"Christabel", primeiro longa de ficção de Alex Levy-Heller, estreia nos cinemas

Estreia nos cinemas nesta quinta-feira, dia 25 de fevereiro, "Christabel", romance dirigido por Alex Levy-Heller ("Jovens Polacas", "O Relógio do Meu Avô"). O filme – primeiro longa de ficção do diretor – traz uma atmosfera de mistério em uma narrativa inspirada no clássico poema vampírico homônimo escrito no século XVIII pelo britânico Samuel Taylor Coleridge (1772-1834). Com produção da Alelo Filmes e distribuição da Pipa Pictures, a obra traz no elenco principal os atores Milla Fernandez, Lorena Castanheira e Julio Adrião. Assista ao trailer:

Na livre adaptação da obra de Coleridge, ao invés da Inglaterra do século XVIII, a história se passa no coração do Brasil atual; o castelo do Barão agora é um lar humilde no Cerrado; O Barão é um pobre trabalhador rural, Seu Leonel (Julio Adrião), que vive com sua filha, a jovem Christabel (Milla Fernandez). A personagem Geraldine (Lorena Castanheira) aparece como uma mulher misteriosa, livre e independente, que abala as relações e estruturas pré-estabelecidas que pesam sobre Christabel e seu pai. 

"Sou fã de cinema fantástico e adoro ler sobre vampiros, lobisomens e fantasmas. Buscando histórias para contar em forma de ficção – já tinha feito documentários e queria dirigir uma ficção, que é o que eu realmente gosto de fazer – encontrei 'Christabel'. O poema é uma das primeiras obras literárias onde a figura do vampiro aparece como um personagem – antes ele só estava nos contos, nas histórias passadas no boca a boca – e na forma de uma mulher, o que é ainda mais interessante. E sua vítima também é uma mulher. Isso, para a época em que o poema foi escrito, formava um conjunto de ingredientes explosivos. É uma obra de extrema importância, abraçada pelo movimento feminista. Isso brilhou pra mim. Soube na hora que aquele era o roteiro que eu teria que fazer", conta o diretor e roteirista, Alex Levy-Heller, em coletiva de imprensa virtual realizada na manhã desta terça-feira, 23 de fevereiro. 

"Além disso, o poema surgiu como algo viável de se adaptar – eram poucos personagens envolvidos, por exemplo. Então tive a ideia de trazer para os dias atuais, no interior do Cerrado brasileiro. A Lorena (Castanheira), que além de atuar no filme, é nossa produtora, é de Goiânia. Fomos para uma realidade que já conhecíamos. Adaptar para a realidade brasileira não foi complicado – os temas do poema continuam atuais, e no Brasil de hoje, mais ainda", reflete Levy-Heller. "Contamos com um elenco pequeno, poucas locações e poucos equipamentos. O filme foi feito com recursos próprios, não contamos com verba de edital, então ele não poderia ser muito custoso", completa. Castanheira acrescenta: "Fomos muito felizes em todas as nossas escolhas e o fator sorte esteve do nosso lado também. Ao todo, foram somente 12 dias de filmagem – para um longa de 1h47 de duração, é bem pouco. Para isso, tivemos um mês inteiro de ensaios bem intensos. Para que, na hora de filmar, as coisas acontecessem de forma ágil". 

Na trama, a chegada de Geraldine afeta drasticamente a dinâmica da casa numa triangulação de relações onde tanto Christabel quanto seu pai são influenciados por ela. Seu Leonel, o típico homem da roça, acostumado com a dureza e amargura da vida, vê em Geraldine uma ameaça à estrutura patriarcal na qual se sente confortável, ao mesmo tempo em que é seduzido pelos encantos da bela mulher. Já Christabel é atraída não somente pela áurea refletida por Geraldine, mas também por suas ideias de liberdade, independência e de uma nova posição da mulher na sociedade. Geraldine mexe com os instintos de Christabel, desestabilizando suas convicções e promovendo ruptura das tradições. Milla Fernandez, intérprete de Christabel, comenta: "Gosto da forma como o feminino é tratado no filme. Nós não nos prendemos apenas ao papel social da mulher – e sim mostramos seu lugar de potência, como parte da natureza mesmo. Existe uma consciência do feminino para além do corpo, uma ideia que vai para um lugar muito maior que esse. Foi um processo muito desafiador, não apenas por ser meu primeiro trabalho profissional na vida, mas porque Christabel é o oposto de mim. O processo de ensaio foi realmente intenso e essencial para o resultado". Para Castanheira, que faz a Geraldine, o ponto positivo foi o diretor ter deixado as atrizes em aberto para construir ao pouco suas personagens: "Ele não limitou nosso processo de construção, nós fazíamos perguntas o tempo todo. As duas personagens ficaram grandes porque você não consegue decifrar o que está por trás das duas". 

Coleridge não chegou a finalizar sua obra – o poema é inacabado. Coube ao diretor e roteirista do filme criar um final próprio, num exercício de imaginação de como o poeta teria escrito. 

"Christabel" percorre o circuito de festivais desde 2018 – naquele ano, foi eleito Melhor Filme pelo Júri da Crítica do XXII Cine PE, em Recife, e Melhor Filme pelo Júri Popular no Rio Fantastik, no Rio de Janeiro. Participou ainda da seleção oficial do 36º Reeling Chicago, Santo Domingo Outfest, Omovies, Serile Filmului LGBT e Crash International Fantastic Festival. Mais tarde, passou ainda pelo 5º Caruaru Iberoamerican Film Festival, onde ganhou o prêmio de Melhor Fotografia; pelo Festival de Cinema de Petrópolis (2019); pelo 42º Festival Guarnicê de Cinema – Mostra Política e pela Mostra MacaBRo (2020). 

A estreia nos cinemas está marcada para esta quinta-feira, dia 25 de fevereiro. Depois, a previsão é que o filme seja exibido pelo Canal Brasil e, mais tarde, esteja disponível nas plataformas digitais. 

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