Próximos grandes eventos esportivos influenciam cronograma de lançamento de 5G na América Latina

O 5G transformará a experiência esportiva dos torcedores nos estádios e em casa nos próximos anos. Essa foi a principal conclusão da pesquisa realizada pela Ovum para Amdocs, fornecedora de software e serviços para empresas de comunicação e mídia, apresentada para a imprensa durante evento em São Paulo nesta terça, 23.

O estudo ouviu executivos C-level de 60 das 100 maiores operadoras do mundo, responsáveis por áreas como marketing, TI e redes e telecomunicações. Das empresas entrevistadas, nove estão entre as principais da América Latina, sendo duas brasileiras. Foi constatado que quase metade dessa fatia – 44% – pretende possuir uma equipe voltada aos esportes na era 5G à medida que procuram ampliar seu envolvimento no universo esportivo. Inclusive, 55% das latino-americanas afirmam que os próximos grandes eventos esportivos estão influenciando seus cronogramas de lançamento 5G, com 89% delas planejando colocar o serviço no mercado até o final de 2020 e 100% declarando interesse em testar a nova tecnologia em locais esportivos e eventos de eSports até a mesma data.

A partir daí, é possível concluir que haverão investimentos crescentes em conectividades e serviços 5G em estádios e demais locais que recebem jogos, partidas e campeonatos. Para Renato Osato, vice-presidente da Amdocs, os eventos esportivos seriam o grande foco das operadores móveis no lançamento do 5G por uma série de fatores: esporte é um tema de interesse massivo; suas transmissões ao vivo demandam grande capacidade de rede; há necessidade de conectividade de espectadores e organizadores dentro dos estádios; e trata-se de um mercado no qual marcas e grupos de mídia estão sempre dispostos a investir.

A experiência do torcedor pode mudar com a chegada do 5G tanto dentro quanto fora de casa. Dentro dela, isso será causado pelo fato de que 67% das operadoras latino-americanas estejam planejando oferecer novos serviços de streaming de vídeo por assinatura e multitela de TV por assinatura – isso porque o 5G melhorará a qualidade da TV e do vídeo para dispositivos móveis e aumentará o alcance do conteúdo móvel disponível para o público. Com a possibilidade de velocidades até dez vezes mais rápidas e latência menor do que a 4G, o 5G abre ainda possibilidades para novos tipos de entretenimento dentro dos estádios – o público poderá, por exemplo, assistir a replays instantâneos e streams 360 graus, ou ainda procurar estatísticas de jogadores por meio de tecnologia AR e VR, que também são citadas na pesquisa: mais de três quartos das operadoras da América Latina, 78%, planeja usar realidade virtual em 5G e 56% delas pretende usar a realidade aumentada em 5G para oferecer experiências de visualização mais ricas aos fãs. É claro que, dentro desse cenário, os eSports também devem ganhar mais espaço – 89% das operadoras deseja apoiar experiências com esse mercado na era 5G, como transmissores de eventos (78%), como parceiros de tecnologia (56%) ou até como patrocinadores e compradores de equipes (22%).

"Parceria" foi um tema também explorado no estudo, com 100% das operadoras latino-americanas demonstrando interesse em estabelecer acordos com estádios e locais de competições; 44% planejando parcerias com empresas de video game; 33% pensando em parcerias com fabricantes de dispositivos; e 89% considerando parcerias com canais de transmissão e OTTs em sua busca pela transformação na maneira de entregar a cobertura de esportes para os consumidores.

Negócios

Segundo a pesquisa, as operadoras estão bastante otimistas diante da chegada do 5G – isto porque 22% das latino-americanas acreditam que o 5G impulsionará o crescimento em termos de receita média por usuário (ARPU); 11% afirmam que ele trará maior fidelização dos assinantes e outros 11% confiam em uma consequente promoção da marca no exterior para apoiar seus planos de expansão. Considerando os dados globais, e não apenas da América Latina, 15% apostam ainda em uma melhora da percepção de marca junto aos consumidores mais jovens.

Entre os serviços que elas ofereceriam aos clientes, especialmente no que diz respeito aos esportes, estão itens como transmissão paga em múltiplas telas (67%), assinatura de vídeo OTT (78%), transmissão ao vivo em 4K ou 8K (67%), cobertura de bastidores (33%) e vídeo OTT bancado por publicidade (22%). Os dados se referem, mais uma vez, às operadoras na América Latina.

É óbvio que oferecer esse serviço ao consumidor demandará investimentos altos por parte das operadoras e esforços no que diz respeito a questões de infra-estrutura. E elas reconhecem isso. Quando as empresas latino-americanas foram questionadas sobre os desafios de rede em relação aos novos serviços 5G para esportes e eSports, as principais preocupações citadas foram os custos de construção de rede, o retorno dos investimentos e a criação de um suporte eficiente para a indústria do multicast. Em termos de desafios relacionados ao TI, o gerenciamento de ponta a ponta dos serviços relacionados a esportes foi considerado um desafio-chave por 55% das operadoras, seguido pelo gerenciamento de fatiamento de rede citado por 44% delas. Nesse contexto, 78% delas veem os sistemas de gerenciamento de receita e plataformas de big data como importantes no sentido de ajudá-las a atingir objetivos de retorno de investimento para 5G. E, para acelerar a popularização da nova tecnologia, 33% das operadoras latino-americanas estariam dispostas a subsidiar smartphones com essa tecnologia; outros 22%, os tablets; e 44%, os devices de SmarTV.

Conclusões

Uma vez que o estudo ouviu apenas duas empresas brasileiras – provavelmente aquelas que serão as primeiras a trazer o 5G para o mercado nacional – é inevitável pensar que, diante dos necessários investimentos para a adoção da tecnologia, a indústria das operadoras precise lidar com um novo tipo de concorrência. Para o vice-presidente da Amdocs, certamente acontecerão mudanças: "Como não são todas as empresas que conseguirão arcar com os investimentos necessários, acredito que elas agirão com mais cautela, talvez um certo conservadorismo. Podem acontecer fusões ou movimentos no sentido de algumas se tornarem mais nichadas, por exemplo.".

Já para Gary Miles, diretor de marketing da Amdocs, "é essencial que as operadoras encontrem casos de uso bem-sucedidos para o 5G, dado os níveis de investimento.". Ed Barton, analista chefe de consumo e entretenimento da Ovum, completa: "O 5G não é apenas uma nova tecnologia sem fio de um provedor de equipamentos de rede, é uma transformação fundamental de redes móveis, infraestrutura e modelos de negócios. A indústria tem dois anos ou menos para acertar se quiser atingir um sucesso arrebatador.".

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