundo Novo", de Alvaro Campos;
Melhor Ator Coadjuvante: Sergio Laurentino, por "A viagem de Pedro", de Laís Bodanzky;
Melhor Atriz Coadjuvante: Lara Tremouroux, por "Medusa", de Anita Rocha da Silveira;
Melhor Ator: Rômulo Braga, por "Sol", de Lô Politi;
Melhor Atriz: Tati Villela, por "Mundo Novo", de Alvaro Campos;
Melhor Direção de Documentário: Murilo Salles, por "Uma Baía";
Melhor Documentário: "Rolê – histórias dos rolezinhos", de Vladimir Seixas;
Melhor Direção de Ficção: dividem o prêmio as diretoras Anita Rocha da Silveira, por "Medusa", e Laís Bodanzky, por "A viagem de Pedro";
Melhor Curta-Metragem: "Solitude", de Tami Martins e Aron Miranda;
Melhor Longa Ficção: "Medusa", de Anita Rocha da Silveira, com produção de Vania Catani, Fernanda Thuran e Mayra Faour Auad;
Prêmio Especial Júri: "Medida Provisória", de Lázaro Ramos.
Já a Première Brasil Novos Rumos contou com um Júri formado pelo diretor Emílio Domingos (presidente do Júri), pela atriz e montadora Alice Furtado e pela produtora Mariana Genescá. Confira os premiados:
Melhor Curta-Metragem: "Chão de Fábrica", de Nina Kopko;
Prêmio Especial do Júri: para a atriz Renata Carvalho, por "Os Primeiros Soldados";
Menção Honrosa: "O Dia da Posse", de Allan Ribeiro;
Melhor Longa-metragem: "Rio Doce", de Fellipe Fernandes.
O Festival do Rio tem o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da RioFilme – órgão que integra a Secretaria de Governo e Integridade Pública-, FIRJAN e TELECINE; parceria da MUBI, Goethe Institut, Berlinale Talents, Embaixada da França no Brasil e Institut Français; e promoção do Canal Brasil, Canal Curta!, Globo Filmes e AdoroCinema. O Festival do Rio é uma realização da Cinema do Rio.