"O Brasil precisa olhar para o VOD além da Netflix e dos players da América do Norte. A China é um excelente mercado."

O primeiro dia do seminário "Panorama do VOD no Brasil" teve, entre sua programação, uma mesa de debate intitulada "Alternativas de VOD". O bate-papo foi conduzido por Tereza Trautman, do Cinebrasil TV, Sabrina Nudeliman, da Elo Company, Luiz Bannitz, da LOOKE, e Mauricio Ramos, do SPCine Play. A ideia era trazer a visão dos produtores em relação à regulação do VOD no Brasil e avaliar as alternativas de players que vão além dos gigantes do setor, como Netflix e Amazon.

Tereza Trautman abriu a mesa afirmando categoricamente a posição das produtoras brasileiras a favor da regulação do VoD no país: "Essa é uma questão urgente. Sem uma regulação, as autoridades seguram os pequenos players, enquanto os grandes nadam de braçada no mercado. E, assim, as obras não conseguem completar seu ciclo, que terminaria no VoD. A situação atual do VoD se assemelha à do cinema 45 anos atrás.".

Já Sabrina Nudeliman contextualizou uma questão importante: "O que existe no mercado do VoD para além dos gigantes?". Para responder brevemente a essa pergunta, ela apresentou uma lista das plataformas que existiam no começo do segmento, em 2010, com as pioneiras YouTube, Hulu e Netflix, e uma lista mais recente, de 2016, que mostra um aumento gigante no número das mesmas e a entrada de players de social media na disputa.

"Os players que mais compram conteúdo brasileiro estão no continente asiático e são de países como China e Coréia. Por isso digo que precisamos olhar muito além da Netflix e dos players da América do Norte", alertou Sabrina. O fato de que a China é hoje o maior mercado digital do mundo endossa essa afirmação. "Além disso, é necessário lembrar que os estúdios também entraram para esse mercado, e que hoje produtores, estúdios e plataformas misturam seus papéis dentro do VoD. A plataforma da Disney, por exemplo, é mais vantajosa para quem quer comercializar conteúdo infantil do que a Netflix", completou.

A executiva ainda apresentou as chamadas "plataformas de nicho", isto é, players de VoD destinados a um público específico e que, na opinião dela, devem ser mais explorados pelos produtores do Brasil. Como bons exemplos ela citou a Curiosity Stream e a Revry, esta destinada ao público LGBT.

A própria SPCine Play, representada por Mauricio Ramos no evento, é um exemplo de plataforma de nicho, uma vez que restringe seu conteúdo ao cinema nacional. Operandocomo player, ela conta hoje com importantes parceiros operacionais e tecnológicos na missão de fazer a obra brasileira, especialmente paulistana, circular.

Falando em produção brasileira, os debatedores concordam que a regulação do VoD no país ajudaria nesse sentido, uma vez que facilitaria o caminho para digitalização do acervo de conteúdo nacional e aumentaria a obtenção de recursos para novas produções nacionais e desenvolvimento para os players locais. "Na regulação, a plataforma teria mais ou menos o papel das distribuidoras de filmes para cinema no quesito remuneração. O problema é que, hoje, o produtor está sem saber o que fazer", finalizou Trautman.

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