O documentário "Fico te devendo uma carta sobre o Brasil" será o representante brasileiro na 32ª edição do IDFA – Festival Internacional de Documentários de Amsterdã, que é o principal festival do mundo dedicado ao gênero. O evento acontece entre os dias 20 de novembro e 1º de dezembro em Amsterdã, Holanda.
No festival, "Fico te devendo uma carta sobre o Brasil", produção da Daza Filmes com coprodução com o Canal Brasil, VideoFilmes e Muiraquitã Filmes, terá exibições nos dias 24, 26, 28 e 30 de novembro, concorrendo na categoria Best First Appearance, que é dedicada aos estreantes. O filme também foi selecionado para competir na categoria de melhor uso de material de arquivo, a Competition for best use of archive material.
Em sua primeira direção de longas-metragens, a cineasta Carol Benjamin revela a história das três gerações de sua família, atravessada pela Ditadura Militar que se instalou no Brasil entre 1964 e 1985. Seu pai, César Benjamin, foi preso ilegalmente aos 17 anos, em 1971, e permaneceu como preso político por cinco anos, ficando três anos e meio desse período em uma cela solitária. A prisão e tortura do filho mais novo transformou a dona de casa Iramaya Benjamin, avó da diretora, em uma militante pela anistia. A luta e a dor de ambos sempre foram, no entanto, pouco ou nada faladas em família. Ao mergulhar em uma história pessoal e a entrelaçar com a história do país – entre passado e presente – o filme investiga a persistência desse silêncio como ferramenta de apagamento da memória.
Para resgatar a história do pai, a diretora inicia o filme em Estocolmo, Suécia, onde Benjamin ficou exilado por dois anos após sair da prisão. É lá também que ela reencontra Marianne Eyre, membro da Anistia Internacional desde 1966, com quem Iramaya trocava cartas regularmente e de quem se tornou amiga. O filme, narrado pela própria Carol Benjamin, é entremeado pelas leituras dessas cartas, depoimentos de Iramaya, fotografias e imagens raras de arquivo.
