O filme "Alegria do Amor", segundo longa-metragem da diretora Marcia Paraiso (Plural Filmes), conquistou o prêmio de Melhor Filme Nacional pelo voto do público no Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, que encerrou na última quarta-feira, dia 20 de novembro, em São Paulo. Apresentando 93 filmes de 32 países, o festival, que está na 32ª edição, dá visibilidade às questões LGBTQI+ através das artes e produções artísticas de pessoas diversas. "Alegria do Amor" tem previsão de estreia nos cinemas em fevereiro de 2025. Antes, será exibido no Transforma – Festival Internacional de Cinema da Diversidade de Santa Catarina, que acontece de 7 a 18 de dezembro de 2024, em Florianópolis.
O longa, cujo roteiro é assinado por Paraiso ao lado de Glauco Broering, teve a primeira exibição em Portugal, no Festival Itinerante da Língua Portuguesa – Festin Lisboa 2024. Marcia Paraiso também dirigiu e roteirizou o longa de ficção "Lua em Sagitário" em 2015 – vencedor do prêmio Ibermedia e realizado em coprodução com a Argentina. A obra ganhou o prêmio de Melhor Filme de Temática Juvenil no Festin Festival.
A história de "Alegria do Amor" inicia em uma comunidade remanescente de Quilombo, encravada em uma serra sertaneja, em um momento conflituoso com uma empresa mineradora que pretende explorar minério na região. Estatisticamente, o maior índice de violações humanas em territórios indígenas e quilombolas, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), se dá por mineradoras estrangeiras. A protagonista Dulce (interpretada pela atriz Renata Gaspar), uma ex-noviça, é professora de alfabetização de jovens e adultos na comunidade quilombo e é companheira de Davi (Márcio de Paula), liderança local, que é assassinado. Sem perspectiva de lutar pelo território naquela situação de conflito, Dulce foge para São Paulo, pensando em dar visibilidade para a violência que acontece naquelas terras.
Em coerência com a própria temática e proposta narrativa, "Alegria do Amor" possui 70% de sua equipe técnica declaradamente LGBTQIAP+, e agregando profissionais de distintas regiões do Brasil. Além disso, a realização do filme envolveu grande parte da população do povoado Dom Maurício, na Serra do Estevão, as irmãs católicas que vivem no Mosteiro da Santa Cruz e a comunidade quilombola do Sítio Veiga, que atuou junto ao elenco profissional e também apresentou, como parte da narrativa, a "Dança de São Gonçalo".