O maior desafio para a convergência será desenvolver um trabalho conjunto entre os setores telecomunicações e o de radiodifusão. A opinião é do consultor e ex-presidente da Anatel, Renato Guerreiro, que apresentou um estudo sobre o tema durante a Futurecom. ?Não dá para desenvolver o trabalho com um desses setores apartado do processo. O conteúdo precisa ser trazido para dentro? das telecomunicações. Segundo ele, cresce a importância do conteúdo nos serviços de telecom e daí a necessidade da radiodifusão, que detém o know-how da produção de conteúdo no País.
Mas para o consultor jurídico da diretoria de relações institucionais das Organizações Globo, José Francisco de Araújo Lima, a convergência deve ser acompanhada da proteção ao conteúdo nacional. ?Não temos nada contra o conteúdo estrangeiro, mas o conteúdo nacional precisava ser protegido na elaboração da Constituição, e o estudo precisa focar um pouco mais nessa proteção, como todos os outros países fazem?, comenta.
A preocupação dos radiodifusores, de acordo com Araújo Lima, é proteger o conteúdo nacional com o surgimento das novas plataformas controladas pelo capital estrangeiro. ?Nós não temos nada a ver com a convergência. Não podemos fazer triple play. Não há concorrência com as operadoras de telecomunicações. O que não queremos é que as teles invadam a nossa área sem regras?, pontua o consultor jurídico.
Digitalização
O executivo disse que espera que o ministro das Comunicações, Hélio Costa, acelere a proposta de digitalização da televisão, porque o modelo de TV no Brasil é o único no mundo que atribui tanto valor ao conteúdo nacional. Segundo ele, 70% da audiência das TVs por assinatura provêm da televisão brasileira. "O conteúdo nacional pode dar um salto qualitativo e quantitativo se pudermos oferecer novas plataformas", opinou. "Existe um parque de celulares para se transformar em transmissores de nosso conteúdo."