Crime que chocou Brasília há 15 anos ganha série documental no Globoplay

Adriana Villela em entrevista para a série documental "Crime da 113 Sul", do Globoplay (Foto: Globo/ Divulgação)

Em 28 de agosto de 2009, Brasília foi palco de um dos crimes mais brutais de sua história. Num apartamento na quadra 113 da Asa Sul, três pessoas foram assassinadas com mais de 70 facadas. As vítimas foram o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), José Guilherme Villela; sua esposa, Maria Carvalho Villela; e a empregada do casal, Francisca Nascimento da Silva. Villela, que havia atuado na defesa do ex-presidente Fernando Collor (sem partido) durante o processo de impeachment, era uma figura conhecida nos bastidores jurídicos de Brasília.

A série documental "Crime da 113 Sul", disponível no Globoplay desde o último fim de semana, revela vídeos e depoimentos inéditos que expõem fragilidades ao longo da investigação, que envolveu três delegacias e não respondeu a todas as dúvidas sobre a participação dos condenados pela Justiça.

Em quatro episódios, os jornalistas da TV Globo de Brasília revisitam as mais de 16 mil páginas do processo e entrevistam testemunhas, advogados, delegados e promotores responsáveis pelo caso, além de alguns dos condenados, entre eles, a filha do casal, Adriana Villela, acusada de ser a mandante do crime. Avessa a conversas com a imprensa, Adriana apresenta pela primeira vez, com detalhes, sua versão sobre as conclusões da investigação. Durante a apuração, a equipe encontrou novos elementos e uma testemunha que foram ignorados pela polícia, o que pode ter prejudicado a elucidação do caso. "O que se destaca é a maneira como a gente decidiu contar essa história. Não é um documentário sobre o crime nem sobre a investigação da polícia. Nós fizemos a nossa própria investigação sobre o caso e mostramos ponto a ponto as nossas descobertas ao longo dos quatro episódios", explica Luiz Avila, diretor de Jornalismo da TV Globo em Brasília e diretor do documentário.

Em 2010, dois suspeitos confessaram os assassinatos: Leonardo Campos Alves, ex-porteiro do prédio; e seu sobrinho, Paulo Cardoso Santana. Ambos, inicialmente, afirmaram que invadiram o apartamento do casal para roubar joias e dólares. Depois mudaram o depoimento e passaram a afirmar que o assassinato foi encomendado pela filha das vítimas, Adriana Villela, que teria planejado o crime para ficar com o patrimônio da família. As várias versões acabaram levantando dúvidas sobre a credibilidade das confissões. As investigações também foram marcadas por polêmicas, incluindo acusações de tortura por parte de investigadores, o uso de uma vidente para apontar suspeitos e a prisão de uma delegada por forjar provas. "Inicialmente pensamos no documentário para revisitar um caso emblemático 15 anos depois. Conforme fomos avançando na história, observamos que de fato existem muitas dúvidas, muitos buracos, que muita coisa não é exatamente aquilo que a polícia e o noticiário da época faziam parecer. O documentário foi passando por uma transformação ao longo da apuração. E tivemos a preocupação de fazer um trabalho sem querer pressionar um lado ou outro. Então, o documentário promove um diálogo o tempo todo entre a acusação e a defesa. A acusação fala, a defesa rebate e vice-versa", conta o roteirista Reynaldo Turollo Jr.

O caso ainda pode sofrer reviravoltas. Paulo, um dos condenados, afirmou à ONG Innocence Project que Francisco Mairlon, outro réu, é inocente e que sua incriminação foi forjada. A defesa de Mairlon busca sua absolvição e consequente libertação. Paulo também voltou atrás em suas acusações contra Adriana, que aguarda em liberdade o julgamento de seu recurso no Superior Tribunal de Justiça, marcado para começar em 11 de março deste ano.

A série documental "Crime da 113 Sul" tem direção de Luiz Avila; roteiro de Joelson Maia e Reynaldo Turollo Jr, que também conduz as reportagens com Gabriel Tibaldo; fotografia de Marcos Silva; e produção executiva de Fátima Baptista e Clarissa Cavalcanti.

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