Apesar de criticar os profissionais do mercado que fazem uso de acordos de coprodução cinematográfica para recuperar investimentos já feitos na obra ou então para angariar mais recursos financeiros, Roberto Stabile, Diretor Internacional da Associação Italiana de Indústrias do Audiovisual e Multimídias, afirmou que o país está bastante aberto para trabalhar em sistema de coprodução, especialmente por conta da “Nova Lei do Cinema” adotada no último ano. O executivo palestrou durante as programações do Gramado Film Market nesta quarta-feira, 22 de agosto.
“Coprodução não deve ser só sistema para angariar mais dinheiro.”, declarou o italiano. “O objetivo das parcerias, e é até por isso que represento a Itália em eventos como esse, é reunir boas ideias e promover um intercâmbio cultural e também econômico, é claro.”, pontuou. Stabile contou que, após 40 anos, o Ministério do país apresentou mudanças legislativas em relação ao mercado cinematográfico, ampliando o apoio do Estado às produções. “Hoje, temos bastante incentivo do governo para produzir, o que somado às tradições culturais da Itália fazem desse um dos nossos melhores momentos.”, comemorou. O tal apoio que ele diz é o valor de 400 milhões de euros por ano garantidos pela lei de apoio à indústria cinematográfica italiana.
O diretor explicou ainda que, por conta dessas mudanças, ainda relativamente recentes, será ainda mais fácil coproduzir com a Itália nos próximos anos. “A nova lei apóia a indústria como um todo, e não só nosso mercado interno.”, detalhou. “Isso é bastante positivo porque, pra mim, não se pode produzir um filme sem apoio do Estado. A China é o único país do mundo capaz de fazer isso: desenvolver seus filmes apenas com a força do mercado, sem investimento do governo.”, citou.
Os planos próximos do mercado audiovisual italiano incluem, além do já citado interesse em ampliar as coproduções, um aumento também do sistema de film commission, para levar empresas estrangeiras para filmarem no país, e o apoio ao distribuidor estrangeiro que fechar negócio para distribuir obras produzidas na Itália. “A nova lei garante aproximadamente 30% do investimento na distribuição bancado por nós, contanto que este valor não ultrapasse os 30 mil dólares, que é o valor máximo destinado a essa questão.”, anunciou Stabile.
A Anica, empresa da qual ele é o diretor internacional, atua recebendo projetos vindos de qualquer lugar do mundo e fazendo a ponte entre os produtores e as empresas italianas que, de acordo com curadoria da Associação, estão mais alinhadas ao projeto apresentado. Os brasileiros interessados podem entrar em contato diretamente com Stabile através do e-mail international@anica.it. (*A jornalista viajou a convite da organização do evento)