Com canais demonstrativos e testes, SES quer incentivar adoção do Ultra HD

Após a decepção do mercado e do público com a tecnologia 3D, que acabou não vingando fora dos cinemas, o UHD se consolidou como a principal tendência para a evolução da qualidade da imagem. As vantagens já são bem conhecidas. Com definição muitas vezes superior ao HD, o UHD oferece maior imersão ao telespectador. Sua adoção em larga escala, no entanto, depende de uma série de fatores. Entre eles, a criação de padrões para a indústria, redução dos preços dos aparelhos de TV e investimentos em captação e transmissão do conteúdo.

"Como toda nova tecnologia, os preços são, inicialmente, altos, tanto para os aparelhos como para a produção. Mas já observamos uma queda dos preços para o UHD em velocidade maior do que a verificado na chegada da tecnologia HD há uma década. A tecnologia de distribuição já está disponível para satélite, cabo e OTT, mas ainda não para o free-to-air (a radiodifusão normal). Isto deve levar um bom tempo ainda, uma vez que o setor ainda está investindo no HD e não existem padrões e definições para a recepção aberta de sinais UHD", diz Jurandir Pitsch, diretor geral da SES no Brasil.

Segundo ele, a empresa enxerga no UHD um dos principais incentivadores da demanda por capacidade satelital nos próximos anos. "Qualquer tecnologia que afeta a distribuição de vídeo traz impactos para os operadores de satélite. Como os sinais de UHD precisam de maior banda para a transmissão, isto tem um impacto positivo no mercado de satélites, porque os provedores de conteúdo irão necessitar de maior capacidade, tanto para a contribuição (distribuição para os cabo operadores) como para a distribuição direta ao assinante (DTH)", avalia o executivo.

Para incentivar a adoção da tecnologia, a SES vem conduzindo uma série de testes de transmissão e lançou neste ano os canais SES UHD Demo Channel e Fashion 4K nos satélies Astra 19,2ºE, Astra 28,2ºE e Astra 5ºE na Europa, onde estão disponíveis de forma aberta e gratuita. Neste mês de outubro, eles passaram a ser transmitidos também na banda C do SES 6, que cobre o Brasil e é utilizado pela Oi. A transmissão também é aberta, mas só pode ser captada por receptores capazes de ler a compressão HEVC. Mantidos pela empresa, os canais servem para mostrar as vantagens do UHD para telespectadores e para demonstrar o funcionamento de uma estrutura de transmissão UHD completa para os clientes da empresa. "A SES já fez inúmeras demonstrações da tecnologia e possui agora canais 24×7 para que clientes possam testar o ecossistema completo", diz o executivo.

Segundo Pitsch, do ponto de vista técnico, o setor de satélites já está pronto para a transmissão 4K e deve desempenhar papel fundamental na massificação da tecnologia. "Como aconteceu com o HD, o satélite foi o primeiro meio a aderir ao UHD e permitir sua transmissão. Isto porque o satélite é um meio de grande largura de banda e com grande flexibilidade. Para transmitir um UHD basta aumentar a taxa de bits transmitida no satélite, uma vez que ele é transparente à tecnologia do conteúdo. Além disso, o satélite possui uma cobertura ampla e permite chegar a todos os pontos do território rapidamente e com a mesma qualidade, o que facilita a distribuição. Os meios terrestres necessitam de mais tempo, uma vez que novos e grandes investimentos devem ser feitos em tecnologias de transmissão.", diz

Ritmo de adoção

Na avaliação do executivo, a massificação do UHD levará cerca de uma década. Ele ressalta que muitos broadcasters ainda estão lidando com os custos da transição para o HD, e não há como garantir que anunciantes pagarão mais em canais com a tecnologia. "Os primeiros canais de UHD estão sendo ativados ainda este ano, inicialmente com canais mais segmentados ou experimentais. Acreditamos que, a partir de 2016, canais de entretenimento também irão iniciar as atividades. Certamente canais esportivos estão analisando o UHD com bastante cuidado. É importante ressaltar que os provedores de conteúdo mais populares e com maior penetração tomam mais tempo para fazer uma mudança tecnológica, uma vez que os investimentos são maiores. Além do mais não é claro se os anunciantes irão pagar a mais para um canal UHD. Muitos ainda estão fazendo a transição para o HD e dificilmente fariam um investimento em UHD neste momento. Assim estamos falando de uma evolução que certamente irá levar uma década".

Para acelerar esse processo, diz, a SES vem trabalhando com a indústria para viabilizar economicamente as transmissões. "Soluções técnicas avançadas de compressão, modulação e transmissão estão sendo trabalhadas com a indústria, não só para garantir uma transmissão tecnicamente perfeita, mas que seja economicamente viável. É importante ressaltar que técnicas de compressão com o HEVC são indispensáveis para que se consiga transmitir essa alta tecnologia a um custo aceitável", diz Pitsch.

Em comunicado publicado em julho deste ano, a empresa estimou em 50 o númeso de canais UHD na América Latina no ano de 2022. "A adoção em maior escala ainda irá levar alguns anos. Com os Jogos Olímpicos Rio 2016, é bastante possível que sejam transmitidos sinais em UHD, para promover a tecnologia. Este tipo de evento é ideal para mostrar a experiência imersiva e a riqueza de detalhes que a tecnologia permite", avalia Pitsch.

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