Estudo do Canal Brasil identifica necessidade de aumentar alcance das produções brasileiras

Como parte das comemorações ao Dia do Cinema Brasileiro, celebrado em 19 de junho, o Canal Brasil lançou uma campanha nas redes com o mote "O Cinema Brasileiro é nosso; o Canal Brasil é nosso", com veiculação nos perfis oficiais do canal e nos seus intervalos e futuros desdobramentos ao longo do ano. Além disso, o canal também produziu um estudo sobre o cenário e o consumo das produções audiovisuais do país, que está disponível na íntegra na Plataforma Gente

A pesquisa identificou os perfis de seus consumidores e, paralelamente, das produções brasileiras em geral, para entender o que os aproxima e o que os distancia dessas obras. O estudo mapeou ainda as preferências de conteúdo da população do país, já que 82% de todos os entrevistados consomem frequentemente filmes e séries nacionais. Outro dado muito expressivo retratado é que para mais da metade, filmes (62%) e séries (57%) brasileiros não podem faltar em um serviço de vídeo. O objetivo do estudo foi compreender um pouco mais como os brasileiros são cativados pelas obras produzidas no nosso país e quais os motivos que os fazem assisti-las. 

"Acho super relevante avaliarmos o nosso cinema após a grande crise que todo o setor cultural viveu nos últimos dois anos. O conhecimento é sempre uma arma poderosa na evolução. É importante olharmos o quanto avançamos até aqui e entender se estamos nos comunicando com o público que queremos atingir, que parcelas da sociedade são impactadas pelas nossas produções e olhar para o futuro para entender como é possível fazer o cinema brasileiro tocar cada vez mais um público maior e diversificado. Acredito que essa pausa forçada no setor cultural durante a pandemia abriu novos horizontes, possibilidades e olhares que podem ser aproveitados em produções futuras para reforçar ainda mais nossa identidade junto aos brasileiros", analisou Camila Roque (foto), Gerente de Marketing do Canal Brasil, em entrevista exclusiva para TELA VIVA. 

Consumidor ativo é mais maduro e financeiramente estável 

Um dos perfis traçados entre os consumidores do Canal Brasil é aquele dos que mais consomem conteúdos audiovisuais brasileiros, chamado de consumidor ativo. É um perfil mais maduro e financeiramente estável, representado majoritariamente pelo gênero masculino e pertence às gerações X e Y. Entre os consumidores ativos, 51% são homens; 26% têm mais de 45 anos (sendo 38 anos a idade média entre eles); 31% têm ensino superior completo e apresentam renda pessoal média mais alta que os demais. 

Diante dos dados, Camila observa: "A gente percebe no consumo de cultura e de cinema brasileiro a desigualdade que vivenciamos na nossa sociedade. O que vemos hoje é que há uma oferta maior de filmes e séries brasileiras na TV por assinatura, no streaming e on demand, fazendo com que o público AB tenha mais acesso a este conteúdo. Fora que os cinemas alcançam também uma parcela pequena da sociedade. A nossa produção precisa ser valorizada e incentivada por órgãos públicos e privados, já que sabemos que é uma indústria forte e extremamente competente. Enxergar essa potência como um investimento na economia e no futuro do país é essencial para que a indústria audiovisual se fortaleça ainda mais, gere mais empregos, oportunidades e mostre todo o potencial criativo e cultural do Brasil. Quanto mais investimentos tivermos na capacitação dos profissionais, nas produções e na divulgação e distribuição do que produzimos, mais gente iremos atingir". 

Outros perfis identificados pela pesquisa são o intermediário, perfil que se posiciona entre o consumidor ativo e o não consumidor, e o não conhecedor, composto pelos brasileiros que não conhecem o Canal Brasil, e, por consequência, são menos alcançados por conteúdos e produções nacionais. Entre eles, estão os mais jovens, com um perfil mais feminino e em maioria pretos e pardos, o que destaca uma clara questão de raça e gênero. 

Mulheres são maioria no perfil "não conhecedor"

Na parcela dos não conhecedores, 64% são mulheres – o que provavelmente está ligado a problemas históricos de desigualdade de gênero. "Como mostrado na pesquisa, as mulheres têm a renda mais baixa e os conteúdos nacionais estão mais disponíveis na TV por assinatura, on demand e streaming,além dos cinemas que menos acessíveis. Mas, além disso, a gente sabe que as mulheres até pouco tempo estavam também excluídas da produção desse conteúdo. Não se via mulheres roteiristas, diretoras, não havia espaço para elas nesse lugar ativo da criação. Muito menos as mulheres negras. A situação vem mudando, as mulheres vêm ocupando cada vez mais espaços – e o canal há muito tempo vem buscando dar voz às mulheres, em mostras, séries e filmes. Mas ainda temos um longo caminho pela frente. Temos que buscar diversificar as vozes e os olhares de quem cria esses conteúdos – e isso nos leva também na diversificação de quem aprova os projetos que serão incentivados – e com certeza isso nos levará a atingir um público mais diverso também. Eu quero ver o que outras mulheres estão pensando e criando", argumenta a gerente de marketing. 

Consumo de conteúdo nacional em alta 

Conforme citado acima, 82% de todos os entrevistados consomem frequentemente filmes e séries nacionais – um número alto. E para o Canal Brasil, a tendência é de crescimento. "A produção brasileira vive um importante momento de retomada, onde iniciativas estão sendo implementadas para estimular o crescimento do setor. Cada vez mais o conteúdo produzido aqui é reconhecido e premiado internacionalmente. Acredito que, apesar dos desafios que temos pela frente, temos um potencial enorme de produções de excelência, além de achar que o caminho de inclusão e diversificação dos olhares criativos trará ainda mais riqueza para a nossa produção audiovisual", diz Camila. 

Relação entre cinema e questões sociais 

Segundo o estudo, a maneira como os brasileiros se relacionam com produções audiovisuais parece influenciar também seu olhar para o país e temas atuais de cunho social. Entre esses tópicos mais sensíveis e valorizados, a preservação do meio ambiente e a redução da desigualdade social ganham destaque, tanto em importância quanto em sensibilidade: 74% se importam com a preservação do meio ambiente e 57% se sensibilizam com o tema; e 73% se importam com a redução da desigualdade social e 61% se sensibilizam com o tema. 

"Acho que como o cinema brasileiro historicamente levantou temas atuais e questões sociais, acaba que quem é impactado por esses conteúdos tem essa preocupação e quer debater sobre esses temas", pontua Camila. 

Principais insights 

"Esse foi um estudo super rico, mas eu destacaria dois pontos: a necessidade de aumentarmos o alcance das produções brasileiras, que ainda está muito restrito, e o potencial de crescimento do setor, demostrado no quanto a nossa produção é bem conceituada entre o público brasileiro. O quanto as pessoas consomem, gostam de 'se ver' nas telas – e querem esse conteúdo brasileiro na hora de assinar tv ou streaming – e valorizam os atores e as produções feitas por brasileiros", enfatiza. "Os dados reafirmaram o quanto o conteúdo brasileiro é potente, valorizado e promissor, e há mais de 20 anos nosso propósito é exibir, produzir e disseminar esse conteúdo, que nos emociona, transforma, diverte. Seguimos firmes junto do cinema e da produção brasileira, afinal, sempre fomos a casa do cinema brasileiro", conclui Camila. 

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