A Associação Nacional das Distribuidoras Audiovisuais Independentes (Andai) divulgou uma carta aberta manifestando preocupação com a falta de editais de comercialização da Ancine desde 2018. A entidade alerta que, sem recursos para campanhas de marketing, mais de 300 longas-metragens produzidos com verba da Lei Paulo Gustavo podem não chegar ao grande público.
“Exemplos como o de ‘Ainda Estou Aqui’, que conquistou o grande público e acumulou premiações, incluindo indicações ao Oscar, só são possíveis devido a altos investimentos em marketing e distribuição”, afirma a Andai na carta. A associação defende que, sem um ecossistema que garanta suporte às campanhas, “mesmo as produções mais promissoras podem se perder no caminho”.
De acordo com a entidade, as distribuidoras independentes enfrentam dificuldades para planejar os lançamentos de 2025. A falta de previsibilidade e de recursos coloca em risco a sustentabilidade das empresas e o acesso da população a filmes nacionais.
Na carta aberta, a Andai reforça os pontos apresentados na Carta de São Paulo, divulgada durante a 48a Mostra Internacional de Cinema, e pede apoio da imprensa e da sociedade. A associação reivindica:
- Retomada dos editais de comercialização da Ancine;
- Dobrar o investimento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) em comercialização e difusão;
- Políticas públicas que contemplem diferentes tamanhos e perfis de lançamento, com investimento mínimo de R$ 250 mil por projeto;
- Fortalecimento da formação de público e promoção do acesso aos filmes brasileiros.
“Sem distribuição, não há acesso. Sem acesso, não há reconhecimento”, afirma a Andai.
Leia abaixo a carta na íntegra:
Carta Aberta da ANDAI – Apelo à Imprensa
“Ainda Estamos Aqui”: enquanto o mercado e o Brasil celebram o sucesso do filme de Walter Salles, centenas de filmes estão sem recursos para distribuição
A Associação Nacional das Distribuidoras Audiovisuais Independentes (ANDAI) vem a público manifestar sua preocupação com a falta de editais de comercialização por parte da ANCINE desde 2018. Este cenário coloca em risco o lançamento comercial de filmes nacionais, em especial das produções independentes, que representam a diversidade e a riqueza cultural de nosso país.
A previsão de produção de mais de 300 longas-metragens através dos recursos da Lei Paulo Gustavo é um marco para o setor. Contudo, a ausência de previsão de recursos destinados às campanhas de marketing coloca em xeque o alcance dessas obras junto ao grande público. Sem estratégias de distribuição e investimentos adequados, esses filmes correm o risco de não encontrarem audiência, comprometendo não apenas o retorno financeiro, mas também a formação de um público fiel ao cinema nacional.
Exemplos como o de “Ainda Estou Aqui”, que conquistou o grande público e acumulou premiações, incluindo indicações ao Oscar, só são possíveis devido a altos investimentos em marketing e distribuição. Sem um ecossistema que garanta o suporte a essas campanhas, mesmo as produções mais promissoras podem se perder no caminho.
Atualmente, as distribuidoras independentes associadas à ANDAI enfrentam um futuro incerto para os lançamentos comerciais de 2025. A ausência de previsibilidade e recursos coloca em risco não apenas a sustentabilidade dessas empresas, mas também o acesso da população brasileira às obras que refletem sua própria cultura e identidade.
Diante disso, a ANDAI reforça os pontos apresentados na Carta de São Paulo, divulgada durante a 48a Mostra Internacional de Cinema, e conclama a imprensa e a sociedade a apoiarem a distribuição independente no Brasil. É urgente:
1. Retomar a regularidade dos editais de comercialização, garantindo linhas de apoio previsíveis e contínuas para distribuição de filmes nacionais;
2. Dobrar o valor de investimento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) destinado à comercialização e difusão;
3. Estabelecer políticas públicas que contemplem a diversidade de tamanhos e perfis de lançamento, assegurando investimento mínimo de R$ 250 mil por projeto;
4. Fortalecer a formação de público, promovendo o acesso aos filmes brasileiros tanto nas salas de cinema quanto em outras plataformas.
Sem distribuição, não há acesso. Sem acesso, não há reconhecimento. É fundamental que o mercado audiovisual brasileiro seja tratado com a seriedade e o respeito que merece, garantindo que nossos filmes cheguem às telas e ao coração dos espectadores.
A ANDAI permanece à disposição para o diálogo e para a construção de um mercado audiovisual mais justo e plural. Contamos com a imprensa como parceira nesta jornada de valorização e fortalecimento do cinema brasileiro.
Por um futuro onde o cinema brasileiro brilhe em todas as telas!
Atenciosamente,
ANDAI – Associação Nacional das Distribuidoras Audiovisuais Independentes