"Abe", de Fernando Grostein, tem ator de "Stranger Things" e Seu Jorge no elenco

O cineasta Fernando Grostein exibe na 43ª Mostra de Cinema de São Paulo o longa-metragem "Abe", produção da Spray Filmes e Gullane Entretenimento. A comédia dramática acompanha Abe (Noah Schnapp), um garoto de 12 anos que tem mãe israelense e pai palestino. Explorando as ruas do Brooklyn, em Nova York, ele conhece Chico (Seu Jorge), um chef brasileiro que decide ensiná-lo a cozinhar. Abe, então, planeja uma refeição de Dia de Ação de Graças, na esperança de unir a família. A obra, que foi exibida em sessão especial no Theatro Municipal de São Paulo no último sábado, terá apresentação ainda no domingo, 27, às 18h30, no Cinearte. 

Em painel do Fórum da Mostra nesta quinta, 24 de outubro, Grostein falou do filme que está lançando e também relembrou sua trajetória no cinema, que começou no Brasil e, hoje, se desenvolve nos Estados Unidos. Sobre a escolha de fazer um longa brasileiro, mas falado em inglês, o diretor discorre: "No Brasil, a gente é acostumado é ler legenda, mas fora daqui o público não tem essa habilidade, não é natural pra eles. Quando visamos o lançamento global, há muito mais espaço quando o filme é falado em inglês. O 'Abe' será exibido no Japão, Coreia, Taiwan, Estados Unidos entre outros, com destaque para China, onde vamos ocupar nove mil salas. Grostein ainda garante: "Não é porque o filme não é falado em português que ele não é brasileiro. Essa característica aparece na história". 

O protagonista de "Abe" é o ator mirim Noah Schnapp, que ficou conhecido especialmente por seu trabalho em "Stranger Things", da Netflix. "Óbvio que fui atrás de nomes conhecidos. Fiz uma pesquisa extensa sobre as crianças mais populares nos Estados Unidos, em termos de fãs e seguidores. Mas não foi só isso. O Noah foi extremamente bem no teste e durante as gravações também. Ele tinha 90% das falas do filme e mesmo assim não deu uma frase errada. Ele tem talento e já traça uma trajetória relevante", justifica. 

Para o diretor, a tecnologia a qual hoje temos acesso beneficia muito o setor. "Conseguimos falar diretamente com o nosso público. Eu por exemplo tenho meu próprio canal do YouTube, que lancei para criar minha própria comunidade, reunir quem acompanha meu trabalho. Publiquei ali materiais de bastidores do 'Abe' e também do meu processo criativo", conta. "Depois de um certo trabalho para convencer minha equipe, eles concordaram em lançar um perfil no Instagram do filme já durante as filmagens. Isso também ajuda a já criar uma comunidade em torno dele", ressalta. 

Por fim, Grostein faz uma observação a respeito do cinema brasileiro. "Aqui, o jeito de trabalhar é mais amável, simpático e caloroso. Mas, às vezes, se confunde com falta de profissionalismo. Muita gente monta equipe com amigos, quer ganhar as coisas na base do conchavo e simpatia. O atraso é normal, as reuniões são longas, os e-mails são extensos. Eu amo a indústria brasileira e a liberdade autoral que temos aqui. Fazemos coisas incríveis e únicas. Mas é diferente. Se a gente quer melhorar a indústria, não podemos ter medo de ser críticos". 

Nascido em São Paulo, Fernando Grostein Andrade dirigiu o curta-metragem "De Morango" (2005) e os documentários "Coração Vagabundo" (2008) e "Quebrando o Tabu" (2011). Também assinou a direção do longa de ficção "Na Quebrada" (2014) e é um dos criadores da série de TV "Carcereiros". Na 43ª Mostra, ele também exibe o documentário "Encarcerados". 

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