Série "Quero Ser Veg", que discute veganismo com informação e humor, estreia na TV Brasil

(Foto: Divulgação)

No dia 25 de janeiro, sábado, a série "Quero Ser Veg", com a atriz Mayana Neiva, estreia na TV Brasil. Serão cinco episódios de 26 minutos sobre veganismo e os mitos relativos à alimentação baseada totalmente em vegetais, que já faz parte da vida de cerca de 10 milhões de brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Veganismo. O público poderá assistir à série aos sábados, às 12h30, na TV Brasil, canal de sinal aberto. A série também será transmitida ao vivo pelo app TV Brasil Play e pelo site da emissora. Essa é a primeira série sobre veganismo a ser exibida em canal aberto no Brasil e conta com a criação e direção de Cíntia Domit Bittar.

Mesclando diversão e informação, a série documental criada e produzida pela Novelo Filmes (de Florianópolis/SC) aborda os principais motivos alegados para não aderir ao veganismo por pessoas que flertam com a ideia. Cada episódio explora um mito diferente difundido sobre essa alimentação: o preço elevado para comer bem; a suposta falta de praticidade em manter uma dieta vegana; a falta de sabor nas refeições; o valor nutricional insuficiente; e a percepção de que é apenas uma "modinha".

Na série, Mayana Neiva aprende a cozinhar receitas com Dani Lima, chef de cozinha, e ainda vai a feiras para fazer as compras para preparar os pratos e visita restaurantes com o objetivo de desconstruir cada um desses mitos. Os episódios também contam com depoimentos de especialistas e pessoas comuns que compartilham suas visões e experiências sobre o veganismo. Assista ao teaser:

"Convidamos Mayana Neiva por seu talento no improviso e habilidade em comunicação, e também por já termos trabalhado juntas em outras produções. Eu sou vegana há quase 15 anos e sempre soube do interesse dela pelo tema, o que reflete perfeitamente o público-alvo da série: que são pessoas que simpatizam com o veganismo, mas ainda enfrentam barreiras para aderir", explica Bittar, criadora e diretora, que é vegetariana desde 2007 e vegana desde 2012. Suas sócias na Novelo Filmes, Ana Paula Mendes (produtora da série) e Maria Augusta V. Nunes (roteirista e produtora associada) são vegetariana e vegana, respectivamente.

Importância do projeto, sua origem e próximos planos

Em entrevista exclusiva para Tela Viva, Bittar falou sobre a importância da estreia da série na televisão: "Eu entendo que a TV aberta tem esse poder de conexão com as pessoas e pode difundir temas relevantes para um público muito amplo e muito diverso. Em nosso caso, ganha um caráter mais especial porque não estamos falando apenas de TV aberta, mas da TV pública brasileira, a TV Brasil. Então é uma oportunidade poderosa de promover um tema que tem impacto direto na saúde, no meio ambiente e na ética social, no direito dos animais e também na economia. Abordar o veganismo nesse espaço é também uma forma de enriquecer as conversas sobre escolhas conscientes frente à desinformação e mitos".

Ela ainda analisa: "Sabemos muito bem o quanto publicidades televisionadas e filmes propagaram o consumo do cigarro, com, inclusive, médicos fumando em cena. Hoje, isso é totalmente impensável. Então é possível que, no futuro, vejamos com grande estranhamento consumir carne do jeito que é consumido nas últimas décadas. E o audiovisual pode apresentar essa alternativa às pessoas de formas bastante amplas, desde o que é mostrado na tela, por exemplo, nas refeições de personagens, até trabalhando o tema em si na ficção e no documentário. E, friso, não são poucos os relatos de pessoas que deixaram de comer carne a partir de um filme". Entre os exemplos de produções, ela citou o documentário brasileiro "A Carne É Fraca", de 2005, produzido pelo Instituto Nina Rosa e dirigido por Denise Gonçalves e, no âmbito internacional, "Cowspiracy" (2014), "Game Changers" (2019), "The End of the Line" (2009) e a recente série da Netflix "Você é o que Você Come: As Dietas dos Gêmeos" (2024).

A diretora explicou que iniciou seu processo de adesão ao veganismo em 2007, ao participar da equipe de um documentário que a levou a passar dias na indústria da carne suína. Desde então, pensou muito sobre como realizar uma obra audiovisual que abordasse o tema. "Portanto, a ideia do 'Quero Ser Veg' é bastante antiga e encontrou no edital das TVs Públicas 2018 a oportunidade de ser realizado, pois havia uma linha que era exatamente programa de culinária que trate de temas tais como: dietas alternativas, aproveitamento pleno de alimentos e/ou nutrição funcional", lembrou. "O projeto foi contemplado, mas sabemos todo o imbróglio relacionado a esse edital que chegou a ser ameaçado de suspensão total pelo então ministro Osmar Terra e o ex-presidente Bolsonaro. Com muito atraso, recebemos o recurso e conseguimos filmar, então é uma alegria imensa estar com a obra estreando", celebrou.

Além de "Quero Ser Veg", a produtora pretende realizar outras obras que abordem diretamente o tema, encarando como um assunto de altíssima relevância para o debate público. "É também uma expressão de nossos valores, já que na Novelo Filmes somos três sócias, duas veganas e uma vegetariana. É algo que poucas vezes trouxemos em evidência, mas que nos guia nesse desejo de aproveitar o que sabemos fazer, nosso ofício, para propagar essa visão na qual acreditamos", ressalta.

Informação e entretenimento  

Bittar ainda destacou que o desafio de equilibrar uma abordagem séria, com informação de qualidade, mas também divertida, de forma a entreter o público, foi interessante. "O tom leve e bem-humorado foi um objetivo que conseguimos muito devido à Mayana, que é divertidíssima e muito talentosa no improviso. Trabalhamos juntas em algumas produções desde o curta-metragem 'O Tempo que Leva', em 2013, e nos tornamos amigas. Então eu sei que é genuína essa vontade dela de aderir ao veganismo e toda sua simpatia pelo movimento. Portanto, o público vê que é genuíno e se identifica com essa busca, facilitando a produção do humor e do entretenimento', avalia.

A diretora assinalou que também foi uma preocupação criar uma estrutura bastante dinâmica para os 26 minutos. "Em cada episódio, Mayana aprende três receitas diferentes com chef Dani Lima, sempre relacionadas ao mito da vez. Ela cozinha de um jeito muito divertido e não tem vergonha de dizer que não sabe alguma coisa. E ainda temos depoimentos muito diversos, que contribuem para quebrar esses mitos, sendo que nem todas as pessoas ali são veganas. Algo que facilitou foi filmar em Florianópolis, nossa cidade, que é bastante amigável em relação ao tema".

Por fim, ela conclui: "Eu acho muito importante obras que mostram a crueldade com os animais e os imensos danos ao planeta e à sociedade de forma muito explícita. Acho fundamental. Mas aqui realmente quisemos explorar esse outro tipo de abordagem. Na minha experiência pessoal, influenciei mais pessoas a aderirem ao veganismo ao demonstrar que pode ser simples, gostoso e barato do que de qualquer outra forma. Porque é isso. Muitas vezes, não é sobre convencer pessoas que estão radicalmente opostas no campo das ideias, mas aquelas que estão ali, no meio do caminho". Mas acrescenta: "Claro que, aqui, eu deixo a enorme ressalva de que quando me refiro aos consumidores, foco naqueles que têm a condição da escolha, e isso significa ter recurso financeiro e informação".

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